
S�o Paulo – Cada vez mais as grandes empresas percebem que a aproxima��o com as startups pode ser um grande neg�cio. S� nos cinco �ltimos meses, foram lan�ados dois grandes projetos– o �rbi e o inovaBra – e h� muitos outros em gesta��o.
Uma das investidas mais recentes na parceria entre empresas e startups � o �rbi Conecta (https://www.orbi.co/), em Belo Horizonte, que surgiu da uni�o de for�as da MRV, Banco Inter e Localiza. O espa�o foi inaugurado h� cinco meses e, segundo Anna Martins, diretora-executiva, tem como proposta a conex�o entre grandes empresas e startups.
O projeto surgiu depois de um representante do San Pedro Valley, comunidade de startups da capital mineira, procurar o Banco Inter sugerindo que houvesse algum tipo de solu��o para que essas pequenas empresas tamb�m usassem as vantagens da conta digital, sem tarifas, que na �poca era oferecida apenas aos clientes pessoa f�sica.
Para as empresas iniciantes, diz Anna, toda economia � bem-vinda, inclusive nas despesas com bancos. Cerca de 200 startups foram ent�o � institui��o financeira apresentar suas demandas. “O banco achou interessante aquela intera��o e percebeu que n�o precisaria criar um hub para juntar as startups. Elas j� estavam interagindo com o banco e desenvolvendo inova��es”, lembra a diretora do �rbi.
A rela��o se estreitou e Jo�o Vitor Menin, presidente do banco, percebeu, depois de ver alguns projetos em S�o Paulo, que tamb�m poderia investir no segmento. Depois de conversar com a MRV e a Localiza, surgiu o �rbi, um espa�o de conex�o entre as startups e as empresas – tanto as patrocinadoras do projeto quanto aquelas que queiram contratar servi�os por demanda.
Atualmente, h� 12 startups no espa�o, mas as intera��es tamb�m acontecem no ambiente virtual. Segundo Anna, a ideia � que outras empresas se interessem em patrocinar o projeto para desenvolver solu��es para seus neg�cios, assim como o Banco Inter fez com a startup Beer or Coffee, que aglutina cerca de 400 espa�os de coworking no pa�s e oferece aos clientes a possibilidade de pagar uma tarifa �nica para que usem qualquer um deles. At� agora, segundo Anna, cerca de 450 empresas passaram pelo �rbi e 15 contratos j� foram assinados entre as companhias e as startups.
CURADORIA
O Bradesco � outro exemplo de grande grupo que decidiu estreitar a rela��o com as startups e agregou ao seu projeto universidades, investidores, grandes corpora��es e os seus principais parceiros tecnol�gicos. Em fevereiro, o banco lan�ou em S�o Paulo o inovaBra habitat (www.inovabra.com.br), espa�o de 22 mil metros quadrados dedicado � gera��o de neg�cios de alto impacto baseados em tecnologias digitais disruptivas, como Blockchain, Big Data e Algoritmos, Internet das Coisas, Intelig�ncia Artificial, Open API e Plataformas Digitais. A ideia � ter um ambiente de conex�o de pessoas e corpora��es, tanto para o desenvolvimento de solu��es quanto para investidores em busca de bons projetos.
Al�m de servir de espa�o de coworking, o inovaBra oferece o apoio de curadoria especializada, incluindo a integra��o entre demanda, tecnologia e recursos financeiros, com o objetivo de incentivar a inova��o. Por enquanto o lugar � ocupado por 600 “habitantes”, como s�o chamados os parceiros.
Paralelamente, o Bradesco inaugurou recentemente o inovaBra lab, um laborat�rio colaborativo com o objetivo de acelerar o desenvolvimento de inova��es do banco em conjunto com parceiros de tecnologia. O espa�o abrigar� experimenta��es que surgirem no inovaBra habitat.
Fernando Freitas, superintendente executivo do Departamento de Inova��o do Bradesco, explica que a rela��o entre empresas e startups ajuda a complementar a oferta de produtos e servi�os para os clientes. “O banco n�o teria como fazer uma s�rie de desenvolvimentos porque simplesmente n�o � o nosso neg�cio, por isso a import�ncia de estreitar a rela��o com quem produz esse tipo de conhecimento”, diz.
Algumas dessas solu��es j� est�o em pr�tica no Bradesco. Uma delas, desenvolvida pela startup Qranio, permitiu criar uma plataforma de treinamento dos funcion�rios. Outra, a MEI F�cil, que ajuda na forma formaliza��o e no dia a dia administrativos dos microempreendedores individuais, serviu para que a institui��o financeira se aproximasse desse nicho.
Al�m do inovaBra habitat e o inovaBra lab, a institui��o financeira conta com um fundo de R$ 100 milh�es para acelerar startups, que pode receber aportes entre R$ 1 milh�o e R$ 5 milh�es, com o teto de R$ 20 milh�es. Por enquanto foram desembolsados, segundo Freitas, 20% desse total, mas nos pr�ximos dois meses ser�o investidos mais 70% na participa��o em startups.
