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Estado de Minas

Economia criativa se consolida como alternativa de renda em tempo de desemprego


postado em 27/11/2016 06:00 / atualizado em 27/11/2016 07:48


Bras�lia
– Em uma sociedade onde as cadeias produtivas tradicionais est�o se deteriorando diante das inova��es tecnol�gicas da era digital e na qual as pessoas buscam qualidade de vida e a realiza��o de sonhos, a economia criativa e colaborativa se consolida como uma op��o segura para enfrentar os novos tempos. N�o importa se o compartilhamento parte da uni�o de talentos com foco em um mesmo setor ou de um ambiente capaz de abrigar diversas manifesta��es criativas, ou, ainda, da colabora��o espont�nea para o financiamento de ideias, o fato � que todos os caminhos levam ao coletivo para driblar o aumento do desemprego e o desmonte do modelo convencional de trabalho.


N�o � toa, o mercado da ind�stria criativa cresceu 90% entre 2004 e 2013, com quase 1 milh�o de profissionais formais, de acordo com dados do Mapeamento da Ind�stria Criativa no Brasil, da Federa��o das Ind�strias do Rio de Janeiro (Firjan). Apesar disso, no pa�s, o conceito de economia criativa ainda est� sendo formado e representa uma mudan�a radical da cultura industrial fordista, explica a ex-secret�ria de Economia Criativa do Minist�rio da Cultura (MinC) Claudia Leit�o, professora da Universidade Federal do Cear� (UFCE). “O trabalho est� se transformando. As pessoas n�o priorizam mais carteira assinada ou o servi�o p�blico. Est�o percebendo que � poss�vel ser feliz fazendo o que gostam, empreendendo, desenvolvendo um setor”, diz.

Num primeiro momento, o impulso parte daqueles que se aposentam e abrem neg�cios que foram sonhos de inf�ncia ou de funcion�rios que aderem a planos de demiss�o incentivada e investem no que os faz felizes, ou mesmo de quem perde o emprego e precisa buscar novas fontes de renda. “Agora, j� � uma tend�ncia, uma escolha de vida trabalhar com o que faz melhor, agregar valor a uma produ��o diferenciada. Na verdade, esses setores criativos sempre existiram – alimentos, artes, cultura, moda, design, tecnologia. Nada � novo, mas eles demonstram ao longo das crises econ�micas que s�o mais resistentes do que os tradicionais”, aponta Claudia.

Essa mudan�a de paradigma foi o que impulsionou o artista Anderson Formiga a montar um coletivo cultural. “Quando sa� do governo, voltei para o mercado de produ��o cultural. Numa conversa com um amigo percebi que a gente estava afinado, que identificava os mesmos problemas na �rea cultural. Foi quando resolvemos reunir v�rios profissionais do setor, cada um com sua compet�ncia em cada segmento, num espa�o �nico”, conta. Refer�ncia em arte popular, Anderson convidou Karita Pascollato, especialista em teatro, m�sica e elabora��o de projetos, para compor o coletivo. Surgia o Desenrola Servi�os Culturais, que, al�m dos dois conta com Gustavo Vidigal, gestor cultural e pesquisador, Camila Portela, advogada especialista em processos culturais, o m�sico Lucas Formiga, o diretor de teatro e acad�mico de artes c�nicas Cl�ber Lopes, e o diretor de fotografia Alex de Oliveira, ligado � �rea audiovisual. O objetivo desta equipe, Anderson resume bem: “Transformar a cidade por meio da arte, gerando renda e felicidade”.

Karita explica que a diminui��o de custos com a estrutura do escrit�rio foi relevante inicialmente. O mais prof�cuo, no entanto, completa, � a colabora��o de todos. “A gente desenvolve projetos para outras pessoas, mas quando estamos reunidos as ideias se multiplicam”, afirma.

