Quando as chuvas chegam, logo invadem as cal�adas e arrebentam o asfalto em torno das f�bricas do distrito industrial de Juiz de Fora, na Zona da Mata mineira, erguido cerca de 45 anos atr�s com rede de drenagem que se tornou insuficiente para os novos tempos. Distante mais de 450 quil�metros, em Governador Valadares, no Leste de Minas, o tr�nsito frequente de caminh�es na �rea destinada � produ��o das ind�strias locais divide o arriscado espa�o com as crian�as de duas escolas abrigadas, curiosamente, em meio �s instala��es de uma centena e meia de empresas.
Os pr�prios empres�rios elegeram as prioridades para corrigir as defici�ncias que interferem na produ��o, envolvendo desde a regulariza��o e libera��o de �reas invadidas � revitaliza��o e amplia��o da oferta de insumos como energia e acesso � internet, recapeamento de ruas, melhorias no sistema de seguran�a e a simples sinaliza��o, muitas vezes inexistente. As mudan�as come�am a surgir quase um ano depois do completo mapeamento de 17 distritos industriais que inauguram o programa e t�m recursos reservados pela Codemig no valor de R$ 30 milh�es para contemplar as �reas eleitas como priorit�rias.
A recupera��o e moderniza��o dos distritos industriais, prevista no Programa de Revitaliza��o e Moderniza��o de Distritos Industriais, contempla o esfor�o que o estado e entidades representantes das empresas est�o empreendendo para ajudar investidores � procura de local para investir na produ��o. “Hoje, entendemos que essas �reas – s�o 53 os distritos industriais erguidos desde a d�cada de 40 no estado e hoje sob a responsabilidade da Codemig – precisam de moderniza��o para atrair novos parceiros”, afirma Fernanda Machado, diretora de fomento � ind�stria criativa da Codemig.
As iniciativas tratam, inclusive, de estruturar sistema de governan�a nos distritos industriais revitalizados, dentro de um novo conceito adotado para essas �reas. A ideia � estimular a uni�o dos empreendedores n�o s� na resolu��o de problemas, como tamb�m visando ao bem que o cooperativismo e o associativismo podem fazer aos neg�cios, seja em per�odos de crise, seja nos de bonan�a. “Num distrito industrial integrado e com ambiente organizacional bem-estruturado, fica mais f�cil atrair investimentos. Durante muito tempo, os distritos industriais foram tratados como loteamentos e hoje o conceito deles � o de condom�nios industriais competitivos”, diz Fernanda.
No pelot�o de frente das �reas que ser�o revitalizadas est�o 17 distritos industriais de 15 munic�pios: Belo Horizonte (distrito do Jatob�), Contagem, Betim, Divin�polis, Governador Valadares, Ipatinga, Ituiutaba, Juiz de Fora, Montes Claros, Pouso Alegre, Sete Lagoas, Uberaba, Uberl�ndia, Araguari e Arax�. Uma das iniciativas j� encomendada pela Codemig � a nova sinaliza��o, que, em alguns casos, ser� a primeira, a cargo da Universidade Estadual de Minas Gerais (Uemg), por meio de conv�nio. Em cidades como Juiz de Fora, trafegar nesses espa�os pode ser complexo, j� que as ruas n�o t�m nome e nem h� faixas destinadas a pedestres.
Retirada de invasores Araguari, no Tri�ngulo Mineiro, deu o exemplo do que o esfor�o conjunto pode fazer para estruturar as �reas industriais e conquistar novos empreendimentos. O distrito do munic�pio acaba de ganhar uma esta��o de tratamento de efluentes e o servi�o de recapeamento de ruas. Outra frente de trabalho busca a regulariza��o de �reas abandonadas, alvo de a��es judiciais j� abertas para a retirada dos invasores, conta Mauro Cunha, diretor da Fiemg e presidente do Sindicato das Ind�strias de Alimenta��o de Araguari. Ele est� � frente de um grupo de empres�rios, representantes da prefeitura local, Codemig e do Minist�rio P�blico que se uniram para tentar resolver os problemas enfrentados pelas empresas.
“N�o podemos mais perder tempo. Demanda para novos investimentos existe”, diz Mauro Cunha. O trabalho conjunto n�o s� deu resultado como serve de modelo para um sistema eficiente de governan�a dos distritos industriais. Segundo Cunha, h� 38 pequenas e m�dias empresas com planos de investir no munic�pio, em diferentes fases. Algumas delas est�o providenciando a compra de �reas e outras j� injetam recursos no distrito industrial. Outro pleito encaminhado trata de um plano diretor com previs�o de novo espa�o para abrigar empresas em Araguari.
