(none) || (none)
UAI
Publicidade

Estado de Minas

Maior desafio do pr�ximo presidente do Brasil � resposta a milh�es no desemprego

Com 27,6 milh�es de pessoas sem ocupa��o no pa�s, presidenci�veis precisam dar aten��o especial aos que sofrem com a falta de oportunidade, sobretudo mulheres, negros e jovens


postado em 14/10/2018 06:00 / atualizado em 14/10/2018 08:46

Fila de desempregados em BH: segundo o IBGE, taxa de desocupação da mulher atingiu 14,2%, acima da média no 2º trimestre, de 12,4% (foto: Jair Amaral/EM/DA Press - 2/1/17)
Fila de desempregados em BH: segundo o IBGE, taxa de desocupa��o da mulher atingiu 14,2%, acima da m�dia no 2� trimestre, de 12,4% (foto: Jair Amaral/EM/DA Press - 2/1/17)


Bras�lia –
No Brasil, falta emprego para 27,6 milh�es de pessoas, dos quais mais de 12 milh�es na condi��o de desempregados. Muitos desses brasileiros v�o �s urnas no dia 28 para decidir o futuro representante do pa�s. Um dos assuntos mais discutidos durante os debates desse segundo turno foi o desemprego. Mulheres, negros e jovens s�o os que mais sofrem com a falta de oportunidade. Um p�blico delicado, que precisa escolher em poucos dias quem � o mais indicado para colocar de volta no mercado de trabalho.


“A piora no mercado de trabalho nos �ltimos anos pegou todo mundo, mas atingiu mais fortemente alguns setores espec�ficos”, explica Maria Andr�ia Lameiras, t�cnica de planejamento e pesquisa da Diretoria de Estudos e Pol�ticas Macroecon�micas do Instituto de Pesquisa Econ�mica Aplicada (Ipea). Um dos pontos mais graves dessa situa��o � que ela n�o � explicada por eventuais diferen�as no n�vel de educa��o entre esses grupos.


“Negros e mulheres enfrentam essa desigualdade h� muitos anos. E n�o � por quest�o de escolaridade, j� que mulheres, em geral, t�m escolaridade maior do que homens. H� um componente discriminat�rio claro, um tratamento diferencial”, observa Fernando de Holanda Barbosa Filho, pesquisador s�nior da �rea de Economia Aplicada do Instituto Brasileiro de Economia da Funda��o Getulio Vargas (Ibre-FGV).


A taxa de desocupa��o no Brasil no 2º trimestre de 2018 foi de 12,4%, mas com diferen�as significativas entre homens (11%) e mulheres (14,2%), apontou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estat�stica (IBGE). As mulheres tamb�m se mantiveram como a maior parte da popula��o fora da for�a de trabalho no pa�s (64,9%). Embora sejam maioria entre as pessoas em idade de trabalhar — 52,4% do total, segundo os dados mais recentes do IBGE —, as mulheres tamb�m s�o o grupo que menos consegue empregos.

"Negros e mulheres enfrentam essa desigualdade h� muitos anos. E n�o � por quest�o de escolaridade, j� que mulheres, em geral, t�m escolaridade maior do que homens. H� um componente discriminat�rio claro, um tratamento diferencial"

Fernando de Holanda Barbosa Filho, pesquisador do Ibre-FGV


Em todas as regi�es do pa�s, os homens predominam entre as pessoas ocupadas, com 56,3% do mercado: 63,6% dos homens brasileiros est�o ocupados, enquanto, entre as mulheres, a fatia � de 44,8%. Katt Lorrayne, de 25 anos, est� h� tr�s anos desempregada.


Fazendo bicos de cabeleireira e manicure, ela conta que teve que parar a gradua��o por n�o ter mais dinheiro para manter a faculdade. “Eu trabalhava como recepcionista em uma empresa, mas, com a crise, ma ndaram v�rias pessoas embora e uma delas foi eu. Agora, minha vida � entregar curr�culos e economizar para n�o faltar nada em casa. At� a faculdade eu tive que deixar para depois”, lamenta.


Morando com os dois filhos e o marido, Katt conta que a renda do companheiro � que sustenta a casa. Ele ficou desempregado na mesma �poca que ela, mas j� voltou a trabalhar. “N�s ficamos desempregados no mesmo ano e entreg�vamos at� curr�culos juntos”, lembra Katt. Ainda que com n�vel de escolaridade menor do que o dela, apenas com ensino fundamental, foi mais f�cil para o marido conseguir recoloca��o no mercado de trabalho. Para Katt, homens conseguem ser empregados de forma mais f�cil. “Parece que as empresas preferem sempre eles”, acrescenta.


