
Uma infinidade de bijuterias feitas em couro s�o encontradas na banca do artes�o Carlos Lopes a partir de R$ 5. Para enfrentar a crise e o desemprego de seus clientes, Carlos, que est� h� 40 anos no ramo, decidiu reduzir os pre�os pela metade. Sem acreditar que as vendas deste dezembro v�o recuperar as perdas acumuladas durante o ano, os artes�os que exp�em suas mercadorias na tradicional feira da Afonso Pena, no Centro de Belo Horizonte, decidiram investir no Natal barato. N�o faltam op��es que ficam dentro do gasto m�dio estimado dos brasileiros para este ano com os presentes, de R$ 109,81, segundo c�lculos da Confedera��o Nacional dos Dirigentes Lojistas (CNDL).
No or�amento, cabem pelo menos dois sacos de presentes para o Natal que o Estado de Minas apre�ou: um chinelo com tiras bordadas, uma sand�lia rasteirinha, um sapato feminino em couro e uma bijuteria por R$ 100 ao todo; e outra op��o por R$ 103, incluindo uma toalha infantil bordada, duas camisetas, uma capa infantil, uma �rvore de Natal e um Menino Jesus.

Nos corredores da feira, onde dividem espa�o mais de 2 mil expositores de produtos destinados a todas as faixas et�rias, h� itens com pre�os que dificilmente se acreditaria serem suficientes para cobrir os custos de produ��o, como cintos vendidos a R$ 5, sand�lias por R$ 10 e R$ 18, camisas com estampas de personagens da Liga da Justi�a a R$ 15. Na etiqueta, l�-se 100% algod�o. Toalhinhas bordadas s�o vendidas a R$ 10, brincos e pulseiras podem ser encontrados a partir de R$ 10, namoradeiras de janelas com olhar l�nguido e roupas coloridas s�o ofereciadas a R$ 110. H� camisas com estampas bem desenhadas de astros do rock vendidas por R$ 35 e sapatos em couro com design da moda por exatos R$ 109. O Menino Jesus em bercinho de madeira e capim come�a a ser vendido a R$ 15.
Pesquisa do Servi�o de Prote��o ao Cr�dito (SPC Brasil) e da CNDL revela que, neste ano, se confirmado, o valor m�dio de presentes de R$ 109,81 no com�rcio brasileiro dever� representar queda de 5,3% frente ao ano passado, o que justifica a apreens�o dos vendedores. Na feira da Avenida Afonso Pena, os artes�os apostam num t�quete m�dio de compras que n�o deve ultrapassar R$ 100. “A crise foi t�o forte que para vender alguma coisa reduzi os pre�os dos meus produtos em 50% e, no mais, estou meditando bastante para n�o tomar decis�es erradas, o que � f�cil de acontecer em um pa�s como o nosso”, desabafa o artes�o Carlos Lopes, de 51 anos.

Comparando demais os pre�os, cortando na quantidade de presentes e reduzindo sem folga o custo da lista, aos poucos os consumidores a chegar para fazer suas compras de Natal. H� muitas queixas dos artes�os, mas para os clientes existem oportunidades. A assistente social Luciana Couri conta que ela e a filha Maria Clara, 6 anos, s�o frequentadoras ass�duas da feira e j� compraram metade dos presentes para a festa cat�lica.
ANTECED�NCIA Observadora, Luciana afirma que n�o reparou alta de pre�os nas bancas da feira de artesanato como em outros pontos do com�rcio. “Acho que aqui os pre�os est�o justos, bem honestos”, defendeu. Ela explica que neste ano, para ajustar seu or�amento aos gastos de fim de ano, est� focando suas compras apenas na fam�lia. Neste ano n�o vai presentear, por exemplo, amigos e nem colegas de trabalho. Fazendo assim, garante investimento para o per�odo das f�rias.
Passeando pela feira de artesanato, com roupas e acess�rios bem escolhidos no local, Luciana vai terminar suas compras de Natal com anteced�ncia, provavelmente no pr�ximo domingo. “Estipulei valor at� R$ 50 para os presentes de sobrinhos e parentes.” J� para os pais, a assistente social pretende gastar at� R$ 200. “Aqui na feira � bem variado, d� para comprar um presente por R$ 35, como uma roupa, ou um quadro de R$ 300, dividido em parcelas”, observa.
Consumidor reduz lista de presentes
Geraldo Carlos de Oliveira vende pe�as de cer�mica, pres�pios e esculturas. Ele aposta na recupera��o do com�rcio em 2017, j� que, para ele, a economia bateu no fundo do po�o. Neste ano, Geraldo calcula queda de 30% das vendas do Natal em rela��o a 2015. Com base no que j� observou at� agora, os consumidores est�o procurando presentes de Natal a pre�os variando entre R$ 30 e R$ 50, em m�dia. O principal impacto da crise em seu neg�cio foi o sumi�o do atacado. “Hoje as vendas acontecem no varejo, ningu�m mais compra quantidades como antes.”
Com o filho Rafael, o mec�nico industrial S�rgio Gomes foi � feira comprar parte do enxoval de seu novo beb�, que nasce em 2017. Ele pagou R$ 150 pelo conjunto de pe�as que acompanham o ber�o. S�rgio diz que vai come�ar suas compras de Natal mais pr�ximo da data e que neste ano, vai reduzir o n�mero de presentes e privilegiar as crian�as. Ele dever� gastar, em m�dia, R$ 80 por presente. “No ano passado, a gente tinha mais confian�a no emprego,” observou.
Mar�lia Silva, 30 anos, � fabricante de sapatos da marca Lila Shoes. Ela trabalha junto com Neuza Andrade, que est� na feira h� 40 anos, com seus tradicionais cal�ados femininos em couro. Mar�lia explica que o ano de 2016 foi de expectativas de vendas que n�o se concretizaram, data ap�s data. Para o Natal, os sapatos mais procurados pelo consumidor s�o aqueles oferecidos a pre�os que v�o de R$ 69 a R$ 109, exatamente dentro do pre�o m�dio previsto pela pesquisa da CNDL.

