
S�o Paulo – Depois de cerca de um m�s de opera��o parcial para ajustes, a CVS Health, maior grupo de sa�de dos Estados Unidos, inaugura oficialmente sua primeira loja-conceito da Onofre, na Avenida Paulista, na quinta-feira.
Ser� o movimento mais relevante desde que o grupo americano chegou ao pa�s, em 2013, por meio da aquisi��o da rede de farm�cias fundada por Arlindo Arede e presente com lojas em Minas Gerais e S�o Paulo, al�m da opera��o on-line em todos os estados e no Distrito Federal.
A decis�o de construir um novo neg�cio foi tomada h� cerca de um ano pela dire��o da empresa, que no pa�s � presidida pela CEO Elizangela Kioko. Foram pelo menos tr�s meses de muitas reuni�es do grupo multidisciplinar, do qual fizeram parte, al�m da executiva e de Maginone, profissionais das �reas de log�stica, tecnologia da informa��o (TI), comercial e de projetos.
A etapa seguinte incluiu visitas a 12 opera��es de varejo. O objetivo era buscar as melhores pr�ticas, desde loja para cabeleireiro at� fast-food. O trabalho da equipe passou ainda por entrevistas tanto com os clientes das lojas quanto da opera��o on-line e daqueles que consomem nos dois modelos de neg�cio. “Tamb�m estudamos o que havia de mais novo no exterior”, diz Maginone.
O trabalho teve a coordena��o da GS&Consult, especializada em varejo, que deu � loja da Avenida Paulista o conceito de converg�ncia de canais (ou omnichannel), que se comunica com os diferentes p�blicos. Segundo o diretor da Onofre, clientes que compram em diferentes canais gastam at� seis vezes mais do que aquele que utiliza apenas um.
“As pessoas n�o querem ser tratadas como um n�mero de CPF, ao contr�rio, esperam por um atendimento personalizado, que ofere�a benef�cios, como a rapidez na entrega, a boa oferta de mercadorias e informa��o”, diz o diretor. Os investimentos de 2018 para incrementar a opera��o on-line da Onofre n�o s�o revelados pelo executivo, mas segundo ele o volume seria suficiente para dobrar o n�mero de lojas da companhia.
Apesar das vendas do setor estarem abaixo do que era previsto na �poca da aquisi��o da empresa (leia mais abaixo), as apostas no pa�s t�m aumentado, especialmente por conta do desempenho da rede no com�rcio eletr�nico, onde atua desde 2000. Hoje, quase a metade da receita (valores n�o revelados pela companhia), mais precisamente 46%, tem como origem as vendas feitas pelo site.
Segundo Maginone, esse percentual est� muito acima da m�dia obtida pelo varejo no pa�s, em torno de 4,5%. J� para o setor farmac�utico, a estimativa, de acordo com o executivo, � que por volta de 1,5% do faturamento tenha como origem o e-commerce.
De acordo com o diretor da Onofre CVS Pharmacy, as pr�ximas lojas dever�o agregar algumas novidades da unidade da Avenida Paulista, mas n�o haver� uma adequa��o daquelas que j� est�o em opera��o.
Modelos de neg�cio que facilitam a vida do consumidor para que ele n�o tenha de sair de casa, como o aplicativo de refei��es iFood, s�o algumas das inspira��es para o fortalecimento do com�rcio eletr�nico da Onofre. Segundo Maginone, cada vez mais os consumidores v�o buscar levar a praticidade para dentro de casa, como fazem ao pedir uma pizza. E isso tamb�m vai ser cada vez mais visto em outras atividades, como a de farm�cia.
Centro de distribui��o
Outro movimento estrat�gico da Onofre na dire��o do e-commerce ser� a abertura de um centro de distribui��o, em novembro. A empresa escolheu o tradicional bairro da Mooca, na zona leste da capital paulista, e vai equipar o espa�o com uma s�rie de ferramentas tecnol�gicas.
O CD ser� exclusivo para o com�rcio eletr�nico e ter� poucos funcion�rios. Inspirado no modelo da Amazon, nos Estados Unidos, ter� quase todas as atividades feitas por rob�s. A decis�o de ter esse tipo de opera��o na zona urbana de um grande centro, explica Maginone, vai facilitar a entrega de produtos. “Esse � o tipo de ganho que o cliente busca e resolvemos apostar.”