PRIORIDADES
O mapeamento encomendado pela Fiemg dos 53 distritos industriais administrados pela Codemig em Minas, que re�nem mais de 7,4 mil empresas de acordo com a entidade empresarial, indicou pelo menos quatro prioridades de corre��o da perda de caracter�sticas dessas �reas ao longo do tempo. A regulariza��o dos terrenos, parte deles invadidos ou no abandono, foi citada como a primeira necessidade dentro da proposta de revitaliza��o dos distritos. Em seguida, aparecem medidas para melhorar os sistemas de seguran�a, incluindo a intera��o com a Pol�cia Militar e o Corpo de Bombeiros, e a infraestrutura de servi�os p�blicos, como energia e rede de telecomunica��es capaz de dar acesso a uma internet veloz. A adequa��o do licenciamento ambiental ficou na quarta posi��o entre as prioridades.
DO QUE ELES PRECISAM
Medidas priorit�rias indicadas pelos empres�rios
4 Regulariza��o de terrenos, frequentemente invadidos ou ocupados por atividades de outros segmentos al�m da ind�stria que n�o complementam a produ��o do setor
4 Melhorar a seguran�a, por meio de intera��o das empresas com a Pol�cia Militar e o Corpo de Bombeiros
4 Recuperar e melhorar a infraestrutura de redes de energia e telecomunica��es, particularmente para o acesso � internet
4 Solucionar problemas relacionados aos licenciamentos ambientais das �reas
Perfil
53 distritos industriais instalados no estado
7,4 mil empresas est�o abrigadas nessas �reas
Equipamentos de transporte
Produ��o de m�quinas e equipamentos em geral
Fabrica��o de produtos qu�micos
Produtos t�xteis
Produtos de madeira
Minerais n�o met�licos
M�quinas, aparelhos e materiais el�tricos
Produtos de metal
Produtos de celulose e papel
Fonte: Fiemg
Especula��o toma conta do mercado
Terrenos comprados 30 a 40 atr�s e hoje largados ao ac�mulo de lixo e mato ou ocupados por constru��es irregulares, fruto do crescimento desordenado das cidades, sustentam os pedidos dos industriais pela regulariza��o fundi�ria como ponto de partida do resgate dos distritos industriais. Em Juiz de Fora, na Zona da Mata mineira, o presidente regional da Fiemg, Francisco Campolina, conta mais de uma dezena de �reas com 15 a 30 mil metros quadrados nessa situa��o para as quais foi reivindicada a retomada pela Codemig. O que a cidade mais precisa, segundo o industrial, � de �reas para abrigar novos investimentos do setor.
“Pedimos a reintegra��o de �reas vendidas h� cerca de 40 anos a pessoas que assumiram o compromisso de implantar uma f�brica e n�o o fizeram. Elas est�o abandonadas, cheias de lixo e ratos ou permanecem nas m�os de terceiros s� para especula��o imobili�ria”, afirma. Instalado h� 45 anos, o distrito industrial do munic�pio tem quatro m�dulos, incluindo o distrito industrial 2, destinado e ocupado pela f�brica da marca Mercedes Benz.
Ao todo, cerca de 340 empresas atuam no distrito, sendo que o primeiro m�dulo e mais antigo � o que apresenta mais sintomas da deteriora��o da �rea. Depois do trabalho de diagn�stico das �reas, que se estendeu por um ano, algumas medidas s�o consideradas essenciais, a come�ar pela reconstru��o da rede de drenagem deficiente para escoar esgoto e as �guas pluviais.
O conjunto das obras de infraestrutura consideradas priorit�rias pelos empres�rios e j� apresentadas � Codemig est� or�ado em R$ 8 milh�es. Elas incluem a execu��o da rede de drenagem com transposi��o da via f�rrea no Bairro de Benfica, pavimenta��o asf�ltica do distrito indutrial 1, readequa��o do sistema de ilumina��o p�blica dos distritos 1,3 e 4; instala��o de sinaliza��o horizontal e vertical, com a denomina��o de logradouros p�blicos em todos os m�dulos; e a retomada judicial de terrenos pela Codemig.
Para as empresas do distrito industrial de Governador Valadares, no Leste de Minas, o dever de casa foi feito com o mapeamento dos problemas e o envolvimento no esfor�o de revitaliza��o. Agora, ver o in�cio de simples obras de limpeza e poda pela prefeitura municipal � sinal de que as mudan�as podem mesmo estar saindo do papel, reconhece a presidente da regional da Fiemg, Rozane Azevedo.
“Outra demanda � cuidar da seguran�a numa �rea em que trafegam muitas transportadoras. � preocupante ver o tr�nsito de caminh�es e a circula��o de crian�as de duas escolas n�o sabemos por que as instaladas no distrito industrial”, afirma. O diagn�stico feito no distrito industrial indicou, de acordo com Rozane, mais de 10 terrenos abandonados. A �rea abriga 150 empresas, que mant�m 5.500 empregos, incluindo n�o s� as atividades industriais como tamb�m instala��es de distribuidoras e atacadistas.