
S�o Paulo – Com a continuidade da greve dos caminhoneiros, apesar de o governo ter cedido em todos os pontos exigidos pelos manifestantes, as a��es da Petrobras, que est� no centro dos protestos dos grevistas, mantiveram a tend�ncia de queda registrada desde o in�cio dos protestos. Pela manh�, a a��o preferencial da estatal (PN, sem voto) caiu 9,14% e a ordin�ria (ON, com voto), 8,60%, as maiores quedas do �ndice Bovespa. � tarde, a situa��o piorou bastante, com os pap�is PN registrando recuo de 14,59%, a R$ 16,91, e os ON 14,06%, a R$ 19,79. No acumulado dos �ltimos sete dias, os pap�is tiveram recuo de 31,34%.
Al�m das dificuldades naturais, representada pelas perdas com a redu��o nos pre�os do diesel, estopim das manifesta��es em todo o pa�s, o mercado agora teme que o presidente da empresa, Pedro Parente, n�o resista � crise e deixe a empresa. No mercado, � consenso que uma poss�vel sa�da de Parente apenas agravaria a situa��o, trazendo mais incertezas e instabilidade para a petrol�fera.
Em dois anos � frente da Petrobras, Parente mudou a pol�tica de pre�os de combust�vel, com os reajustes passando a ter como base a cota��o internacional do petr�leo, blindou a empresa de interfer�ncias estatais e voltou a avaliar projetos com base em seu potencial de retorno.
Nesse per�odo, a Petrobras triplicou seu valor de mercado: cotada em R$ 388,8 bilh�es, voltou ao topo do ranking das maiores companhias do pa�s. Parente viveu um per�odo de relativa tranquilidade e reconhecimento, at� o in�cio da greve dos caminhoneiros na segunda-feira, quando sua pol�tica de pre�os foi colocada em xeque.
Com o aumento dos rumores de queda de seu presidente, a Petrobras se apressou em negar os boatos, ressaltando, por meio de nota, que o “presidente da companhia, Pedro Parente, n�o tem inten��o de deixar o posto”. O comunicado emitido pela petroleira ocorreu em meio ao calor dos protestos de caminhoneiros e press�es para que a empresa reduzisse o valor do combust�vel.
Se confirmada a sua sa�da, especialistas do mercado financeiro avaliam que o impacto n�o seria s� sobre a estatal de petr�leo, mas sobre todas as empresas estatais e, tamb�m, sobre o mercado brasileiro como um todo, o que representaria novos riscos fiscais para o futuro.
Al�m disso, com a crise de abastecimento longe de um final feliz, o mercado avalia ainda os impactos na economia e nas contas do governo, que se comprometeu a subsidiar a redu��o no pre�o do diesel e ainda bancar os cortes nos impostos que incidem sobre o combust�vel. Esses tributos s�o importantes para as receitas p�blicas, j� que respondem por 5% da arrecada��o total.
Outro ponto que pesa contra a Petrobras � a desconfian�a dos investidores de que o governo, apesar da promessa de que pagar� a petroleira pelos preju�zos com o congelamento do valor do diesel por 60 dias, n�o tenha dinheiro para horar com a promessa feita pelo Planalto.
Os investidores consideram ainda que a Petrobras ficou desprotegida desde o in�cio da paralisa��o dos caminhoneiros, no dia 21 de maio. Desde ent�o, a estatal registrou perdas de R$ 118 bilh�es em seu valor de mercado, retornando � quarta posi��o na lista das maiores empresas listadas na Bolsa brasileira, atr�s de Ambev, Vale e Ita� Unibanco. Segundo a consultoria Economatica, o valor de mercado da Petrobras ontem, �s 16h, era de R$ 242 bilh�es, contra R$ 360 bilh�es, no dia 10 de maio.
Petroleiros
O presidente da Petrobras, Pedro Parente, divulgou ontem uma carta na intranet da empresa na qual afirma que a paralisa��o dos petroleiros, marcada para come�ar amanh�, n�o vai contribuir para acabar com a crise gerada pela greve dos caminhoneiros. Mas, segundo o diretor de Comunica��o da Federa��o �nica dos Petroleiros (FUP), Alexandre Finamori, o comunicado n�o surtiu efeito entre os funcion�rios. “A categoria est� bem mobilizada”, disse. A decis�o de cruzar os bra�os foi comunicada pela FUP � diretoria da petroleira no s�bado. A lista de reivindica��es inclui a demiss�o de Parente, al�m de outros quatro pontos: a redu��o dos pre�os dos combust�veis e do g�s de cozinha; a manuten��o de empregos e retomada da produ��o interna de combust�veis; o fim da importa��o de derivados de petr�leo; e a desmobiliza��o do programa de venda de ativos promovido pela atual gest�o da estatal. No comunicado, a entidade ainda contesta a presen�a de unidades das For�as Armadas em instala��es da Petrobras.