O cancelamento de cart�es de cr�dito, a op��o pelo pagamento � vista e a an�lise se a compra � realmente necess�ria s�o algumas medidas cada vez mais adotadas por quem enfrenta dificuldades para fechar as contas no fim do m�s. Em momento de retra��o econ�mica, com alto �ndice de desemprego e redu��o da renda, um levantamento da Confedera��o Nacional de Dirigente Lojistas (CNDL) aponta que os brasileiros est�o aprendendo valiosas li��es para sobreviver � crise.
Pensar bem antes de fazer uma compra � uma nova atitude adotada por 34% dos inadimplentes. Outros 27% entrevistados afirmaram que s� compram se podem fazer o pagamento � vista, 23% contaram que diante da situa��o de endividamento passaram a evitar usar o cart�o de cr�dito e 11% adotaram medidas mais dr�sticas, cancelando os cart�es.
“Estamos vivendo um momento muito dif�cil no cen�rio econ�mico do pa�s e, apesar da expectativa de melhora, a situa��o continua muito ruim. No entanto, j� percebemos mudan�as positivas adotadas pelas pessoas que precisam fazer ajustes para passar pelo momento de turbul�ncia com mais tranquilidade”, explica Marcela Kawauti, economista-chefe do SPC Brasil.
A economista ressalta que as mudan�as de atitude n�o adiantar�o se forem adotadas apenas durante o momento de conten��o dos gastos e alerta que os brasileiros culturalmente n�o t�m o costume de controlar com responsabilidade a vida financeira. “Quando a situa��o melhorar, em uma perspectiva otimista esperamos que melhore no segundo semestre, muita gente vai parar de fazer esses sacrif�cios e voltar a se descontrolar com as compras. Outras podem usar esse momento de ajuste como aprendizado”, diz Kawauti.
O levantamento do SPC aponta que o percentual de inadimplentes no Brasil se estabilizou no fim do ano passado, no entanto, o motivo n�o � muito animador. “Em rela��o ao in�cio do ano passado, o n�mero est� maior, mas nos �ltimos meses os inadimplentes pararam de crescer. Por�m, a raz�o dessa estabiliza��o � que menos pessoas tomaram cr�dito nos �ltimos meses. Os n�meros s� ser�o positivos quando as pessoas sa�rem da inadimpl�ncia conseguindo quitar seus d�bitos”, explica a economista.
Dicas para sair do sufoco
A dona de casa Solange Medeiros acompanha de perto o aperto enfrentado por muitas pessoas nos �ltimos anos e procura disseminar dicas para aqueles que perdem o sono com as d�vidas. “Virou comum o superendividamento, com cidad�os abrindo fal�ncia como se fossem uma empresa quebrada. A facilidade do cr�dito h� algum tempo favoreceu esse processo. At� pequenas lojas oferecem cr�dito de forma muito f�cil. Muita gente usa o cheque especial como se fosse parte da renda e se esquece dos juros alt�ssimos. Outros n�o tomam nenhuma provid�ncia para mudar nada enquanto a situa��o n�o fica dram�tica”, alerta Solange.
“A primeira coisa que a pessoa precisa fazer � reconhecer que errou, que se endividou e que precisa mudar isso. Ela deve entender qual o tamanho do seu problema. Primeiro � buscar garantir o essencial, pagar as contas de �gua e luz. Depois jogar o cart�o de cr�dito fora ou parar de us�-lo at� que consiga quitar todas as d�vidas. Outra medida � evitar ir nos lugares em que o apelo de compra � grande. E tamb�m buscar rendas alternativas para conseguir melhorar a renda. Por exemplo, quando a mulher n�o trabalha fora de casa, ela pode tentar vender bolos, costuras ou qualquer outra atividade”, aconselha Solange.
A coordenadora do Movimento das Donas de Casa de Minas Gerais, L�cia Pac�fico, aponta alguns cuidados que podem ajudar na economia financeira em per�odos de dificuldades financeiras, como pesquisar pre�os em diferentes lojas e supermercados, fazer uma lista com os produtos que ser�o realmente necess�rios e buscar marcas mais baratas.
“O comportamento do consumidor tem mudado muito nos �ltimos anos e o per�odo de crise contribui para isso. As pessoas pesquisam mais, est�o mais exigentes, reclamam com os vendedores, questionam a qualidade do produto e pechincham sempre que poss�vel. Talvez, ap�s a crise, com o h�bito j� fixado, as pessoas possam manter essa cultura de economia para evitar se endividarem novamente”, avalia L�cia.