Com a greve dos caminhoneiros nono dia, o fluxo de mercadorias pelas estradas segue incerto. Mesmo os pequenos abastecimentos, garantidos por caminh�es menores que fazem trajetos mais curtos, tamb�m est�o amea�ados com a demora na reposi��o dos estoques de combust�veis nos postos da Grande BH. Com isso, a economia da regi�o metropolitana segue em ponto morto. A escassez de produtos preocupa especialmente a Associa��o Comercial da CeasaMinas (ACCeasa), que relata a pior crise da institui��o em 35 anos.
Apesar dessa situa��o, ainda � poss�vel abastecer supermercados com outros produtos, como fez ontem o caminhoneiro Juscelino Corr�a, de 52 anos. Ele enchia o caminh�o com um mix de mercadorias para um supermercado no Bairro Prado, Oeste de Belo Horizonte, adquiridos em uma das distribuidoras da Ceasa. “Eles ainda t�m muita coisa no estoque. A gente pega o que tem, substitui algumas marcas, mas o objetivo � n�o deixar faltar. Sou agregado do supermercado para o transporte, se eu parar, deixo de ganhar. Ent�o, estou rodando nessa rota, entre o Ceasa e o Prado”, conta. O problema agora � o �leo diesel do caminh�o, que deve acabar nos pr�ximos dias e ele n�o sabe como vai fazer para trabalhar.
Ainda conforme a ACCeasa, no caso dos hortifrutigranjeiros � normal chegar 1,2 mil caminh�es por dia com o estoque de produtores rurais, mas n�o est� chegando nada. Frutas, verduras e legumes que chegaram ontem em pequena quantidade foram direcionados ao Mercado Livre do Produtor e s�o provenientes da Grande BH. Um dos expositores, o produtor rural Ernani Seidelly Silva, de 23, mora em Sarzedo e leva a produ��o de quiabo e mandioca para vender no local. Ele deixou exposta uma quantidade consider�vel de quiabo, mas o fluxo de pessoas estava muito pequeno. “Normalmente, trago de caminh�o, mas com essa greve usei um carro pequeno. A gasolina s� d� para mais um dia, ent�o, n�o sei como vou fazer ao longo da semana”, afirma.

A oferta de hortifrutigranjeiros na Ceasa, de acordo com o site da institui��o, � zero para v�rios produtos. Um dos exemplos � o abacaxi, que tinha 7.700 d�zias h� uma semana e ontem n�o havia nada para vender. A oferta de 29 mil embalagens com 18 quilos de ma�a na semana passada tamb�m zerou. Mesma situa��o da pera, acabou ontem depois de registrar 2,3 mil embalagens de 20 quilos h� uma semana.
Ao contr�rio de Ernani, o caminhoneiro Jos� Leandro Martins, de 36, est� parado desde quinta-feira e por isso n�o traz mais a carga de tomates que est� acostumado a levar diariamente, saindo de Sete Lagoas, na Regi�o Central. “Estou aqui parado dentro da Ceasa e dormindo no caminh�o. S� tenho combust�vel para voltar e chegar na porta de casa, mas ainda n�o sei quais ser�o os rumos do movimento”, afirma Martins.
Dezenas de caminh�es seguiam parados na Ceasa na manh� de ontem e o fim da paralisa��o ainda era uma inc�gnita ap�s o an�ncio pelo governo federal de novas medidas. A principal delas � a redu��o do pre�o do diesel em R$ 0,46 nas bombas por 60 dias e a isen��o do pagamento de ped�gio para eixos suspensos de caminh�es vazios. O governo federal atribui a indefini��o ao fato de n�o haver lideran�a no movimento e por isso a desmobiliza��o � mais dif�cil.