
S�o Paulo – Espera-se para hoje a defini��o do pre�o da a��o do Burger King no Brasil. A estreia da rede de fast food na Bolsa de S�o Paulo (Bovespa) deve acontecer na segunda-feira. Mas a inquieta��o no mercado brasileiro de fast food j� vem acontecendo.
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o in�cio de setembro, o McDonald’s, controlado pelo grupo Arcos Dourados, anunciou um pacote de investimentos de R$ 1 bilh�o na expans�o e moderniza��o da marca durante o tri�nio 2017-2019. As lojas (hoje s�o 910 restaurantes, sem contar com os quiosques, o que d� um total de 2.500 pontos) devem seguir o padr�o da unidade-piloto da Avenida Henrique Schaumann, em S�o Paulo, que tem um apelo moderno, bem mais tecnol�gico, com paredes interativas, entradas UBS nas mesas e controle de m�sica das salas pelo smartphone.
Mas n�o foi apenas o pacote bilion�rio de investimentos do McDonald’s que demonstrou sinais claros da companhia em marcar posi��o no mercado brasileiro. �s v�speras da oferta inicial de a��es (IPO, na sigla em ingl�s), o McDonald’s entrou com um questionamento junto � consultoria Euromonitor sobre dados que o Burger King estaria utilizando em seus prospectos para promover a empresa antes da abertura de capital.
Segundo o McDonald’s, seu faturamento � 3,74 vezes maior que o do concorrente, mas a Euromonitor aponta que a diferen�a � de apenas 1,6 vez. Procurada, a Euromonitor informou que suspendeu a divulga��o das informa��es sobre o mercado brasileiro de fast food. Tanto McDonald’s quanto Burger King (que est� em per�odo de sil�ncio �s v�speras do IPO) n�o comentam o caso.
Para Marcelo Cherto, da Cherto Consultoria, o IPO do Burger King ser� bom para o setor de franquias porque dever� levar ainda mais profissionalismo �s marcas e atrair novos investidores para o setor todo. Apesar do estado de aten��o em que se encontram as grandes redes de fast food, quem deve sentir mais o aumento de capital em caixa do Burger King ser�o os neg�cios menores, as lanchonetes de bairro. “H� muita gente para matar antes de matarem uns aos outros”, diz o especialista, referindo-se aos pequenos empreendimentos, que na sua avalia��o devem perde vendas para a marca norte-americana.
Coordenador do mestrado em administra��o do Insper, S�lvio Laban avalia que um competidor capitalizado, como acontecer� com o Burger King ap�s a abertura de capital, tem condi��es de acelerar seu plano de expans�o. Dados divulgados pela empresa indicam que est�o em funcionamento cerca de 600 lojas.
“Certamente, esse IPO vai mexer com o mercado, j� que a empresa estar� melhor preparada para expandir o n�mero de lojas e para desenvolver modelos diferentes de neg�cio. Isso pode trazer problemas para a concorr�ncia, que tende a enfrentar dificuldades em ter o mesmo f�lego financeiro para acompanhar o ritmo do Burger King”, analisa Laban.
Momento econ�mico pode influenciar
H� quem acredite que o momento escolhido para o IPO n�o foi o melhor, j� que o mercado financeiro vive uma grande intranquilidade por conta das tentativas mal-sucedidas de aprovar a reforma da Previd�ncia. Mas Laban defende o contr�rio. Para o professor, este pode ser justamente um bom momento para se posicionar antes da retomada da economia.
J� Adriano Gomes, professor de administra��o da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM), esta pode n�o ser a melhor janela de oportunidade para buscar recursos no mercado de a��es. “Com a procrastina��o da reforma da previd�ncia, o mau humor se generalizou. O mercado trabalha muito por expectativa, quando ele sobe, e cai na realidade, costumamos dizer”, afirma. Por essa raz�o, Gomes pondera que o valor das a��es no dia do IPO pode ficar aqu�m do esperado e causar frustra��o entre investidores e os controladores do grupo.
Por outro lado, lembra o professor da ESPM, o tamanho do Burger King no mundo pode ser um dos motivadores para que os investidores se sintam estimulados a comprar os pap�is por um bom pre�o. “� uma empresa gigante, com reconhecimento internacional, que pode com esse IPO num momento t�o delicado da economia dar um exemplo para as empresas e investidores brasileiros de que � preciso acreditar na recupera��o”, avalia.
Presen�a de Lemann no neg�cio � fator atrativo

S�o Paulo – Um dos fatores que devem influenciar positivamente na abertura de capital do Burger King no Brasil s�o os nomes que est�o por tr�s da marca mundialmente: a 3 Capital, controlada pelos brasileiros Jorge Paulo Lemann, Carlos Alberto Sicupira, Marcel Telles, Alex Behring e Roberto Thompson Motta, e pela Berkshire Hathaway, do bilion�rio Warren Buffett.
O nome de Lemann atrelado ao do Burger King – considerado por muitos como um �dolo do mundo dos neg�cios – dar� mais credibilidade � oferta de a��es, acreditam os especialistas. Isso, de certa forma, pode minimizar os efeitos negativos que alguns fatos pol�ticos recentes, como a protela��o da vota��o da reforma da previd�ncia para 2018, t�m causado no mercado financeiro.
“Certamente o nome de Lemann d� mais credibilidade. Ele tem uma grife, tem hist�ria para contar, tem seus m�ritos”, explica Adriano Gomes, da ESPM. Para os investidores, explica, funciona como uma garantia adicional ao neg�cio que est� sendo oferecido, ainda que seja algo subjetivo.
O Burger King, segunda maior rede de fast food dos Estados Unidos, foi vendido para a 3G Capital em 2010 por cerca de US$ 3,26 bilh�es, incluindo a d�vida da companhia. Na �poca, a empresa vinha perdendo espa�o para concorrentes como McDonald’s e Subway por conta do aumento do desemprego naquele mercado. Tempos depois, a 3G Capital arrematou a Heinz, tentou ficar com o controle da Unilever e no in�cio deste ano adquiriu outra rede de fast food dos EUA, a Popeyes.