Um v�rus transmitido pelo inseto tripes est�, literalmente, virando a cabe�a de agricultores do maior cintur�o produtor de alface da regi�o metropolitana de Belo Horizonte. Lavouras do munic�pio de M�rio Campos, a 42 quil�metros da capital, est�o sendo destru�das pelo v�rus vira-cabe�a. As perdas na cultura superam os 80% em algumas propriedades. A dificuldade de combater a doen�a j� levou produtores a abandonar o plantio da verdura e a buscar alface fora de Minas Gerais. As proje��es apontam que o vira-cabe�a dever� elevar o pre�o do produto no in�cio do ano. De acordo com a Empresa de Assist�ncia T�cnica e Extens�o Rural do Estado de Minas Gerais (Emater-MG), M�rio Campos responde por 30% do abastecimento de alface da Grande BH e, pelas proje��es da empresa, houve perda de 40% na produ��o do munic�pio.
Agricultores nunca viram tantos danos
As perdas provocadas pelo v�rus microsc�pico causaram um rombo de R$ 300 mil no bolso do agricultor Genaro Damasceno, de 47 anos. Produtor de M�rio Campos, ele teve uma perda de mais de 80% da produ��o e desde o ano passado luta para se livrar do inseto tripes, transmissor do vira-cabe�a. Em 30 anos no ramo, o agricultor nunca viu problema t�o grave. “Produzia 3 mil caixas de alface por m�s. Agora, minha colheita foi reduzida para para 500 caixas”, conta.
Como alternativa para n�o deixar de atender seus clientes, Damasceno tem buscado o produto em S�o Paulo e no Rio de Janeiro. Sem sucesso com o uso de inseticida, ele deposita as esperan�as na chuva. “Tomara que a chuva acabe com isso. � uma doen�a antiga, mas com a falta de chuva desenvolveu muito, o inseto ficou resistente e afetou muito a lavoura”, diz. Segundo o produtor, a caixa de alface na regi�o subiu de R$ 15 para R$ 30. “Mas esse pre�o n�o paga a produ��o”, afirma.
Por causa da doen�a transmitida pelo tripes, h� tr�s meses, o agricultor Anderson Meireles Maia, de 45, parou de cultivar alface. “De dois anos para c�, s� me dava preju�zo. Plantava e n�o colhia”, afirma o agricultor, assustado com o impacto na lavoura. Na planta��o, agora, predomina cebolinha, salsinha, couve e br�colis. “Parei com alface por um tempo. Vamos ver se as coisas v�o mudar e se tem um modo de combater o tripes com efici�ncia”, conta. Ele tamb�m tem comprado alface em S�o Paulo e revendido em Minas. “A alface crespa j� passou de R$ 0,50 para R$ 1. Acho que, em janeiro, quando diminuir a produ��o em S�o Paulo, vai custar de R$ 2 a R$ 3”, diz.
Tamb�m produtor rural de M�rio Campos, Alexandre Vagner de Freitas, de 40, foi outro vencido pelo “vira-cabe�a”. A produ��o foi substitu�da por br�colis ninja e chuchu. “Ele (o v�rus) virou minha cabe�a e de muita gente. Acabou com tudo”, diz. A produ��o da verdura est� parada desde o ano passado. “Fui em palestra, tentei rem�dio, mas plantava para colher 100 caixas e colhia 15. Vendia caro e mesmo assim n�o dava lucro”, reclama.
CONTROLE Desde 2014, a Emater-MG tem tentado auxiliar os produtores rurais no combate ao tripes. A doen�a atinge todos os tipos de alface e leva a planta a apresentar manchas escuras. O v�rus tamb�m provoca distor��o do p� e causa tamb�m, em alguns casos, a interrup��o do crescimento da planta. A orienta��o � eliminar as plantas doentes imediatamente, assim como o mato e ervas daninhas ao redor das plantas. Em �ltimo caso, adota-se o inseticida para controlar o mosquito.
“O importante � eliminar as lavouras antigas. Porque se tem uma planta doente e tem o tripes, a doen�a vai eclodir. O policultivo (mesclar a produ��o de alface com outras culturas) tamb�m � fundamental”, afirma o coordenador t�cnico estadual de Holericultura da Emater-MG, Georgeton Silveira. Ele tamb�m recomenda a produ��o de mudas em viveiros com tela. Segundo o especialista, a doen�a atinge o sistema vascular da planta, que n�o consegue distribuir a seiva. Ele atribui o aumento da doen�a ao tempo seco, favor�vel ao desenvolvimento do tripes.