A cada olhadinha nos grupos de Whatsapp e Facebook, uma tenta��o maior que a outra. Ovos recheados com brigadeiro, churros, bolo de cenoura, palha italiana, leite ninho, nutella e o qu� mais a imagina��o for capaz de transformar em realidade. No Instagram, as fotos d�o outra op��o a n�o ser salivar, com imagens de maravilhas sabor chocolate. E basta uma �nica mensagem para conseguir conex�o direta com o coelho da P�scoa. Uma profus�o de propagandas de ovos, bombons e lembrancinhas tem�ticas inundam as redes sociais, vitrine de quem aproveita a tradi��o de presentear com chocolates para garantir renda extra. A prop�sito, o presente n�o tem nada de virtual.
Como alternativa a ovos vendidos nos supermercados e lojas especializadas, produtores caseiros oferecem op��es aos consumidores usando o meio digital. “As redes sociais garantiram, este ano, 80% das minhas encomendas. O restante � de pessoas que j� s�o clientes”, comenta N�bia Souza, de 35 anos. Ela deixou o emprego em janeiro para se dedicar � filha e entrou de cabe�a na produ��o de ovos de chocolate. N�bia, que j� tinha fama de fazer bons brigadeiros, planeja ficar noites sem dormir para dar conta das encomendas. “A P�scoa � o d�cimo terceiro sal�rio da confeitaria. Aqui em casa, a renda � s� do meu marido, e � como se fosse uma premia��o no meio do ano”, diz.
Na tentativa de inovar, este ano ela come�ou a produzir o kit confeiteiro, para a crian�a produzir o seu pr�prio ovo de colher. Tamanho o sucesso, o produto j� virou seu carro-chefe. “O kit vem com casca de chocolate, o recheio e confeitos para a crian�a montar a sobremesa. Tem feito muito sucesso”, diz. “Como tem gente que vai viajar, as primeiras entregas s�o amanh� (hoje) e, daqui pra frente, � uma semana virando noite”, afirma N�bia.
� da internet tamb�m que vem mais da metade das vendas da confeiteira e empres�ria Lila Semenow, de 31. A produ��o dela � caseira e as redes sociais s�o a principal forma de chegar ao cliente. Ou melhor, de o cliente chegar at� ela. “A maior parte das pessoas s�o desconhecidas e me descobrem pelos grupos de Whatsapp e pelo Instagram”, conta.
Advogada por forma��o, Lila acabou tendo que optar pela confeitaria, depois que as demandas pelo famoso brownie que faz come�aram a tomar grande parte de seu tempo, no ano passado. Nessa �poca, a produ��o de sobremesas e bolos fica um pouco de lado para que ela se dedique aos ovos de colher, que produz pelo segundo ano. “Fa�o os sabores mais cl�ssicos como churros, bolo de cenoura e brigadeiro por R$ 35. Ponho um pre�o mais access�vel para as pessoas presentearem. Todo mundo ama. Viro noite fazendo”, afirma Lila, que conduz a produ��o a todo vapor h� 40 dias.
QUEDA
� depois do expediente como motorista na Prefeitura de Belo Horizonte que Andreia Lemos, de 41 anos, se dedica � produ��o de ovos de P�scoa. As encomendas tamb�m chegam das redes sociais e a renda extraordin�ria ajuda a pagar cursos de l�nguas para os filhos. “Cultura � caro!”, comenta Andreia. H� ovos de todos os pre�os, variando de R$ 25 a R$ 120, e tamb�m para todos os gostos, de ovo de colher a bombons finos. “Tem at� ovo que n�o tem forma de ovo, mas de cora��o”, conta. At� agora, no entanto, ela percebeu queda nas vendas. “Chocolate muito caro. N�o se vende tanto como antes. De dois anos pra c� reduziu. Vendia 100 quilos, sendo que agora s�o em torno de 60”, diz Andreia, que produz ovos h� 15 anos.
A agente de registro Nath�lia de Souza Assun��o, de 31, criou a confeitaria Nath do C�u em 2015 por causa do sucesso de seus brigadeiros e aproveita a P�scoa para aumentar o or�amento. Depois que sai do trabalho, ela e a m�e se dedicam � produ��o dos doces. Este ano, ela tamb�m sentiu desacelera��o das vendas, mas aposta nos pedidos de �ltima hora, vindos principalmente de seu perfil no Instagram. “Ajuda muito a completar o or�amento”, diz.
� naquelas pessoas que est�o com o dinheiro contado que a empreendedora Nat�lia Sampaio, de 34, aposta. Ela produz papelaria personalizada para festas e embalagens. Na P�scoa, Nat�lia cria lembrancinhas com chocolates para quem quer presentear sem gastar muito. “As redes sociais s�o a principal e quase �nica forma de divulga��o. Nos grupos, posto todos os produtos, pensados para quem busca lembrancinha. S�o saquinhos de R$ 3 a R$ 18. O pessoal procura cada vez mais esses presentes baratinhos”, conta.
