
Guaxup� – Escassez de �reas, que encarece os pre�os, dificuldade de acesso � �gua e as exig�ncias dos bancos para liberar financiamento agr�cola limitam a expans�o das lavouras de cafeicultura na regi�o de Guaxup� e Nova Resende. A fam�lia do cafeicultor Alexandre Rafante de Lima, de 41 anos, ingressou na atividade quatro d�cadas atr�s, quando o hectare de terra em Nova Resende era adquirido por R$ 2 mil. O pai de Alexandre j� negociou uma gleba em troca de uma vaca. Hoje, o custo do hectare adequado � planta��o passa de R$ 80 mil em terras ocupadas pela agricultura familiar de forma predominante, com pequenas extens�es de 6 hectares plantados, em m�dia.
N�o por outro motivo, h� agricultores que t�m buscado �reas a at� 200 quil�metros, nas proximidades de Santo Ant�nio do Amparo. Com dedica��o integral ao viveiro Monte Cristo, Alexandre Lima tem condi��es de expandir a oferta, mas n�o conseguiu espa�o em condi��es vi�veis para o empreendimento. “Sempre falta muda”, destaca o agricultor, que atende regularmente cerca de 40 cafeicultores num raio de at� 100 quil�metros da propriedade.
Alexandre mant�m dois viveiros com produ��o de 500 mil mudas por ano, plantadas em lavouras de Nova Resende, Bom Jesus, Concei��o Aparecida e Juruaia, entre outras cidades. De toda a oferta, 95% s�o mudas que levam seis meses entre o plantio e a expedi��o. Certificadas, as sementes s�o variedades brasileiras obtidas em processo de melhoramento no Brasil. O agricultor reclama das dificuldades que os cafeicultores, segundo ele, come�aram a enfrentar na busca de cr�dito em bancos neste ano.
O engenheiro-agr�nomo Erik Bueno Borges, da Cooxup�, observa que o encarecimento das terras, entre outros fatores, fez com que os produtores da regi�o adotassem a pr�tica de renova��o da cultura buscando cada vez maiores produtividades por hectare. “Eles procuram �reas menores, al�m de adotar a todo momento espa�amentos mais produtivos e a mecaniza��o da colheita”, afirma. S�o desafios complexos de enfrentar para boa parte dos produtores em fazendas de pequeno porte. Com popula��o de 16 mil habitantes, Nova Resende tem 5.600 propriedades rurais e 3,6 mil produtores.
H� mais ganhos al�m da obten��o de melhores pre�os para os caf�s diferenciados, como observa Jo�o Ricardo Albanez, superintendente de Abastecimento e Economia Agr�cola da Secretaria de Estado de Agricultura, Pecu�ria e Abastecimento. “A partir do momento em que o produtor adota esse modelo, h� benef�cios com a redu��o de custos e de pontos de estrangulamento da atividade. A certifica��o � tend�ncia n�o s� para o caf�, mas para v�rios produtos”, afirma.
O primeiro passo � acreditar na filosofia que ancora a produ��o diferenciada e lan�a a fazenda num processo de amadurecimento. “Muitas vezes, esse trabalho n�o traz o retorno imediato em aumento de valor do produto”, destaca Ricardo Albanez. A Secretaria de Agricultura coordena o programa Certifica Minas Caf�, criado para oferecer aos cafeicultores a possibilidade de certifica��o da propriedade dentro de crit�rios de sustentabilidade econ�mica, ambiental e social. Eles recebem orienta��o dos t�cnicos da Empresa de Assist�ncia T�cnica e Extens�o Rural de Minas (Emater-MG) para adequar a lavoura e cabe ao Instituto Mineiro de Agropecu�ria (IMA) auditar a propriedade e conceder o certificado de qualidade do processo produtivo.
O estado tem 1.600 propriedades certificadas na produ��o de caf� e pretende, segundo Ricardo Albanez, ampliar o programa no ano que vem. Maior produtor de caf� do Brasil, Minas estima colher neste ano 26 milh�es de sacas, das quais 11 milh�es devem ser embarcadas ao exterior, quase 43% do total. As vendas externas de janeiro a julho proporcionaram receita de US$ 1,9 bilh�o.