
S�o Paulo – As fabricantes de bebidas alco�licas est�o mergulhando de cabe�a no universo da maconha. Nos �ltimos meses, executivos de empresas como AB InBev, Heineken, Coca-Cola e Diageo deixaram suas bebidas tradicionais de lado e foram entender como funciona esse universo. Segundo o jornal canadense The Globe and Mail, as companhias come�aram uma aproxima��o com algumas das principais produtoras de Cannabis do Canad�.
Al�m disso, h� claramente um temor das fabricantes em rela��o aos impactos do crescimento do mercado de Cannabis legal no neg�cio de bebidas alco�licas.
O namoro entre os dois setores n�o � de hoje.A Constellation Brands, que fabrica a Corona nos Estados Unidos, investiu no ano passado US$ 191 milh�es em uma fatia de 9,9% da canadense Canopy Growth. H� duas semanas, ela intensificou a aposta. Por mais US$ 4 bilh�es, aumentou a participa��o para 38% – e, pelo acordo, tem a op��o de comprar mais 139,7 milh�es de a��es nos pr�ximos tr�s anos.
Caso decida exercer o direito, sua fatia na canadense subiria para mais de 50%, garantindo o controle da empresa, e ela teria que desembolsar outros US$ 5 bilh�es.
A inten��o das duas empresas com a uni�o � clara. A Canopy e a Constellation est�o desenvolvendo bebidas feitas � base da planta – como infus�es com THC e CBD – e querem, ap�s a legaliza��o do uso recreativo, inundar o Canad� com esses produtos.
“Essas bebidas n�o ter�o calorias e far�o voc� se sentir animado”, garantiu Bruce Linton, CEO da Canopy, em entrevista � CNBC. “Estamos falando de ir em um bar e tomar uma ‘tweed and tonic’ (como esse tipo de bebida tem sido chamado).” Ele acrescentou ainda que os produtos poder�o ter 80 misturas potenciais diferentes com canabin�ides.
A Heineken tomou a dianteira e j� oferece, desde o m�s passado, um produto semelhante – em alguns mercados espec�ficos – por meio de sua marca Lagunitas (uma joint venture com a CannaCraft, produtora de maconha da Calif�rnia). A americana Molson Coors tamb�m est� se movimentando e fechou em agosto uma joint venture com a canadense The Hydropothecary Corporation, para buscar oportunidades nesse segmento.
A incurs�o das fabricantes de bebidas no universo da maconha n�o � dif�cil de entender. Enquanto o consumo da planta tem disparado nos �ltimos anos, principalmente entre os jovens, o uso de bebidas alco�licas segue uma trajet�ria constante de queda, nos principais mercados do mundo.
Nos �ltimos cinco anos, as vendas de cervejas ca�ram mais de 12% na Am�rica do Norte, segundo um estudo da consultoria Euromonitor. As previs�es tamb�m n�o s�o nada animadoras. At� 2022, a expectativa � de um recuo de mais 14%. Enquanto as duas ind�strias trazem alguns aspectos complementares, como a produ��o de produtos h�bridos, h� tamb�m um fator claro de substitui��o, que impacta as bebidas. Isso porque alguns consumidores deixam de usar bebidas alco�licas quando est�o consumindo maconha.
A maior parte das oportunidades na ind�stria de marijuana se encontra no Canad�, onde o setor encontrou um terreno f�rtil, em termos regulat�rios e legais, para crescer. Mas, nos Estados Unidos, h� tamb�m um mercado em ebuli��o. Nove estados j� permitem o uso recreativo da Cannabis e 30, o medicinal. At� 2020, a previs�o da Euromonitor � que o mercado legal de maconha movimente mais de US$ 16 bilh�es s� nos Estados Unidos.
Por enquanto, quem investiu nessa ind�stria j� percebeu que a hist�ria � s�ria: as a��es das empresas de maconha t�m decolado nos �ltimos anos. O Marijuana Index, que acompanha a evolu��o dos pap�is de 35 companhias listadas nas bolsas do Canad� e dos Estados Unidos, valorizou mais de 500% do in�cio de 2016 at� hoje. E, com o avan�o na legaliza��o da planta em cada vez mais mercados, a tend�ncia � que esse crescimento continue. As fabricantes de bebida tamb�m querem surfar nessa onda.