S�o Paulo – H� 10 anos, os estudantes de publicidade Carlos Ribeiro, na �poca com 22 anos, e Leonardo Stecanella, com 27, passaram meses pensando em montar um neg�cio pr�prio. Em tempos de populariza��o da internet e lan�amento de novas tecnologias, os dois amigos sabiam que havia grandes oportunidades, mas n�o queriam entrar na moda do TI ou dos c�digos HTML. “Nossa ideia era criar algo in�dito e que atendesse a alguma necessidade b�sica dos consumidores, de forma simples e r�pida”, relembra Ribeiro.
Em S�o Paulo, gigantes como Walmart, Arcos Dorados (dona da marca McDonald’s), Castrol e Avianca mant�m contratos permanentes com a Snack, e oferecem op��es mais saud�veis a seus empregados. Em Belo Horizonte, os maiores clientes s�o a Zurich Seguros, Axel e BHS Axter TI. No ano passado, a empresa praticamente dobrou de tamanho, resultado que motivou os agora s�cios Carlos e Leonardo a cultivarem planos de expans�o. “Nosso pr�ximo passo ser� o Rio de Janeiro”, afirma Ribeiro.
S�o hist�rias como a da Snack Frutas que explicam o forte crescimento do mercado delivery no pa�s. Os servi�os de entrega, que j� vinham crescendo nos �ltimos anos, foram turbinados pela crise e pela necessidade de o varejo tradicional se diversificar. Em busca de comodidade, as pessoas aprenderam a utilizar com frequ�ncia esse tipo de entrega. No Brasil, os servi�os conhecidos como delivery foram um dos que mais cresceram nos �ltimos anos, segundo dados da Associa��o Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel).
Um recente levantamento da entidade mostra que o setor fechou 2017 com faturamento acima dos R$ 10 bilh�es. Os n�meros foram vitaminados pela multiplica��o dos canais de pedidos. O que antes era feito apenas por telefone, hoje � poss�vel tamb�m por sites e aplicativos. “O delivery se tornou uma ferramenta fundamental na estrat�gia de neg�cios das empresas, importante tanto para as grandes quanto para as micro e pequenas”, afirma a economista Anna Scholler, especialista em varejo na FGV-SP.
De fato, muitos estabelecimentos t�m investido no servi�o delivery para atrair clientes e aumentar as vendas. Um estudo elaborado pelo Sebrae endossa a prefer�ncia dos consumidores por locais que ofere�am entrega em casa ou no escrit�rio. O levantamento concluiu que metade dos restaurantes e lanchonetes atendidos pela institui��o em todo o Brasil oferece o servi�o, com equipe pr�pria, para oferecer comodidade ao cliente. Ainda segundo a pesquisa, 12% n�o t�m loja f�sica, trabalhando exclusivamente por meio de entregas, sem portas abertas para a rua.
Clube
O tamanho do mercado delivery � ainda maior do que mostram os n�meros da Abrasel e do Sebrae, j� que n�o levam em conta a exist�ncia de empresas como a Adeus Rotina, especializada em entrega de produtos er�ticos. A ideia partiu do casal Maicon Ribeiro Esteves e Daiane Malgarin. Al�m do servi�o de entrega, o Adeus Rotina criou um modelo de neg�cio baseado em clube de assinatura. Todos os meses, os clientes recebem em casa uma caixa com itens inesperados – e a novidade acabou ganhando enorme aceita��o no mercado.
Criado em 2014, o Adeus Rotina atende a mais de 15 mil casais. “Sabemos que falar abertamente sobre a vida sexual ainda � um tabu entre os casais, mas a aceita��o do Adeus Rotina tem nos surpreendido”, diz Daiane. “O n�mero de assinantes tem crescido tanto que decidimos lan�ar as caixas tem�ticas, pensando tamb�m em atender a todos os tipos de casais” acrescenta o marido e s�cio, Maicon Esteves.
