S�o Paulo – Nos �ltimos cinco anos, a participa��o do agroneg�cio no Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro saltou de 19% para 23%. Boa parte desse avan�o se deve � ado��o de novas tecnologias e � chegada das agritechs, as startups que est�o se multiplicando e fazendo uma nova revolu��o no campo, trazendo ganhos de produtividade e aumento de renda aos agricultores.


Na lista de novidades oferecidas pelas agritechs, destaque para as ferramentas voltadas � agricultura de precis�o, drones e rob�tica aplicada no campo, uso de sat�lites, big data, internet das coisas (IoT), intelig�ncia artificial e sistemas de gest�o em nuvem.
“A busca por inova��o n�o � s� uma prioridade, mas uma necessidade em um ambiente econ�mico altamente complexo e de crescente press�o por parte dos consumidores, governos e reguladores que demandam mais efici�ncia, controle, rastreabilidade e sustentabilidade”, diz Andr� Luiz Monaretti, s�cio da KPMG Agroneg�cios.
Tecnologia
Outro ponto que tem ajudado a tecnologia a chegar mais rapidamente ao campo � a mudan�a de cultura dos agricultores, hoje mais abertos �s novidades e �s facilidades introduzidas por sistemas digitais. “A maior aceita��o da tecnologia pelo agricultor � o primeiro ponto desse avan�o grande das agritechs. Isso tem impacto diretamente no crescimento do nosso segmento”, afirma Rafael Ribeiro, gerente-executivo da Associa��o Brasileira das Startups (ABStartups), entidade que nasceu para organizar o crescimento dessas empresas no pa�s, hoje com mais de mil associados e cerca de 7 mil registradas, “com CNPJ e faturamento”.
A SP Venture, gestora de investimentos em venture capital de S�o Paulo, elegeu, desde 2013, as startups de agricultura como prioridade sua estrat�gia de fomento. Eleita uma das 10 maiores investidoras ativas do mundo, a ag�ncia destinou cerca de R$ 60 milh�es para fomentar cerca de 20 agritechs.
Internet
Francisco Jardim, s�cio-diretor da SP, diz que essa onda de startups agr�colas no Brasil ganhou relev�ncia porque a internet alcan�ou um bom grau de maturidade e h� muita tecnologia dispon�vel para uma s�rie de produtos e servi�os destinados ao setor agr�cola. Mas, pondera o executivo, ainda existem desafios a serem vencidos, como a melhoria das conex�es nas �reas rurais, onde apenas 39% das pessoas conseguem navegar na rede, metade do �ndice das que vivem nas cidades.
Segundo Jardim, as empresas voltadas para a implementa��o de tecnologias no campo est�o pelo menos tr�s anos atrasadas em rela��o as fintechs do setor financeiro, por conta dessa lentid�o na implanta��o de infraestrutura tecnol�gica nas regi�es mais remotas e onde est�o grande parte dos produtores rurais e suas fazendas. “As transforma��es que est�o acontecendo no campo andariam mais r�pido se houvesse infraestrutura adequada”, observa o executivo, salientando que, apesar da precariedade das conex�es, estudos mostram que de cada 10 agricultores brasileiros, sete acessam a internet, 97% s�o usu�rios do WhatsApp e do Facebook, e utilizam o smartphone para isso.
Produtividade
Rafael Coelho, CEO da Agronow, startup voltada ao mercado agro em toda a sua cadeia, especializada em mapeamentos e previs�o de produtividade para a gest�o agr�cola e monitoramento de safras, n�o tem d�vidas de que a ado��o de tecnologias pelos produtores agr�colas brasileiros est� apenas come�ando e segue o modelo americano de levar inova��o e produtividade para o campo. Mas lembra que o mercado brasileiro ainda est� amadurecendo.
“J� vi muita gente do mercado de tecnologia que conhecia muito de inova��o e pouco de agricultura. Hoje, j� se sabe que tecnologia � importante, mas � preciso entender de agricultura e um pouco a cabe�a do agricultor. Vender nossas ideias para os produtores n�o � uma tarefa f�cil”, explica o CEO da Agronow. Em um futuro muito pr�ximo, o CEO da Agronow espera que as fazendas pequenas (com cerca de 2 mil hectares) passem a adotar estruturas empresariais e a investir mais em tecnologia, da mesma forma que as grandes fazem hoje.
Dinheiro
Para aproveitar esse novo ciclo de desenvolvimento, a Agronow est� captando recursos para levar seus produtos para a vizinha Argentina e expandir a �rea de intelig�ncia artificial para poder trabalhar com an�lises mercadol�gicas cada vez mais macro, de forma automatizada e periodicidade semanal. “Das an�lises mercadol�gicas que fazemos hoje (como soja, milho e cana-de-a��car), queremos colocar trigo e algod�o e fazer isso por estado, regi�o ou pa�s”.
O executivo afirma ainda que as agritechs, aos poucos, est�o conquistando a confian�a dos agricultores e a cria��o de hubs de fazendas – locais onde s�o realizados testes e experimenta��es – o que tem ajudado muito nesse crescimento. “Poucos agricultores querem ser os primeiros a experimentar. Eles querem saber os resultados que foram conseguidos antes, ou como foi em outra fazenda ou no seu vizinho. Ningu�m quer se arriscar no pioneirismo”, conta Coelho. Por isso, a necessidade de aumentar o n�mero das chamadas “fazendas alfa”, como as que existem em Cuiab�, no Mato Grosso, e em Piracicaba, interior de S�o Paulo, a chamada “Vale do Sil�cio” do agroneg�cio brasileiro.
Como diz Monaretti, da KPMG, fomentar o desenvolvimento tecnol�gico � imprescind�vel para o Brasil ter um agroneg�cio cada vez mais inovador, competitivo e sustent�vel.
Dom�nio masculino, concentra��o no Sudeste e poucos funcion�rios
A maioria dos empreendedores das agritechs � homem e tem entre 26 e 45 anos, segundo relat�rio elaborado pela Distrito, plataforma de inova��o para startups e investidores, em conjunto com a consultoria KPMG. As mulheres representam apenas 13% desse universo. A regi�o Sudeste abriga boa parte das startups agr�colas, com 72% do total de 135 empresas pesquisas pela consultoria.
Em rela��o ao n�mero de funcion�rios, 41,8% delas n�o t�m um �nico empregado registrado e funciona apenas com o trabalho de seus fundadores; outras 49% t�m de 1 a 20 empregados. As 38 startups voltadas para a agricultura de precis�o lideram o n�vel de emprego, com 30 funcion�rios no total, seguidas das especializadas em gerenciamento de neg�cios, com uma m�dia de 20 funcion�rios.
Em termos de faturamento presumido, 46,7% t�m receitas entre R$ 60 mil a R$ 360 mil, e apenas 1,3% delas tem faturamento acima de R$ 30 milh�es. Pelos dados da ABStartup, a m�dia do crescimento anual das startups em geral no Brasil � de 25% ao ano, desde 2012. Hoje, tanto a KPMG quanto a associa��o, calculam que existam no pa�s em torno de 7 mil startups, sendo 135 a 150 voltadas exclusivamente para o agroneg�cio. O maior n�mero de startups est� na �rea de educa��o, com 400 empresas. Outro dado interessante � sobre a idade dessas empresas: 64,5% nasceram entre os anos de 2010 e 2017, e apenas 11,4% foram abertas antes de 2000.