
Pesquisa do SPC Brasil e CNDL, divulgada nesta ter�a-feira (20), revela perfil dos desempregados no Brasil: maioria tem filhos, ensino m�dio completo e, em m�dia, 34 anos. E tamb�m a maioria, 61% est�o dispostos a ganhar menos que no �ltimo emprego. Do total dos pesquisados, 34% atuavam no setor de servi�os e 33% no com�rcio.
O n�mero de brasileiros � espera de uma oportunidade de emprego ainda � alto e acumulava 12,3 milh�es de pessoas ao final de 2017.
A pesquisa “O desemprego e a busca por recoloca��o profissional no Brasil”, realizada pelo Servi�o de Prote��o ao Cr�dito (SPC Brasil) e pela Confedera��o Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) em todas as capitais mostra que o tempo m�dio de desemprego j� chega a 14 meses entre os entrevistados, maior do que o observado em 2016, quando girava em torno de 12 meses.
Raio X
O estudo mostra o seguinte perfil dos desempregados: 59% s�o do sexo feminino, com m�dia de idade de 34 anos; 54% t�m at� o ensino m�dio completo, 95% pertencem �s classes C/D/E e 58% t�m filhos, a maioria menor de idade. Entre os que j� tiveram um emprego antes, 34% atuavam no segmento de servi�os, enquanto 33% no setor de com�rcio e 14% na ind�stria. A m�dia de perman�ncia no �ltimo emprego foi de aproximadamente dois anos e nove meses.
Carteira assinada
No �ltimo emprego, 40% dos desempregados possu�am carteira assinada, 14% eram informais e 11% aut�nomos ou profissionais liberais. J� 8% dos desempregados atuais est�o buscando a primeira oportunidade profissional.
“Tudo aponta para um cen�rio de recupera��o no mercado de trabalho, mas este ainda � um movimento t�mido e que, no momento, permanece concentrado na informalidade, o que implica em contrata��es sem carteira assinada e atividades feitas por conta pr�pria”, avalia o presidente do SPC Brasil, Roque Pellizzaro.
Mercado informal
“As pessoas sabem que n�o podem ficar esperando em casa pelo reaquecimento do mercado e por isso buscam por alternativas de sobreviv�ncia. Por�m, informalidade tamb�m implica em fragilidade. O trabalhador que atua nessas condi��es n�o tem prote��o e est� sujeito �s varia��es do mercado. Por isso, � importante informar-se e buscar a formaliza��o”, indica o presidente do SPC Brasil.
De acordo com Pellizzaro, uma atividade feita por conta pr�pria pode, por exemplo, encaixar-se na modalidade MEI – microempreendedor individual. “Com ela � poss�vel ter CNPJ, emitir nota fiscal e contribuir para a aposentadoria, dentre outras possibilidades”.
N�o � a primeira vez
Segundo o levantamento, dentre aqueles que j� tiveram algum emprego antes, 67% j� haviam ficado desempregados anteriormente e 32% nunca haviam passado por esta situa��o. Mais da metade (57%) conhecem alguma outra pessoa que tamb�m est� desempregada ou que teve de fechar sua empresa nos �ltimos tr�s meses.
Em 56% dos casos, os entrevistados afirmam terem sido desligados da empresa, mas outros 17% garantem ter pedido demiss�o e 14% alegam que foi feito um acordo.
Dentre os que foram demitidos, a maioria alega causas externas, principalmente ligadas � crise econ�mica, como redu��o de custos por parte da empresa para lidar com os efeitos da crise (35%), redu��o da m�o de obra ociosa (12%) e o fechamento da empresa (11%). Levando em conta apenas os que pediram demiss�o, a principal raz�o apontada foi algum problema de sa�de (15%), seguido da insatisfa��o com o sal�rio (13%) e do desejo de poder dedicar mais tempo � fam�lia (11%).
Oportunidade
Perguntados sobre o tipo de oportunidade desejada pelos desempregados, 46% preferem os postos com carteira assinada, enquanto 29% mencionam qualquer vaga, independente do formato.
A pesquisa do SPC Brasil e da CNDL mostra que seis em cada dez desempregados (61%) est�o dispostos a ganhar menos do que recebiam no �ltimo emprego – uma queda em rela��o ao ano passado (68%).
As principais justificativas nestes casos s�o que o que importa atualmente � voltar ao mercado de trabalho (23%) e arrumar um emprego para pagar as despesas (22%). Por outro lado, 39% n�o est�o dispostos a receber menos, sendo a raz�o mais citada o fato de encararem o sal�rio menor como regress�o profissional (19%), seguido da possibilidade de ser dif�cil voltar ao patamar salarial que possu�a antes (13%).
