
A venda de ativos pela J&F, holding dos irm�os Joesley e Wesley Batista, que controla a JBS, ganhou for�a esta semana, com a divulga��o de relat�rio da ag�ncia de classifica��o de risco Standard&Poor’s. Oficialmente, a J&F nega a negocia��o, mas a S&P atribui a informa��o � pr�pria holding, que planeja se desfazer no curto prazo de empresas que somam R$ 8 bilh�es.
Duas j� est�o em processo de venda, segundo a ag�ncia: a Vigor Alimentos e as linhas de transmiss�o de energia. Al�m disso, est� em estudo a negocia��o da Eldorado, empresa de celulose, a Alpargatas, dona das marcas Havaianas e Osklen, e a Flora, de produtos de limpeza, como detergente Minuano e o creme de cabelos Neutrox.
O caso da Vigor interessa particularmente aos mineiros, j� que a ind�stria de latic�nios � dona de 50% da Itamb� um �cone do setor em Minas. A d�vida � como ficariam na negocia��o a pr�pria Itamb� e a Cooperativa Central dos Produtores Rurais de Minas Gerais (CCPR), dona dos outros 50% e fornecedora do leite processado na ind�stria mineira.
Em mar�o, j� em meio �s negocia��es dos irm�os Batista com a Procuradoria-Geral da Rep�blica (PGR) para o acordo de dela��o premiada, surgiram not�cias no mercado de que a J&F, controladora da Vigor, negociava a venda da empresa de l�cteos para a Pepsico. A multinacional teria oferecido R$ 6 bilh�es, o equivalente a um ano de faturamento da Vigor. Mas a J&F recusou.
Novas informa��es surgidas este m�s apontam que a Vigor est� sendo oferecida a cerca de meia d�zia empresas, incluindo as francesas Lactalis e a Danone e a mexicana Lala.
A holding dos Batista “herdou” a Vigor quando a JBS adquiriu o frigor�fico Bertin, ent�o dono da empresa de l�cteos, em 2009. Quatro anos depois, a Vigor, por sua vez, comprou metade da Itamb�, por R$ 410 milh�es, numa uni�o que representou a cria��o do segundo maior latic�nio do pa�s.
O neg�cio foi comemorado pela Associa��o Brasileira de Produtores de Leite (Leite Brasil). Na �poca, Jorge Rubez, presidente da entidade, avaliou, em entrevista ao Estado de Minas, que somente com a moderniza��o do sistema cooperativo seria poss�vel avan�ar e garantir investimentos no setor.
Atualmente, a Vigor � a segunda empresa da holding J&F em termos de faturamento, atr�s da JBS, do setor de carnes. Al�m da Itamb�, � dona das tradicionais marcas de latic�nios Dan�bio e Leco. Tem faturamento superior a R$ 5 bilh�es e opera��es em 11 estados. J� a Itamb�, com capacidade para processar 3,5 milh�es de litros de leite ao dia, tem um portf�lio de 190 produtos, entre leites, iogurtes, requeij�o, manteiga e doce de leite.
O vice-presidente da Federa��o da Agricultura e Pecu�ria do Estado de Minas Gerais (Faemg) e presidente do Sindicato dos Produtores Rurais de Barbacena, Renato Laguardia, destaca que a Itamb� � um patrim�nio mineiro e um novo personagem na sua composi��o acion�ria pode implicar alguma mudan�a, “especialmente caso o comprador seja um grande latic�nio, como vem sendo ventilado”.
Ele lembra que a Lactalis � dona de marcas de queijos finos e tem uma unidade mineira, em Ant�nio Carlos, na regi�o de Barbacena, com capacidade para processar diariamente 100 mil litros de leite.
Impacto nos neg�cios
A J&F encerrou o primeiro trimestre deste ano com d�vida l�quida de R$ 47,8 bilh�es. E, segundo o mercado, deve ganhar algum f�lego com a venda de ativos em Uruguai, Paraguai e Argentina por US$ 300 milh�es na semana passada para o frigor�fico Minerva, o segundo maior do pa�s.
Para analistas, com esse passo, a JBS deu in�cio a um movimento de encolhimento que j� era esperado pelo mercado. Em nota, a JBS informou, no entanto, que a venda est� “em linha com a estrat�gia da companhia em focar nos neg�cios com maior margem de rentabilidade, o que inclui produtos de alto valor agregado e mercados estrat�gicos”.
Na quarta-feira, a S&P rebaixou a classifica��o de risco da J&F e de suas controladas JBS (prote�na animal) e Eldorado. O relat�rio aponta preocupa��o com o impacto nos neg�cios da dela��o dos donos do grupo, os irm�os Joesley e Wesley Batista, que confessaram o megaesquema de pagamento de propina a pol�ticos.
A holding assumiu sozinha o compromisso de pagar a multa de R$ 10,3 bilh�es, em 25 anos, acertada com o Minist�rio P�blico Federal dentro do acordo de leni�ncia.
� preciso lembrar que os irm�os Batista ainda t�m muito a acertar, o que pode se refletir na contabilidade da J&F. E s�o tr�s as fontes de preocupa��o: o Departamento de Justi�a dos Estados Unidos, onde a JBS mant�m a maior parte de suas opera��es; o Tribunal de Contas da Uni�o (TCU), que deve abrir investiga��es para que a holding pague por danos causados nos empr�stimos do BNDES e na compra de a��es das empresas do grupo pelo banco; e a Comiss�o de Valores Imobili�rios (CVM), onde a holding enfrenta questionamentos por opera��es no mercado financeiro, como compra de d�lares pela JBS e venda de a��es da empresa pelos controladores pouco antes da divulga��o da dela��o dos empres�rios. (Com ag�ncias)