
Os dois aeroportos de Belo Horizonte vivem realidades avessas. Enquanto as obras para amplia��o de Confins (Aeroporto Internacional Tancredo Neves) decolam, e, at� dezembro, v�o permitir dobrar a capacidade de opera��o, o terminal de Pampulha (Aeroporto Carlos Drummond de Andrade) opera subutilizado, vazio, com pouqu�ssimos voos e em nada lembra o movimento do passado, quando recebia grandes aeronaves, como os boeing 737 e 727, e abrigava as maiores companhias a�reas do pa�s.
“Cemit�rio � noite, escola em dia de f�rias e bar fechando t�m mais movimento que esse aeroporto. Ai de mim se dependesse s� daqui para viver, e n�o vendesse p�o de queijo durante o dia”, suspira o carregador de malas Amaral Andrade, h� 15 anos trabalhando nos arredores do terminal. “Fim de linha. Vai fechar at� o fim do ano”, lamentam alguns taxistas que na falta de clientes passam o tempo fazendo proje��es para o futuro no terminal. “Vai melhorar, novos voos v�o chegar depois das olimp�adas”, � a esperan�a de um comerciante.
Ao mesmo tempo, 1,1 mil trabalhadores garantem o cronograma das obras de Confins no prazo e quem vai ao aeroporto percebe constantes mudan�as, novas lojas, salas de embarque, reformas dos velhos banheiros, maior �rea para circula��o. O panorama n�o � parecido na Pampulha. Longe dos 3 milh�es de passageiros de 2002, no ano passado o movimento despencou 24,6% frente ao ano anterior, alcan�ando 712,5 mil passageiros. Neste ano, de janeiro a maio, n�o passou de 157,8 mil.

Depois da sa�da da companhia Azul, o cen�rio piorou, o fraco movimento de passageiros minguou 60%. Na �poca da retirada, a companhia apontou o cen�rio econ�mico como justificativa. H� 15 dias sem ponto de venda para comprar caf� ou �gua, passageiros que desciam no terminal de Pampulha tinham que se contentar com os bebedouros. Diante da baix�ssima demanda, todo o com�rcio fechou.
Aposta
H� uma semana Bruno Louren�o, de 30 anos, como ele mesmo conta, decidiu se lan�ar em uma aventura e abrir a �nica cafeteria do terminal da Pampulha. Al�m dele, uma solit�ria m�quina de autoatendimento vende rosas a partir de R$ 9,99. Bruno mant�m a esperan�a de que o aeroporto v� retomar. Seu Aero Coffee � um dos �ltimos sinais de vida no terminal, onde operam apenas duas companhias para voos regionais, Flyways e Passaredo. “Esperamos que as obras de drenagem sejam feitas pelo poder p�blico. Quando chove a entrada do aeroporto fica toda alagada, molhando os eletrodom�sticos”, comenta.
J� em Confins, apesar da crise, que provocou redu��o de 20% das vendas em lojas do terminal, e leva o consumidor a pechinchar mais, Gabriel Queir�z, gerente da Arte Minas, instalada no Terminal1, projeta crescimento de 18% nas f�rias. “Julho � o melhor m�s para n�s.” Segundo ele, as obras trazem transtorno da poeira e do barulho, mas devem melhorar o fluxo de passageiros e os neg�cios. A fam�lia de Gabriel tem quatro pontos comerciais no aeroporto e a Arte Minas vai compor um espa�o dedicado aos produtos mineiros.
No aeroporto da Pampulha, Bruno Louren�o, enfrenta a baixa demanda interna e tenta atrair o p�blico trabalhador do entorno. “Quando h� cancelamentos de voos, como ocorreu essa semana, o movimento aqui piora demais”, lamenta. No momento, a maior aeronave a operar no terminal � o ATR-72, com capacidade m�xima para 72 passageiros.
Em Confins, o diretor-presidente da concession�ria BH-Airport, Paulo Rangel, diz que a despeito da crise que reduziu o n�mero de voos dos brasileiros, o aeroporto quer aumentar o volume de decolagens e fazer a receita girar. “A creditamos no crescimento da demanda e por isso fazemos um investimento t�o alto.”
Destino incerto para decolagens

� reportagem do Estado de Minas, a companhia Azul respondeu, sobre seu interesse em voltar a operar linhas no terminal da Pampulha, que sempre estuda a possibilidade de retomada de rotas em aeroportos onde j� operou. No entanto, para este ano, diz n�o haver previs�o de retomar atividades no aeroporto. A Latam Airlines (TAM) informou neste momento n�o prev� voos pelo terminal da Pampulha. A Gol disse, em nota, que no passado solicitou autoriza��o para operar voos regulares na Pampulha, por�m o aeroporto n�o est� homologado para realizar pousos e decolagens de avi�es a jato. A companhia mant�m a inten��o de operar no aeroporto, embora a Ag�ncia Nacional de Avia��o Civil (Anac) tenha informado que, no momento, n�o h� nenhum pedido em an�lise para opera��o de jatos no terminal da Pampulha.
Enquanto o destino do aeroporto n�o se resolve, Amaral Andrade, que h� 15 anos trabalha nos arredores do terminal como ajudante de taxistas e carregador de malas, revela o seu des�nimo. Ele diz que, neste ano, seus rendimentos ca�ram 70% e calcula que nos �ltimos dois anos mais de 100 pessoas deixaram de trabalhar no terminal. “N�o tem movimento no aeroporto. Acabou.”
Trabalhando como taxista h� 40 anos, Ant�nio Bragan�a, de 63, conheceu a boa fase do terminal da Pampulha. “Agora, esse terminal vive de algumas maresias”, diz ele, referindo-se a movimentos isolados, empurrados por voos fretados e avia��o executiva. Do outro lado da cidade, no Aeroporto Internacional de Belo Horizonte, 6 mil trabalhadores integram a for�a motora das opera��es aeroportu�rias, o que inclui desde o pessoal das companhias a�reas aos empregados das empresas prestadoras de servi�os de alimenta��o, contingente que corresponde � popula��o de um pequeno munic�pio, como Confins.
