
Pouso Alegre e Extrema - O interior de Minas Gerais salvou em 2017 a produ��o, o emprego, as exporta��es e a arrecada��o do principal tributo que alimenta os cofres do estado, o Imposto sobre a Circula��o de Mercadorias e Presta��o de Servi�os (ICMS). O desempenho desses indicadores vitais da economia, embora ainda t�mido, mostra que a retomada no estado passa por munic�pios de fora da Grande Belo Horizonte. Num 2017 marcado por mais demiss�es do que contrata��es no mercado formal no Brasil, Minas Gerais deu a volta por cima e conseguiu saldo positivo de 24.296 admiss�es, descontadas as dispensas, depois de dois anos (2016 e 2015) encerrados no vermelho.
Foi pelo interior afora que o emprego com carteira assinada se recuperou no ano passado, proporcionando diferen�a de 25.544 oportunidades abertas, j� descontadas as demiss�es de 1.076.311 trabalhadores (as contrata��es somaram 1.101.855). Na dire��o oposta, a Regi�o Metropolitana de BH sofreu com as 571.288 dispensas registradas no ano passado, que superaram as 570.040 vagas criadas pelas empresas na capital e entorno. Com isso, o saldo ficou negativo em 1.248 empregos. O maior desafio nessa rea��o mineira aparece hoje � frente da Grande BH, para retomar sua import�ncia.
A for�a do interior vem das m�os de trabalhadores e da engrenagem de pequenas a grandes empresas de segmentos que v�o da produ��o de alimentos � fabrica��o de roupas, cal�ados, eletroeletr�nicos, e do com�rcio estimulado por essas atividades. Para entender como essa recupera��o vem ocorrendo, o Estado de Minas percorreu algumas cidades que chamaram a aten��o pela forte retomada desde o segundo semestre do ano passado e que come�aram o ano com boas perspectivas de novos investimentos e cria��o de empregos. Esse � o tema da s�rie de reportagens Retomada mineira, que mostra o mapa das contrata��es e as iniciativas das empresas para voltar a crescer em esp�cie de ilhas de prosperidade, em meio � lenta e dif�cil recupera��o da economia.
No Sul de Minas, o reaquecimento do mercado de trabalho est� sendo comemorado at� por trabalhadores de estados vizinhos. A paulista Yuris Rodrigues, de 27 anos, conquistou uma vaga na f�brica de chocolate da Kopenhagem em setembro do ano passado e vive a expectativa de ser contratada depois do per�odo de experi�ncia. H� mais de um ano ela procurava uma oportunidade em v�rias cidades de S�o Paulo, quando escolheu Minas em busca de um ano mais est�vel profissionalmente.
“O mercado de trabalho ainda est� dif�cil, com muita gente em busca de uma coloca��o. Mas as oportunidades est�o aparecendo, principalmente aqui no Sul de Minas. Procurei emprego por mais de um ano e ouvi conhecidos falarem sobre grandes f�bricas crescendo na regi�o. Ent�o tentamos as vagas aqui em Extrema e espero agarrar essa chance”, conta Yuris. Ela � uma das 350 funcion�rias contratadas no fim do ano passado para refor�ar a produ��o para a P�scoa deste ano.
Segundo o diretor industrial da Kopenhagem, Fernando Francalassi, a empresa pretende efetivar na f�brica de Extrema pelo menos 50 funcion�rios tempor�rios at� o fim de fevereiro, quando termina o per�odo de produ��o para a P�scoa. “Passamos por um cen�rio de recupera��o interessante e a P�scoa de 2018 ser� melhor do que a do ano passado. Trabalhamos com a perspectiva de aumento no n�mero das lojas, cerca de 100 novas lojas no pa�s at� o final de 2018, sendo pelo menos 10 delas em Minas Gerais”, diz Francalassi.
De acordo com a Associa��o Brasileira da Ind�stria de Chocolates, Amendoins, Balas e Derivados (Abicab), o setor enfrentou queda de cerca de 20% no faturamento nos �ltimos anos, mas desde o ano passado registra leve recupera��o. No entanto, algumas f�bricas do Sul de Minas sofreram menos com a crise e j� constatam recupera��o mais r�pida do que em outras regi�es. “A proximidade com os principais mercados consumidores, a boa infraestrutura de log�stica e oferta de m�o de obra com as grandes faculdades nas cidades da regi�o ajudam no sucesso das f�bricas do Sul de Minas. Com a retomada do consumo, a demanda aumenta e aquece a produ��o”, explica Francalassi.
Ritmo acelerado
Do saldo ainda parcial de 21.554 empregos formais abertos em Minas no ano passado pela ind�stria, – o setor mais duramente afetado pela crise brasileira –, 67%, ou seja, mais de dois ter�os, foram garantidos nas f�bricas do Sul de Minas, Centro-Oeste e Alto Parana�ba. Nessas regi�es, surgiram 14,5 mil vagas, descontadas as demiss�es, com base em estudo feito pela Ger�ncia de Estudos Econ�micos da Federa��o das Ind�strias de Minas Gerais (Fiemg) a pedido do Estado de Minas.
A receita do ICMS proveniente da ind�stria, acompanhando a rea��o da produ��o, tamb�m desbancou o resultado na metr�pole e seu entorno, onde cresceu 8,5%, para avan�ar 24% na Zona da Mata mineira,15,4% no Alto Parana�ba; 14,3% no Centro-Oeste e 12,4% no Sul do estado. Toda a receita arrecadada pelo setor no estado subiu 8,7% na m�dia, tendo somado R$ 16,1 bilh�es.
O crescimento das exporta��es, por sua vez, alcan�ou 73% no Tri�ngulo Mineiro, 44,4% no Vale do A�o, e 35,4% no Centro-Oeste do estado, fazendo inveja ao aumento de 22% na Grande Belo Horizonte. As vendas externas de Minas avan�aram 28%, em m�dia, para US$ 17,539 bilh�es, com base nas estat�sticas mais recentes analisadas pela Fiemg de janeiro a setembro de 2017.