
No Brasil de mais de 12 milh�es de desempregados, 2018 come�ou, para alguns deles, com a procura por uma vaga no mercado de trabalho, em Belo Horizonte. Contudo, muita gente n�o apareceu. A esperan�a de conseguir emprego levou pessoas de todas as idades a procurar a ag�ncia do Sistema Nacional de Emprego (Sine) na Pra�a Sete, respons�vel pelo encaminhamento de candidatos ao mercado formal.

A cozinheira Eunice dos Santos, de 58 anos, foi ao guich� para atualizar o curr�culo e procurar uma vaga. No ano passado, ela fez um curso de cuidadora de idosos para ampliar as possibilidades. Enquanto o emprego n�o vem, vende pacotinhos de biscoitos de nata que faz. “A esperan�a � muito boa, a gente tem que confiar. Costuma nos primeiros dias do ano ter mais vagas, quem sabe dou sorte”, disse, enquanto aguardava sua vez no balc�o de atendimento.

O dinheiro das quitandas ser� bem-vindo, j� que, apesar do bico que arrumou, ela est� endividada. “Estou com tudo atrasado, luz, �gua, cart�o estourado. D�vida n�o pago, mas ficar sem comer n�o fico”, disse. Solteira, dona Eunice tem a ajuda de apenas uma das seis filhas para se manter na casa em que mora sozinha, no Bairro Paulo Sexto.
O estoquista Paulo Henrique, de 31, que mora com a m�e, o padrasto e o irm�o no Bairro Menezes Justin�polis, em Ribeir�o das Neves, na Grande BH, ficou desempregado em outubro com a troca de ger�ncia na empresa em que trabalhava. Entre 2016 e 2017, ele j� havia ficado fora do mercado por cerca de um ano. “Estou com esperan�a de conseguir neste ano. Acho que vai ter mais contrata��o porque est� melhorando a situa��o do pa�s”, disse.
O superintendente de gest�o e fomento ao emprego da Secretaria de Estado de Trabalho e Desenvolvimento Social (Sedese), M�rcio Luiz Guglielmoni, n�o quis arriscar um cen�rio para o emprego em Minas Gerais este ano, mas disse que os sinais, por enquanto, n�o s�o muito positivos. “Gosto muito de ver a quest�o da constru��o civil e n�o estamos tendo muita movimenta��o ainda, o que mostra que n�o estamos saindo da crise propriamente dita. Mas � apenas um palpite, espero que eu esteja errado”, afirmou.
Sobre a menor movimenta��o no Sine, ele acredita que o com�rcio possa ter estendido o per�odo de perman�ncia de muitos tempor�rios contratados no fim do ano. “A temporada de compras no com�rcio ainda n�o terminou porque tem muita gente para receber o 13º ainda. Al�m dos servidores do estado, h� empresas que deixaram para pagar em janeiro e talvez por isso o com�rcio ainda esteja apostando nas vendas”, avalia.
De acordo com balan�o do Sine divulgado pela Sedese no fim do ano, as 132 unidades do sistema no estado atenderam 1.821.635 trabalhadores at� 20 de dezembro. Em 2017, foram colocadas � disposi��o 55.217 vagas no mercado formal e 35.470 pessoas conseguiram emprego. O aumento em rela��o a 2016 foi de 48%.
De acordo com o Sine, h� 69.771 trabalhadores cadastrados na Regi�o Metropolitana de Belo Horizonte. Em Minas Gerais s�o 259.941 inscritos. O Posto da Pra�a Sete oferecia nessa ter�a-feira (2) 91 vagas para porteiro, vendedor, supervisor de servi�os, repositor, pedreiro, mec�nico, borracheiro, advogado e auxiliar de servi�os, entre outras fun��es.
Sem restri��es
A estudante de Direito J�ssica Tha�s Concei��o Cruz, de 19, tamb�m ocupou a manh� dessa ter�a-feira (2) � procura de trabalho. “Procuro um emprego de prefer�ncia na �rea administrativa”, conta. Ela trabalhou na �rea como menor aprendiz at� janeiro do ano passado e agora tenta uma vaga para ajudar nas despesas da casa em que mora com o filho de 8 meses e a m�e. “N�o falta nada em casa gra�as a Deus, mas uma renda a mais sempre ajuda”, disse. J�ssica chegou cedo ao posto do Sine para fazer o cadastro, pois esperava enfrentar uma grande fila, que n�o veio.
Emanuelle Mayra, de 25, tamb�m est� procurando emprego desde agosto do ano passado, quando perdeu a vaga que ocupava em uma lanchonete da rodovi�ria. Ela est� usando o seguro-desemprego para se sustentar, mas s� falta um m�s para o fim do recurso. “Estou procurando com vizinhos para ver se fa�o faxina ou algo do tipo, porque n�s duas estamos sem trabalhar”, afirmou, se referindo � amiga com quem divide uma casa no Bairro Xangri-L�. A jovem n�o faz restri��es. “Posso trabalhar como bab�, repositora, vendedora, tudo, o importante � trabalhar”, diz.
Dispenados e sem planos de s�ude
O n�mero de benefici�rios de planos de sa�de continuou em queda no ano passado, com o aumento do desemprego e a queda dos rendimentos do trabalho. Segundo os dados mais recentes fechados pela Ag�ncia Nacional de Sa�de Suplementar (ANS), 47.281.046 brasileiros tinham conv�nio m�dico at� novembro �ltimo, o menor �ndice desde 2011, considerando-se os dados do fim de cada ano.
Como quase 70% dos clientes s�o de planos corporativos, ou seja, bancados pelas empresas, a eleva��o do desemprego fez com que muitos trabalhadores perdessem a condi��o de acesso aos planos, passando a depender exclusivamente do Sistema �nico de Sa�de (SUS).
Em compara��o com os n�meros de novembro de 2016, a queda no fim de 2017 foi de 526 mil clientes. Apesar desse quadro, nove estados apresentaram aumento no n�mero de usu�rios de conv�nios: Acre, Amazonas, Cear�, Goi�s, Mato Grosso, Piau�, Rio Grande do Norte, Santa Catarina e Tocantins. No estado de S�o Paulo, onde 17,2 milh�es t�m conv�nio m�dico, a queda no n�mero de benefici�rios entre 2016 e 2017 foi de cerca de 257 mil.
Odontol�gicos
No caso dos planos exclusivamente com fins odontol�gicos, houve aumento de 1,5 milh�o de usu�rios em rela��o ao mesmo per�odo do ano anterior em todo o pa�s, atingindo a marca de 23.112.608 benefici�rios em novembro de 2017. A maioria dos clientes tamb�m conta com plano empresarial.