DEBATE DE IDEIAS
O Cubo (https://cubo.network/), do Ita�, foi um dos primeiros espa�os a oferecer um ambiente favor�vel a startups. Inaugurado em 2015, em S�o Paulo, o lugar conta hoje com 55 startups residentes (juntas, elas faturam cerca de R$ 200 milh�es) que j� receberam mais de R$ 150 milh�es em investimentos. Al�m de abrigar neg�cios promissores, o Cubo realiza pelo menos tr�s eventos por dia para o debate de ideias e troca de informa��es. Desde a inaugura��o, o espa�o j� recebeu 65 mil pessoas.
Diretor de tecnologia do Ita� e respons�vel pelo Cubo, Lineu Andrade conta que no segundo semestre o projeto passar� a ocupar um novo endere�o, quatro vezes maior que o atual, numa �rea de 20 mil metros quadrados. “Quer�amos criar um hub de empreendedorismo, que reunisse universidades, empreendedores e grandes corpora��es. Temos startups atuando nas �reas de varejo, intelig�ncia artificial, RH, agribusiness, sa�de e fintechs. � a oportunidade para que as empresas conhe�am novas solu��es de forma antecipada”, afirma.
Flavio Pripas, diretor do Cubo Ita�, acredita que o espa�o garante a possibilidade de gera��o de valor tanto para as empresas que buscam solu��es quanto para as startups. “Nossa voca��o � fazer as conex�es entre aqueles que precisam e buscam inova��es digitais e aqueles que as desenvolvem”, resume.
PSICOLOGIA EM V�DEO
Na Porto Seguro, o relacionamento com as startups fica debaixo do guarda-chuva da Oxig�nio (https://oxigenioaceleradora.com.br/). Segundo Maur�cio Martinez, gerente da �rea, o espa�o de 1,3 mil metros quadrados, em S�o Paulo, j� fez nascer produtos e servi�os que est�o sendo usados pela companhia. Um deles � o atendimento psicol�gico por v�deo, que come�ou sendo oferecido aos funcion�rios da seguradora e passar� a fazer parte das op��es de atendimento aos clientes da �rea de seguro-sa�de.
“Esse tipo de investimento � importante para as grandes empresas porque d� agilidade ao desenvolvimento de solu��es. Oferecemos uma esp�cie de padrinho, que � um executivo de n�vel mais alto, que acompanha a empresa por tr�s meses. Depois dessa mentoria existe a possibilidade de um representante da startup passar mais tr�s meses no Vale do Sil�cio (no estado americano da Calif�rnia)”, detalha Martinez.
Al�m da mentoria, as startups selecionadas, dependendo do programa do qual fazem parte, recebem aportes da Oxig�nio, que pode chegar a R$ 600 mil no ano. At� agora, 29 startups j� passaram pelo programa da Porto Seguro.
Carol Morandini, executiva de startups e desenvolvimento de neg�cios da Telef�nica, conta que a companhia atua em v�rias frentes. Al�m de fazer aportes para ter uma participa��o de at� 7% nos neg�cios, a empresa tem dentro da Telef�nica Open Future (https://www.openfuture.org/pt/space/wayra -sao-paulo) um programa que contrata consultorias e oferece mentorias e treinamentos em diversas �reas, como marketing digital e vendas, al�m de rodadas com investidores. “Essa aproxima��o com as startups � importante para o ambiente de neg�cios. Quem n�o inova perde mercado ou simplesmente desaparece”, afirma Carol.
Do impacto social a ponte em companhias de peso
O ecossistema das startups oferece diferentes oportunidades para diferentes perfis de neg�cios. A aceleradora Artemisia (https://artemisia.org.br/) s� investe em produtos e servi�os que tenham algum tipo de impacto social, explica Paula Sato, gerente de projetos. “� preciso ter a rentabilidade como qualquer outro empreendimento, mas n�o se pode fugir da busca por solu��es que ajudem popula��es de baixa renda, seja nas �reas de educa��o, sa�de ou alimenta��o”, diz.
A Artemisia costuma fazer o trabalho de procurar os projetos mais recentes que atendam a essa demanda para que participem da sele��o de startups. No �ltimo processo de sele��o, de 700 propostas, foram selecionadas 10 para fazer parte do programa de acelera��o, que dura de cinco a seis meses e inclui a disponibilidade de conte�do para o neg�cio, realiza��o de workshops e o acompanhamento por profissionais.
A Liga Ventures tem uma proposta bem diferente ao se apresentar como uma aceleradora corporativa que faz o “casamento” entre startups e grandes companhias, como a Porto Seguro, a Mercedes-Benz, a AES Brasil e a Cisco. “Ouvimos essas empresas, entendemos quais s�o suas demandas e ouvimos o ecossistema para saber o que mais se adequa a essa necessidade. A partir da�, fazemos a sele��o de qual startup pode atender melhor”, diz Rog�rio Tamassia, co-fundador da aceleradora. Ele est� otimista com o ambiente de neg�cios no Brasil. “� um momento de efervesc�ncia. Vemos neg�cios nascendo todos os dias, com grandes empresas gerando riqueza gra�as a jovens startups.”