“Nunca estivemos t�o fortes e preparados para encarar a concorr�ncia internacional”, afirma Carlos Tilkian, presidente da Estrela e principal acionista desde 1996. Ele comprou um ter�o do capital da empresa que antes pertencia a Mario Adler, herdeiro do fundador Siegfried Adler e que decidiu sair da empresa quando houve uma explos�o de brinquedos chineses em todo o mundo e diante de um cen�rio de populariza��o de jogos eletr�nicos e da internet.
Atualmente, Tilkian det�m cerca de 94% das a��es ordin�rias da companhia. “Os produtos eletr�nicos fazem parte da vida das crian�as, mas j� chegaram ao seu extremo”, diz Tilkian. “Sentimos cada vez mais a necessidade da volta da conviv�ncia f�sica com os pais, fam�lia e amiguinhos.”
� com essa convic��o que o executivo tem definido as estrat�gias da empresa fundada em 1937. Al�m de lan�ar 250 produtos em 2018, ele aposta na expans�o de sua rede de cosm�ticos infantis Estrela Beauty. Foram abertas duas lojas neste ano e, para 2019, o plano � inaugurar at� outras cinco unidades.
Em paralelo, a empresa quer se consolidar como uma das protagonistas do mercado de livros did�ticos, setor em forte ascens�o em um ambiente de crescimento da ind�stria do ensino. “Estamos negociando com o Minist�rio da Educa��o a inclus�o de quatro livros nossos para o uso nas escolas”, disse Tilkian. “Mantemos negocia��o tamb�m com v�rios autores e ilustradores para aumentar ainda mais nossa produ��o, que chegou a 30 t�tulos lan�ados neste ano.”
A aposta em livros e cosm�ticos n�o significa, no entanto, que a Estrela n�o quer mais brincar � moda antiga. A empresa ainda aposta no crescimento de seus produtos licenciados, como personagens da Disney, Marcha e o Urso, O Show da Luna, Peppa Pig e at� com novelas infantis, como As aventuras de Poliana, do SBT. Atualmente, entre 30% a 40 % dos produtos com a marca Estrela s�o licenciados.
“Em v�rias partes do mundo, o licenciamento de marcas e a parceria entre grandes empresas do setor de entretenimento infantil t�m sido uma estrat�gia eficaz para garantir receitas extras �s marcas mais tradicionais”, afirmou o consultor especializado em marcas Eduardo Tomiya, diretor-geral da Kantar Vermeer para a Am�rica Latina. Ele cita como exemplo a parceria recente entre a Disney e a Lego, que constru�ram o parque tem�tico “Legoland” dentro do complexo de parques da companhia americana em Orlando, na Fl�rida.
O jogo de estrat�gia da Estrela tem como objetivo principal tirar a empresa do sufoco dos �ltimos anos. Durante d�cadas, a empresa liderou o mercado nacional com brinquedos como Genius, Ferrorama, Falcon e a boneca Susi, entre tantos outros personagens que fizeram parte da vida dos brasileiros.
No ano passado, a Estrela faturou R$ 186,8 milh�es, uma queda de 9% ante o per�odo anterior. O resultado � atribu�do � retra��o da atividade econ�mica e ao fim da Substitui��o Tribut�ria, que permitia ao setor de brinquedos um al�vio fiscal.
Atualmente, seu parque industrial se divide entre Itapira, no interior paulista, Tr�s Pontas, em Minas Gerais, e Serra do Machado, em Sergipe, com mais de 2 mil funcion�rios trabalhando em per�odos de pico.
Apesar da queda recente, o horizonte � positivo. Em 2016, o mercado de brinquedos movimentou R$ 6,1 bilh�es no pa�s, um salto de 10% sobre 2015, segundo a Associa��o Brasileira dos Fabricantes de Brinquedos (Abrinq). Em 2017, houve novo crescimento, de 12%. Para 2018, a estimativa � manter a expans�o na casa de dois d�gitos. “As fam�lias podem at� adiar outras compras em per�odos de aperto, mas dificilmente deixam de presentear suas crian�as”, diz Syn�sio Batista, presidente da Abrinq.