Atualmente, a empresa tem modalidades de entrega na Grande S�o Paulo em at� quatro horas. Est� em teste um delivery, apenas em alguns bairros da capital paulista, dentro de 90 minutos.
Maginone n�o acredita que o setor de farm�cias vai prosperar investindo exclusivamente na expans�o de lojas f�sicas. Segundo o executivo, apesar da sensa��o que se tem em grandes centros de que h� uma unidade de venda de medicamentos em cada quarteir�o, o mesmo n�o se v� no restante do pa�s. Segundo o diretor, pouco mais de 80% das farm�cias est�o concentradas em cerca de 1.000 munic�pios brasileiros. Os outros 4.000, diz, s�o atendidos por 20% das farm�cias. “Isso representa muita oportunidade”, avalia.
Menos cara de farm�cia
Consultor da BTB e especialista em Big Data, Renato Dolci acredita que o futuro do setor de farm�cias esteja na agrega��o de servi�os e experi�ncias com o objetivo de aumentar a conveni�ncia para os clientes. “N�o existe mais o que � venda no on-line ou no varejo f�sico. As redes de farm�cia precisar�o entender como o cliente consome e usar essas informa��es para atender melhor e gerar novas fontes de receita. Quem n�o agrega algo diferente nesse neg�cio vai ter de disputar cliente com guerra de pre�o, e esse � um oceano vermelho. O melhor para um neg�cio � crescer com a oferta de mais valor agregado, ou seja, no oceano azul”, explica o especialista.
Para Dolci, ao investir no conhecimento das informa��es disponibilizadas pelos clientes, as farm�cias t�m condi��es n�o apenas de melhorar sua oferta de produtos e de servi�os – por exemplo, ao disponibilizar conte�do sobre uma determinada doen�a segundo o perfil das compras do consumidor -, mas tamb�m fazer parcerias com fornecedores para que eles direcionem seus produtos segundo a demanda de uma determinada regi�o. O resultado � potencial aumento de vendas, j� que o direcionamento de mercadorias ser� mais assertivo, e melhores negocia��es com os fabricantes.
S�cio-diretor da GS&Consult, Alexandre van Beeck acredita que a Onofre, com uma gigante como a CVS por tr�s da opera��o, tem condi��es de rivalizar com os grandes mesmo sem um plano agressivo de expans�o de pontos. At� agora, explica, o grupo americano viveu um per�odo de adapta��o �s condi��es brasileiras de fazer neg�cio, como a malha tribut�ria e os gargalos log�sticos.
Mas para van Beeck, estrat�gias como o da nova Onofre mostram a import�ncia de se agregar informa��o com a ajuda de tecnologia e o peso que isso pode ter na linha final do balan�o. “Neg�cios com esse modelo confirmam que � poss�vel ganhar mercado sem necessariamente ter uma loja f�sica”, avalia.
Expectativa versus realidade
A compra da Onofre foi a primeira opera��o desse tipo, feita pela CVS, fora dos Estados Unidos. Naquela ocasi�o, Larry Merlo, CEO da companhia, enxergava o Brasil como um grande potencial para os neg�cios, segundo declara��o feita � ag�ncia de not�cias Reuters: “Vemos o Brasil como um mercado atraente, uma vez que os setores de sa�de e farm�cia devem crescer dois d�gitos na pr�xima d�cada”, disse.
A expectativa otimista de Merlo para o pa�s n�o vem se confirmando. A Associa��o Brasileira de Redes de Farm�cias e Drogarias (Abrafarma), que representa as 24 maiores marcas, prev� para este ano um aumento de faturamento entre 8% e 9% em compara��o a 2017, quando a alta foi de 8,96%. Em 2016, o crescimento da receita foi de 11,03% em rela��o aos n�meros de 2015.
A receita da Onofre
N�mero de lojas 49
Estados onde est� presente S�o Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro
Atendimento do e-commerce todo o territ�rio nacional
Participa��o do com�rcio eletr�nico no faturamento 46%
N�mero de funcion�rios 1.500
N�o revela faturamento ou t�quete m�dio
Fonte: Onofre CVS Pharmacy