Criatividade � o segredo do neg�cio. � assim que tem se popularizado a Nerd ao Cubo, um clube de assinaturas para o p�blico nerd e gamer. Por um valor mensal de R$ 79,90, os assinantes recebem todos os meses, na porta de casa, uma caixa misteriosa contendo de cinco a sete produtos cuidadosamente selecionados. Al�m de garantir um kit com itens que valem, segundo a empresa, mais do que o valor investido, os assinantes ainda curtem a expectativa, e se divertem ao receber um presente misterioso todos os meses.
A empresa nasceu em mar�o de 2015 a partir da ideia de tr�s s�cios: Diogo Santos, Raul Calhelha e Thierre Penteado, nerds assumidos. A startup chegou a firmar parceria com a rede Telecine, de olho nos f�s de cinema e cultura geek. “A ideia � levar ao p�blico o melhor do que h� em filmes, indo desde o nost�lgico De volta para o futuro at� filmes mais novos da Marvel”, afirma Santos.
Bichos
Um dos setores que passaram ilesos pela crise, o mercado pet tamb�m oferece oportunidades de neg�cios. Criadas pelas s�cias Priscila Calazans e Gisele Bilotte, a Marmipets produz e entrega marmitas de alimenta��o saud�vel para c�es. O card�pio, composto por alimentos cozidos, � adequado � necessidade e ao peso do cachorro. Cada marmita de 250 gramas custa at� R$ 8, al�m da taxa de entrega. Em breve, haver� servi�o voltado tamb�m aos gatos.
Com a expans�o dos smartphones e dos aplicativos, todos os ramos de atividades passaram a ser atendidos pelo sistema delivery. Criada h� quatro anos e atualmente a maior empresa no Brasil voltada �s entregas para gr�vidas e beb�s, a PetiteBox envia todos os meses para os clientes uma caixa cheia de produtos com novidades do mundo da maternidade.
Felipe Wasserman, CEO da Petitebox, explica que, em apenas quatro anos, a empresa n�o s� conseguiu a lideran�a do segmento como superou todas as metas definidas no in�cio do neg�cio. “Quando come�amos, esper�vamos um sucesso r�pido, mas hoje estamos ainda melhor do projetamos”, diz. “J� distribu�mos mais de 100 mil caixas em todo o pa�s.” Segundo ele, as m�es s�o colaborativas, ajudando a escolher o design das caixas e at� dando dicas sobre projetos e planos de crescimento. “O delivery � um setor que oferece in�meras oportunidades. Se a empresa trabalhar bem, a chance de sucesso � enorme.”
Um pouco de tudo nas caixas

No universo do delivery, n�o faltam op��es consideradas inovadoras: iFood, UberEats, entre tantas outras. Mas poucas startups t�m conquistando tanta popularidade quanto a Rappi. A empresa opera em 10 cidades brasileiras e est� fazendo fama com seus entregadores e caixas laranjas levando de tudo um pouco: alimentos, compras de supermercados, roupas e sapatos, produtos de petshop e at� dinheiro.
Segundo o fundador, o colombiano Sim�n Borrero, a Rappi quer ser uma “loja de tudo, j� que o futuro � o delivery das coisas.” O sucesso da empresa dever� torn�-la um unic�rnio (avaliada em mais de US$ 1 bilh�o) em breve. A startup � colombiana, mas se expandiu por toda a Am�rica Latina. Al�m de ser sucesso em Bogot� e Cidade do M�xico, a empresa chegou ao Brasil e j� conseguiu alcan�ar uma boa participa��o de mercado.
A opera��o brasileira � comandada pelo executivo Bruno Nardon, que ajudou a fundar a subsidi�ria depois de ter criado a Kanui, em 2011, e orquestrado sua fus�o com a Dafiti, em 2015, dando origem ao maior e-commerce de moda da Am�rica Latina. A Rappi cobra a partir de R$ 6,90 por entrega e h� programas com mensalidade de R$ 19,90 que isenta o cliente da taxa de entrega para qualquer compra acima de R$ 20.