H� tamb�m estudos que mostram que mulheres preferem trabalhar em tempo parcial quando t�m essa op��o. E at� mesmo quem consegue uma oportunidade sofre com o trabalho excessivo e remunera��o inadequada. Foi o que ocorreu com Aniela Lira da Silva, de 20. Ela conta que trabalhou durante um m�s em um supermercado no qual era atendente de caixa, mas saiu porque a carga hor�ria era de 10 horas por dia. “Eu tenho dois filhos para criar sozinha, n�o tinha como eu passar 10 horas trabalhando”, explica. Ela reclama que, apesar de receber o equivalente a um sal�rio comercial, n�o tinha os direitos resguardados pelo Instituto Nacional de Seguro Social (INSS).


Com o marido preso, Aniela diz que nem o aux�lio-reclus�o recebe. Dessa forma, vive do dinheiro do Programa Bolsa-Fam�lia e da ajuda de familiares, que somando, ainda n�o chega a ser um sal�rio m�nimo. “� bem pouquinho. Mas � o que a gente tem para viver”, conta.

SEM ESCOLARIDADE 
Entre os mais afetados pelo desemprego, tamb�m est�o os que t�m menor escolaridade. “Principalmente os trabalhadores s� com ensino fundamental incompleto s�o os que mais sofrem”, afirma Maria Andr�ia, do Ipea. Um dos motivos � que, � medida em que a sociedade brasileira tem se qualificado mais, os menos preparados perdem espa�o. “Cada vez h� mais pessoas escolarizadas no mercado de trabalho”, lembra.


Outra raz�o � conjuntural. Em momentos de crise, quem � pouco qualificado fica mais tempo desempregado. Tanto � assim que uma em cada seis pessoas desalentadas (que desistiram de procurar emprego) atualmente t�m ensino fundamental incompleto, segundo a pesquisadora do Ipea. “Quando voc� est� com uma economia com muita m�o de obra dispon�vel, voc� pode escolher quem contratar. Pelo mesmo valor, ningu�m vai optar pela pessoa com escolaridade mais baixa”, explica. * Estagi�ria sob supervis�o de Rozane Oliveira

Jovens, mulher negra e nordestina

"Parece que as empresas preferem sempre eles" - Katt Lorrayne, desempregada h� tr�s anos (foto: B�rbara Cabral/Esp. CB/DA Press)

 

Os jovens enfrentam n�vel de desemprego mais alto em todo o mundo. “Em geral, � um grupo que tem uma incerteza para o patr�o contratar. Muda muito de emprego, porque n�o sabe o que fazer, tem mais tend�ncia a sair”, explica Fernando de Holanda, da FGV. “N�o � espec�fico do Brasil.”


Embora cheguem no mercado de trabalho mais escolarizados do que as gera��es anteriores, t�m pouca experi�ncia e acabam tendo mais dificuldade de conseguir trabalho por isso. “E quando a empresa demite, costuma demitir os mais jovens primeiro. Eles s�o os que mais perdem emprego”, ressalta a pesquisadora Maria Andr�ia.


H� v�rias explica��es. Entre elas, est� o fato de que o custo de rescis�o do contrato � menor. “E tem a quest�o da experi�ncia. Quem manda embora manda quem ele acha que vai fazer menos falta no processo produtivo. Ent�o, manda o que tem menos experi�ncia. Por mais que os jovens cheguem escolarizados o fato da experi�ncia acaba pensando, principalmente em momento de recess�o”, diz a pesquisadora.

SAL�RIO DESIGUAL A desigualdade de sal�rio tamb�m � alarmante, quando a mulher consegue um emprego. “Mulher negra e nordestina ganha bem menos do que um branco do Sudeste, na mesma fun��o e com o mesmo grau de escolaridade”, aponta Fernando de Holanda. Para ele, embora haja uma lei que pro�ba que se pague diferente para pessoas que exer�am a mesma fun��o, ela precisa ser melhor fiscalizada. “Ser� que a gente pune empresas que n�o cumprem?”, questiona.


Al�m disso, o modelo de licen�a maternidade tamb�m pode ser revisto para beneficiar as mulheres, seguindo o exemplo de pa�ses que transformaram o benef�cio em licen�a parental, sugere o economista. “A licen�a maternidade, na vis�o de alguns empres�rios, significa que contratar mulher custa mais caro. E a� ele n�o contrata ou contrata pagando menos para n�o ter preju�zo”, explica.


receba nossa newsletter

Comece o dia com as not�cias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, fa�a seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)