Amazon dobra sal�rios e cria press�o sobre as rivais

S�o Paulo – Enquanto os brasileiros discutem o futuro do d�cimo terceiro sal�rio, direitos previdenci�rios e redu��o da desigualdade de sal�rios entre homens e mulheres, algumas das maiores empresas dos Estados Unidos est�o tomando iniciativas pr�prias de valoriza��o e reten��o de talentos.

Esse movimento ficou mais evidente na semana passada, quando a Amazon decidiu aumentar o sal�rio m�nimo de seus funcion�rios. A partir de 1º de novembro, os empregados receber�o ao menos US$ 15 pela hora trabalhada, o dobro do sal�rio m�nimo federal, de US$ 7,25. A empresa vinha sendo alvo de cr�ticas e investiga��es sobre as condi��es de trabalho em suas unidades.

As suspeitas de excesso de trabalho e baixa remunera��o surgiram ap�s o jornalista brit�nico James Bloodworth passar tr�s semanas em um centro de distribui��o da Amazon para investigar as condi��es de trabalho da empresa. “Escutamos as cr�ticas, pensamos muito sobre o que queremos fazer”, disse, em comunicado, o presidente da Amazon, Jeff Bezos. “Estamos entusiasmados com essa mudan�a e incentivamos nossos concorrentes e outros grandes empregadores a se juntarem a n�s”.

Segundo a gigante americana, mais de 250 mil funcion�rios e 100 mil tempor�rios ser�o beneficiados pelo reajuste. Um sal�rio de US$ 15 por hora, levando em considera��o um empregado com jornada de 40 horas semanais, representa uma renda anual de US$ 31,2 mil – ou US$ 30 mil, tirando duas semanas de f�rias n�o remuneradas.

Outras grandes empresas do Vale do Sil�cio, como Google, Apple, Microsoft, Ebay e Intel, poder�o adotar medidas semelhantes para n�o perderem m�o-de-obra ou gerarem entre os empregados um sentimento de estarem sendo mal pagos. “� uma quest�o de regra de mercado, onde quem oferece os melhores sal�rios e os benef�cios mais atraentes leva vantagem no momento de recrutar novos funcion�rios”, disse Amanda Said, especialista em sele��o da consultoria brit�nica Falcon Group.

Vale lembrar que, em um cen�rio de pleno emprego nos Estados Unidos, com a taxa de desocupa��o em m�nimos hist�ricos, muitos empregadores reclamam que t�m dificuldade em encontrar funcion�rios qualificados suficientes para empregos e dizem que �s vezes precisam ajustar pedidos ou cancelar planos de investimento por esse motivo.

Entre os maiores cr�ticos da Amazon e das condi��es de trabalho, at� ent�o impostas pela companhia, est� o senador americano Bernie Sanders. No fim de agosto, ele apresentou no Congresso um projeto de lei que obriga as grandes empresas a pagarem mais aos seus empregados em troca de manuten��o da carga tribut�ria.

Pela proposta, a empresa que se negar a aprimorar a pol�tica de remunera��o ter� de pagar impostos mais altos e maior contribui��o para programas de assist�ncia social, como o Medicaid – algo pol�mico em uma economia liberal. A Amazon, em resposta, afirmou que as declara��es de Sanders, que se descreve como democrata socialista, s�o “falsas e desinformativas”.

Na semana passada, Sanders comemorou a decis�o da Amazon. “O que Bezos fez hoje n�o � s� importante para os milhares de trabalhadores da Amazon, pode ser tamb�m um primeiro passo em todo o mundo. Insto os l�deres corporativos dos EUA a seguir o que Bezos fez”, disse o senador americano, em sua conta no Twitter.

Bezos n�o apenas est� mais preocupado com a remunera��o de seus funcion�rios como tamb�m parece dedicado a ajudar as pessoas apostando na filantropia. Ele anunciou, no m�s passado, a cria��o de um fundo de US$ 2 bilh�es para financiar projetos de educa��o em comunidades carentes, al�m de incentivar a constru��o de casas para fam�lias carentes. Nada disso, com certeza, o deixar� mais pobre. Bezos, considerado atualmente o homem mais rico do mundo, possui fortuna estimada em US$ 166 bilh�es.