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Estado de Minas

Farmac�utica Biotoscana perde contratos e a��es caem 40%

A empresa trabalha com medicamentos de alta complexidade para doen�as como c�ncer e Aids


postado em 26/03/2018 12:00 / atualizado em 26/03/2018 08:28

Os comprimidos comercializados pela empresa são usados no tratamento de graves enfermidades(foto: Reprodução)
Os comprimidos comercializados pela empresa s�o usados no tratamento de graves enfermidades (foto: Reprodu��o)

S�o Paulo – A farmac�utica Biotoscana, que vende medicamentos de alta complexidade para doen�as como c�ncer, Aids e hepatite C, est� com suas pr�prias a��es na UTI. O diagn�stico ainda n�o � definitivo: o que para uns � uma doen�a cr�nica, para outros � uma rara oportunidade de compra. Desde julho, quando foi listada, os pap�is da empresa acumulam queda de 43%, resultado de um inferno astral que incluiu resultados abaixo do esperado e a perda de um grande contrato.

 

Dona de licen�as para comercializar drogas raras (e com pre�os tarja preta) na Am�rica Latina, a Biotoscana vendeu ao mercado a tese secular de envelhecimento da popula��o e maior acesso � sa�de – mas com um b�nus: uma estrutura enxuta e sem grandes investimentos em pesquisa, o que garante margens brutas de 50% em cima dos pre�os de compra.

 Em vez de desenvolver as drogas, a companhia apenas compra as licen�as de medicamentos de grandes grupos farmac�uticos que n�o veem a Am�rica Latina como um mercado priorit�rio. A regi�o representa cerca de 6% a 7% do faturamento da ind�stria farmac�utica global.

 Em seguida, a Biotoscana vai atr�s das aprova��es regulat�rias para vender os medicamentos, que custam entre US$ 500 e US$ 1 mil por m�s de tratamento, al�m de manter uma equipe especializada em interagir com m�dicos, hospitais e conv�nios para inclu�-los em sua lista de cobertura.

 A a��o saiu a R$ 26,50 no IPO (oferta inicial de a��es). A Advent, que controlava 53% da empresa, botou R$ 490 milh�es no bolso e ficou com 31%. O fundo americano Essex e alguns acionistas pessoas f�sicas tamb�m foram vendedores. Outros R$ 424 milh�es foram para o caixa da empresa.

 De l� pra c�, no entanto, o papel foi ao inferno. A empresa foi do lucro ao preju�zo no terceiro trimestre, seu primeiro resultado como companhia aberta. Na semana passada, a p� de cal: a Actelion, dona de quatro medicamentos que representam 15% da receita da empresa, decidiu n�o renovar a licen�a da Biotoscana, levantando d�vidas sobre o risco dos demais contratos.

 Durante o roadshow do IPO, a Biotoscana sinalizou que eram baixas as chances do fim do contrato na Am�rica Latina, apesar de a Actelion ter sido comprada pela Johnson & Johnson meses antes. “Era um risco presente desde o IPO e o mercado ignorou”, diz um gestor dom�stico que n�o tem a a��o.

Estrutura

 

A Biotoscana � uma holding que controla tr�s empresas: a colombiana Biotoscana, a brasileira United Medical e a argentina LKM. (A fus�o foi capitaneada pelo Advent e pelo Essex.) Cada uma tem uma forma de operar, cada pa�s tem suas regras para comercializa��o e cada licen�a conquistada abre uma nova discuss�o sobre o potencial da droga para doen�as espec�ficas.

 A estrutura acion�ria � outro n�: a empresa tem domic�lio fiscal em Luxemburgo e negocia no Brasil por meio de BDRs. A sede fica em Montevid�u, por uma quest�o log�stica: o Uruguai tem um acordo comercial com a Espanha e paga menos impostos nas importa��es vindas de l�. Em outras palavras: a Biotoscana importa os medicamentos europeus via Espanha e revende aos pa�ses latinos via Uruguai.

 “O mercado ainda n�o entendeu o modelo de neg�cio da Biotoscana”, diz um gestor que come�ou a comprar as a��es da empresa nos �ltimos meses. “A companhia n�o � um reloginho, vai ter solavancos, ent�o, � mais dif�cil de avaliar”. Segundo ele, o resultado ruim do terceiro trimestre foi um desses solavancos. No balan�o do quarto trimestre, divulgado esta semana, a receita se recuperou e os resultados para o ano vieram em linha com o esperado. As a��es deram um leve respiro: subiram 3% desde ent�o.

 “A beleza do neg�cio � que eles podem perder um contrato, mas ganham v�rios outros”, diz outro gestor. O contrato da Actelion, perdido este m�s, representava R$ 120 milh�es de receita anual. Mas, em outubro, a Biotoscana havia fechado uma parceria com a japonesa Eisai para vender drogas contra o c�ncer e doen�as neurol�gicas, com potencial de R$ 250 milh�es por ano. O mercado ignorou.

 Depois do tombo, a Biotoscana vale cerca de R$ 1,5 bilh�o, o que a deixa fora do radar de grandes investidores. No mercado, especula-se que o grande vendedor nos �ltimos dias tenha sido o GIC, o fundo soberano de Cingapura, que tem pouco mais de 5% da empresa.

 Otimistas e pessimistas com a Biotoscana concordam num ponto: o pre�o do IPO foi salgado demais. Na oferta, a empresa saiu cotada a 16 vezes o Ebitda (o lucro antes de juros, impostos, deprecia��o e amortiza��o). Agora, a R$ 15 por a��o, a empresa est� na faixa de 8 a 9 vezes o Ebitda.

 O discurso de que os vendedores for�aram a m�o na oferta � corroborado pela posi��o do pr�prio JP Morgan, que foi o coordenador do IPO. Logo ap�s a oferta, o banco come�ou a cobrir o papel com um pre�o-alvo de R$ 33. Agora, diz que a a��o vale R$ 22,50 – abaixo do pre�o da oferta. BTG Pactual e Ita� BBA, que tamb�m participaram da oferta, estimam um valor justo de R$ 33 e R$ 35 por a��o, respectivamente, mas sinalizaram que podem revisar o n�mero para baixo.



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