Para conquistar mercados internacionais, os pa�ses exportadores de carne t�m que cumprir as normas sanit�rias estabelecidas pela Organiza��o Mundial do Com�rcio (OMC) e pela Organiza��o Mundial de Sanidade Animal (OIE). Muitas vezes, no entanto, um pa�s ou um bloco de pa�ses tem normas pr�prias para a importa��o do produto, como faz, por exemplo, a Uni�o Europeia, uma comunidade de 28 na��es e um mercado potencial de 500 milh�es de consumidores. Por isso, a moderniza��o do sistema de rastreabilidade na pecu�ria � necess�ria para que o setor possa avan�ar e tornar-se apto a atender a diferentes requisitos dos diversos mercados em todo o mundo.
Um novo sistema de rastreabilidade bovina, totalmente automatizado, foi desenvolvido e est� sendo testado pela Confedera��o Nacional da Agricultura e Pecu�ria (CNA). O local escolhido para o projeto � a fazenda Sanga Puit�, a 70 quil�metros de Bras�lia, na regi�o do Programa de Assentamento Dirigido do Distrito Federal (PAD-DF). Para dar in�cio aos testes, todo o rebanho bovino da propriedade, composto por 240 cabe�as de gado da ra�a nelore, recebeu brincos de identifica��o, que t�m o objetivo de registrar todo o manejo realizado, incluindo vacina��es, tratamentos, movimenta��es entre propriedades e outras informa��es, como idade, sexo e ra�a dos animais.
A ferramenta permite o completo monitoramento do gado, desde o nascimento at� o desligamento do brinco eletr�nico, quando ele vai para abate, no frigor�fico. Os dados armazenados permitem oferecer transpar�ncia aos pa�ses importadores da carne brasileira, podendo ser facilmente acessados por computador ou por um aparelho celular. “O sistema que est� em teste vem para dar garantias espec�ficas aos parceiros comerciais do Brasil, podendo chegar � rastreabilidade individual para garantir a idade, a ra�a e o sexo do animal, tudo com a Certifica��o Oficial Brasileira do Minist�rio da Agricultura, Pecu�ria e Abastecimento”, explica o coordenador do Protocolos de Rastreabilidade da CNA, Paulo Vicente Costa.
A moderniza��o do sistema de rastreabilidade na pecu�ria � importante para colocar o Brasil em novo patamar nas rela��es comerciais com os importadores. A implanta��o do sistema no rebanho bovino funciona como um certificado de que os pecuaristas brasileiros est�o atentos aos modos de produ��o e atendem n�o apenas �s exig�ncias sanit�rias internacionais, mas, tamb�m, de qualidade da carne nos mercados interno e externo."O sistema que est� em teste vem para dar garantias aos parceiros comerciais do Brasil"
Paulo Vicente Costa, coordenador do Protocolos de Rastreabilidade da CNA
� fundamental que o Brasil esteja preparado para atender tamb�m a demandas espec�ficas, como � o caso de mercados com exig�ncias devidas a preceitos religiosos. Os abates Halal e Kosher, direcionados �s comunidades mu�ulmanas e judaicas, respectivamente, exigem procedimentos pr�prios para o consumo dos animais. Existem mercados que tamb�m estabelecem restri��es � compra de carne de pa�ses que usam determinados elementos para o desenvolvimento de rebanhos. Muitas vezes, no entanto, algumas regras podem acabar funcionando como barreira � entrada de um produto em um determinado pa�s.
Esse tipo de pr�tica, quando envolve os produtos nacionais, tem sido combatida pelo governo brasileiro por meio de negocia��es internacionais. “O modo de produ��o praticada na pecu�ria do Brasil � considerado de ponta e atende plenamente aos requisitos sanit�rios internacionais, conforme os par�metros estabelecidos pela Organiza��o Mundial de Sanidade Animal, al�m de preservar o meio ambiente pelo atendimento do novo C�digo Florestal”, afirma Paulo Vicente Costa.
TESTES Os testes come�aram em 26 de janeiro, com a identifica��o de todos os animais da propriedade e a inser��o dos n�meros de identifica��o de cada animal no sistema. A primeira avalia��o ser� feita ainda este m�s. Nessa primeira etapa, os t�cnicos v�o verificar os relat�rios emitidos pelo sistema, levantar as ocorr�ncias de nascimentos, mortes, compra e venda de animais, al�m de averiguar se o respons�vel pela propriedade est� operando a ferramenta com facilidade. Os testes devem terminar em maio. Ainda este ano, ser� feita a valida��o do sistema, que, em seguida, ser� liberado para implanta��o no rebanho nacional e disponibilizado para parceiros internacionais.
A vantagem econ�mica que o novo sistema traz ao produtor � enorme. Ele permite melhor pre�o na venda dos animais, pois atende a compradores com exig�ncias espec�ficas, disposto a pagar mais para ter o produto de acordo com suas necessidades e exig�ncias. “O novo sistema vai permitir o atendimento dos v�rios tipos de demanda, j� que pode separar produtores brasileiros que realizam manejos diferentes, identificando, assim, os rebanhos aptos a satisfazer cada comprador”, esclarece Paulo Costa.
Para Lu�s Barcelos de Melo J�nior, administrador da fazenda Sanga Puit�, a implanta��o do novo sistema vai valorizar o rebanho e aumentar a rentabilidade do neg�cio. “O m�todo vai ajudar a melhorar o manejo e o controle de doen�as e vacinas”, enfatiza. A pecu�ria brasileira como um todo ganhar� credibilidade e um diferencial de qualidade. O resultado final ser� a maior produtividade e o aumento do pre�o pago pela arroba. Os frigor�ficos v�o querer pagar mais, pois vender�o os produtos a clientes espec�ficos”, avalia Lu�s Barcelos.