O levantamento revela que, considerando aqueles que t�m sido chamados para entrevistas desde que est�o desempregados (40%), 56% chegaram a recusar alguma proposta, sendo que 18% o fizeram porque a remunera��o ou benef�cios eram insuficientes, enquanto 13% alegam que o local era muito distante de casa.
Entre os desempregados, 66% est�o procurando emprego, sendo que a m�dia do tempo de procura por empregos � de quase 10 meses. Outros 25% est�o recorrendo a fontes alternativas de renda enquanto n�o encontram emprego e 9% est�o esperando por algo, porque procuraram uma oportunidade de trabalho por muito tempo sem sucesso.
A grande maioria (78%) sente que tem condi��es de conseguir um emprego, sendo que os principais motivos s�o ter uma boa experi�ncia profissional (40%), preencher cadastro em sites de empregos (27%) e ler com frequ�ncia jornais e sites de empregos em busca de vagas (27%).
Esperan�a
De acordo coma pesquisa, 53% est�o confiantes em conseguir emprego nos pr�ximos 3 meses. Enquanto cerca de 25% dos desempregados afirmam estar em busca de capacita��o profissional para conseguir oportunidades melhores.
Para a economista-chefe do SPC Brasil, Marcela Kawauti, conseguir um novo emprego � mais que recolocar a vida profissional nos trilhos. “� ter a chance de recuperar h�bitos cotidianos, poder adquirir produtos e servi�os e desfrutar de pequenas comodidades – coisas das quais muitos brasileiros, em maior ou menor grau, tiveram de abrir m�o nos �ltimos tempos em virtude das dificuldades financeiras”, avalia.
Consumo
As principais prioridades ap�s conseguir um emprego ser�o voltar a consumir produtos que gosta como roupas, sapatos, eletr�nicos (51%), retornar ao padr�o de compra no supermercado que tinham antes (47%) e voltar a realizar atividades de lazer como sa�da a bares e restaurantes (46%).
Futuro
Os dados mostram tamb�m que os desempregados est�o divididos em rela��o ao futuro do desemprego no Brasil em 2018: 31% acreditam que o desemprego ir� aumentar, 31% que ir� continuar igual e 24% que ir� diminuir.
“Ainda que a recupera��o da economia j� esteja em curso, o futuro permanece incerto para milh�es de brasileiros que aguardam nova oportunidade de trabalho, seja para retomar suas carreiras, seja simplesmente para pagar as contas e voltar a consumir, reassumindo, aos poucos, o padr�o de vida que tinham antes do desemprego”, analisa a economista.
Conforme a pesquisa, 41% dos desempregados que possuem fam�lia s�o os principais respons�veis pelo sustento da casa; 28% tiveram algum conflito familiar.
Impacto
Al�m de investigar o perfil e o comportamento dos desempregados na busca por uma recoloca��o, a pesquisa analisou o impacto do desemprego no contexto familiar. Para isso, algumas perguntas foram focadas nos desempregados que n�o moram sozinhos: 34% deles garantem que h� pelo menos mais uma pessoa sem trabalho na casa onde vivem.
Cerca de 87% desses desempregados ouvidos contribu�am financeiramente para as despesas da casa quando tinham um emprego, sendo que 41% eram ou ainda s�o os principais respons�veis e 29% n�o eram o principal respons�vel, mas continuam a ajudar de alguma forma.
Por consequ�ncia do desemprego, 28% tiveram algum conflito familiar, sendo que os principais motivos foram a discord�ncia quanto aos gastos da casa (13%) e brigas por causa da divis�o do pagamento das contas (12%).
Em contrapartida, 34% garantem que o desemprego motivou outras pessoas da casa, que antes n�o trabalhavam, a trabalhar ou fazer bicos. Em casos mais agravantes, 16% destes entrevistados afirmaram que ap�s a perda do emprego algum integrante da fam�lia precisou interromper os estudos para trabalhar e ajudar nas despesas de casa.
Metodologia
A pesquisa buscou tra�ar o perfil do desempregado brasileiro e o impacto no processo de recoloca��o profissional no mercado. Foram entrevistados pessoalmente 600 brasileiros desempregados acima de 18 anos, de ambos os g�neros e de todas as classes sociais nas 27 capitais. A margem de erro geral � de 4,0 pontos percentuais para um intervalo de confian�a a 95%.