
S�o Paulo – Em mais uma medida para atacar os custos fora de controle de um sistema de sa�de ineficiente, a General Motors decidiu, em sua cidade natal, cortar o intermedi�rio. A montadora fechou acordo direto com uma rede de seis hospitais de Detroit e regi�o para atender seus empregados, eliminando assim as seguradoras do processo.
A GM engrossa fila ainda restrita, mas crescente, de empresas que v�m adotando essa modalidade de benef�cio de sa�de nos Estados Unidos. Ao fechar acordo direto com uma rede de atendimento, elas conseguem negociar pre�os melhores e metas de custo e qualidade.
No modelo tradicional, com conv�nios mediados pelas seguradoras, os empregadores ficam no escuro sobre os custos envolvidos nos cuidados com os pacientes – e os hospitais s�o remunerados pelo volume de atendimentos e servi�os prestados, o que cria um incentivo perverso ao desperd�cio.
O acordo da GM com o Henry Ford Health System cobre de tudo, de consultas m�dicas a procedimentos cir�rgicos. Como parte de um contrato de cinco anos, a rede de hospitais ter� metas de qualidade e custo que envolvem a obriga��o de marca��o de consultas para o mesmo dia ou o dia seguinte (a depender da especialidade), redu��o de interna��es e melhora no controle de press�o alta dos pacientes.
Os empregados da montadora poder�o optar por outras modalidades de benef�cio, mas o conv�nio com o Henry Ford deve resultar em custo de US$ 300 a US$ 900 menor por ano do que a segunda op��o mais em conta, de acordo com a companhia. Nos Estados Unidos, os empregados arcam com parte do benef�cio de sa�de.
O presidente do Henry Ford, Wright L. Lassiter III, disse ao jornal The Wall Street Journal que a parceria � um desafio, mas reconheceu que o setor precisa se afastar dos modelos que premiam o volume dos servi�os m�dicos. “Teremos que entregar menos das coisas que tradicionalmente geram mais receita”, afirmou. Apesar disso, a escala potencial, com o acordo, promete fechar as contas: 24 mil funcion�rios, – de um total de 180 mil empregados da GM no mundo – s�o eleg�veis ao benef�cio.
Num setor complexo e regulado, eliminar a seguradora n�o � uma op��o trivial; e, por enquanto, tem sido uma op��o de empresas com milhares de empregados concentrados em regi�es espec�ficas. No caso da GM, a elimina��o n�o � total, mas a parceria � bem mais restrita: a Blue Cross vai ajudar no processamento e avalia��o de pedidos m�dicos.
A Intel come�ou a fazer contratos diretos com provedoras de servi�os m�dicos em 2013 e hoje adota esse modelo em cinco mercados. O resultado s�o custos 17% menores que nos planos tradicionais. A Boeing tamb�m adotou o modelo em 2015 e hoje o aplica em quatro localidades.
Nova onda Outras empresas, como Walmart e JetBlue, t�m parceria mais restrita, para cirurgias complexas – como de coluna, cora��o e bari�trica – por meio de uma rede chamada Employers Centers of Excellence Network (ECN), que ajuda os empregadores a identificar provedores de servi�o de qualidade e negociar os pagamentos.
Apesar da complexidade dos acordos diretos, cada vez mais empresas pensam em adot�-los. Uma pesquisa recente feita pela National Business Group on Health com grandes empregadores nos Estados Unidos mostra que 11% deles pretendem adotar algum tipo de modelo nessa linha, contra apenas 3% no ano passado.
O movimento da GM � apenas uma das in�meras iniciativas para tentar conter a disparada com os custos m�dicos que aflige pacientes, seguradoras e empregadores em todo o mundo.No come�o do ano, JP Morgan, Berkshire Hathaway e a Amazon anunciaram a cria��o de uma empresa independente, sem fins lucrativos, para seus empregados nos Estados Unidos.
H� pouco mais de um m�s, as companhias contrataram o CEO da JV Atul Gawande, um cirurgi�o que d� aula em Harvard e � cr�tico ferrenho da inefici�ncia do sistema de sa�de. Uma frase atribu�da a um antigo CEO da GM diz que “o que � bom para a General Motors � bom para os Estados Unidos.” Os resultados da iniciativa em Detroit mostrar�o se a frase � verdadeira.
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GM fecha acordo com rede de hospitais para atendimento de seus empregados
Modelo, que reduz custos, eliminando as seguradoras antes conveniadas, j� � usado na Intel e Boeing
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