Efeito catalisador

O conceito de coletivo n�o � novo, mas foi catalisado pelas tecnologias digitais, explica a professora da Funda��o Getulio Vargas (FGV/SP) Ana Carla Fonseca, diretora da Garimpo de Solu��es, empresa privada pioneira em economia criativa, com 13 anos de trabalho em 172 cidades de 30 pa�ses. A especialista explica que prefere o termo compartilhado a colaborativo. “Colabora��o remete a sem fins lucrativos e nem sempre � o caso”, ressalta.

A economia compartilhada, acrescenta Ana Carla, se beneficia das tecnologias digitais ao aproximar oferta e demanda sem a necessidade dos usuais gargalos de distribui��o, facilitando a circula��o das informa��es, como neg�cios como Uber e Airbnb. “No caso da economia criativa, o estopim foram as tecnologias digitais, que elevaram a globaliza��o e a concorr�ncia a n�veis in�ditos, abrindo um novo leque de possibilidades”, conta.


A professora destaca que as marcas mais valiosas do mundo lidam com as grandes formas de express�o da criatividade humana: ci�ncia e tecnologia (Apple, Samsung) e cultura e a capacidade de criar narrativas (Disney, Coca-Cola). “A economia criativa contempla os produtos e servi�os que se baseiam no talento criativo para oferecer diferencia��o e valor agregado”, ensina.

Ter uma grande ideia, no entanto, n�o significa conseguir viabiliz�-la das formas convencionais. “O potencial desses novos setores � muito grande, mas n�o h� financiamento tradicional para esse nicho”, alerta Claudia Leit�o, da UFCE. Para suprir essa car�ncia, surge tamb�m uma nova forma de colabora��o. O chamado crowdfunding, que nada mais � do que as pessoas apostarem em projetos e o financiarem por meio de uma plataforma digital.
A ang�stia de ver projetos brilhantes n�o sa�rem do papel provocou o empreendedorismo social em Candice Pascoal, fundadora e presidente da Kickante, plataforma de financiamento coletivo. Operando h� tr�s anos, a empresa j� catapultou mais de 25 mil campanhas e arrecadou R$ 28 milh�es. “Eu tinha visto crowdfunding nos Estados Unidos e Europa e decidi trazer para o Brasil. O financiamento coletivo est� apenas come�ando no pa�s”, afirma.

At� hoje, mais de 700 mil brasileiros se engajaram apoiando projetos. “Isso � incr�vel para a cidadania do pa�s. S�o milh�es de pessoas que precisam e outros tantos dispostos a ajudar”, comemora Candice. O crescimento do neg�cio da Kickante, que triplica a cada ano, mostra que h� demanda e tamb�m disposi��o em colaborar. “Temos pessoas que j� investiram em 70, 80 projetos”, conta.

A Kickante tem dois tipos de campanhas. Na Tudo ou nada, o empreendedor s� leva o valor arrecadado se alcan�ar sua meta, sen�o o dinheiro � devolvido aos colaboradores. A empresa s� cobra a taxa de 12% se o objetivo for alcan�ado. Na campanha Flex�vel, � poss�vel ficar com a arrecada��o independentemente de ter atingido a meta. O que muda � a taxa da Kickante, que aumenta para 17,5% se o valor estipulado n�o for alcan�ado.

“Os projetos s�o na �rea de empreendedorismo, mas tem de tudo, os brasileiros s�o muito criativos. Infelizmente, n�o temos no pa�s a quantidade de apoio necess�rio para tirar todos os projetos do papel”, assinala Candice. Uma das maiores arrecada��es via Kickante foi para o projeto Rancho dos Gnomos, uma institui��o pequena para abrigar animais. “Foi mais de R$ 1 milh�o, 100% for�a do coletivo”, celebra a presidente da companhia. As categorias com maior arrecada��o em 2015 foram ONGs, m�sica, literatura e meio ambiente. J� os setores com maior n�mero de campanhas no ano passado foram educa��o, pequenos neg�cios, sa�de e bem-estar.


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