
S�o Paulo – Os investimentos em inova��o na �rea da sa�de t�m ocorrido em velocidade cada vez maior e em diferentes frentes. Operadoras de planos de sa�de buscam formas de reduzir as despesas e melhorar a efici�ncia dos tratamentos. Grandes fabricantes de equipamentos apostam em novas tecnologias para melhorar os diagn�sticos, inclusive as empresas de tecnologia.
� o caso da Apple, que, em dezembro, anunciou o in�cio do funcionamento do recurso de eletrocardiograma do modelo apple Watch series 4. O equipamento permite ao usu�rio acompanhar o comportamento do cora��o, medindo os batimentos durante as atividades f�sicas e com a possibilidade de detectar arritmia card�aca. Nesse caso, avisos s�o emitidos para que o usu�rio, dono do rel�gio, v� ao m�dico.
Hospitais e laborat�rios de an�lises cl�nicas pegam carona nesse movimento com o objetivo de tornar suas opera��es mais eficientes. H� tamb�m as heath techs – startups do setor de sa�de –, que t�m conseguido avan�os e chamado a aten��o de grandes grupos.
"Com o aumento do uso da tecnologia digital e de dados, ser� poss�vel identificar de forma mais assertiva o melhor caminho para o paciente e qual ser� o tratamento mais eficaz"
Luiza Mattos, s�cia da Bain & Company
Apesar da universaliza��o da sa�de p�blica, prevista na Constitui��o, o Brasil tamb�m tem conseguido acompanhar essa tend�ncia, o que � visto tanto nos grandes grupos quanto nas startups. A Tismoo, que atua na �rea de biotecnologia, trabalha em duas frentes. Uma � a que oferece servi�os de sequenciamentos gen�ticos variados e medicina personalizada com foco nos transtornos neurol�gicos relacionados ao autismo. Com um laborat�rio na Universidade da Calif�rnia e outro em S�o Paulo, a health tech oferece testes para diagnosticar os diferentes tipos de autismo, al�m de outras s�ndromes neurol�gicas.
Parte das pesquisas gen�ticas ocorre a partir de uma “fazenda de minic�rebros” – a Tismoo recria em laborat�rio as etapas do desenvolvimento neural a partir de c�lulas do pr�prio paciente. Nesse processo, uma c�lula � transformada em c�lula-tronco da estrutura cerebral, possibilitando testar medicamentos para os diferentes tipos de doen�as e fazer ajustes de doses de medicamentos.
Aproxima��o
A Tismoo � uma das cerca de 250 health techs que atuam no Brasi. Muitas s�o encabe�adas por pesquisadores ligados a universidades. Para os grandes grupos, a aproxima��o com essas startups � uma forma de trazer novas tecnologias para dentro de casa. � o caso da gigante farmac�utica Roche, que h� cerca de um ano pagou US$ 1,9 bilh�o pela americana Flatiron Health, especializada na coleta de dados cl�nicos de pacientes com c�ncer.
S�cia da Bain & Company, Luiza Mattos analisa que a �rea da sa�de vem sendo muito impactada por novas tecnologias digitais nos �ltimos anos. A mudan�a de comportamento j� vem trazendo ganhos para as empresas e para os usu�rios. As possibilidades, acredita a especialista, s�o muito grandes. Ela d� como exemplo o uso da Internet das Coisas (IoT, na sigla em ingl�s) para aumentar a ader�ncia a tratamentos de sa�de, por meio do monitoramento remoto do paciente.
“As novas tecnologias v�o permitir cada vez mais o engajamento f�sico e digital do paciente, seja por meio da an�lise de dados ou do monitoramento da sua jornada. Isso � fundamental quando falamos de desperd�cio de recursos”, explica Luiza.
Com esse tipo de investimento tecnol�gico, ela acredita que os prestadores de servi�o e os gestores poder�o ter uma atua��o mais eficiente sob o aspecto financeiro e melhorar os cuidados com seus pacientes. “Com o aumento do uso da tecnologia digital e de dados, ser� poss�vel identificar de forma mais assertiva o melhor caminho para o paciente e qual ser� o tratamento mais eficaz”, defende.
Inova��o em ciclos curtos
Na corrida por solu��es para a sa�de, os ciclos de inova��o dever�o ser cada vez mais curtos – o desenvolvimento, o aprendizado e os ajustes ocorreram quase que simultaneamente, como destaca a . s�cia da Bain & Company.
“Muitas inova��es dependem de tempo para ter seu desempenho econ�mico percebido. O importante � que as empresas e o governo tentem identificar nesse processo quais s�o os indicadores de sucesso trazidos pela inova��o tecnol�gica, como os benef�cios para a opera��o e para o cliente, isso tanto na sa�de privada quanto na sa�de p�blica”, diz a s�cia da Bain & Company.
Luiza destaca que nesse processo de avan�o tecnol�gico na sa�de, o consumidor ter� papel muito importante – o do uso racional dos recursos dessa �rea. Hospitais, laborat�rios e operadoras de planos de sa�de t�m buscado usar ferramentas tecnol�gicas e relacionamento com o cliente para mapear a forma como seus servi�os s�o utilizados. H� uma queixa antiga do setor quanto � ida desnecess�ria aos consult�rios, pronto-socorro e laborat�rios.
"Vamos desde o prontu�rio eletr�nico ao uso de rob�s. Vivemos uma revolu��o digital. Nesse setor, a complexidade � um pouco maior, porque lidamos com a sa�de das pessoas"
Vladimir Pizzo, gerente de inform�tica cl�nica do Hospital S�rio-Liban�s
Essa transi��o de modelo na �rea, explica Leonardo Giusti, s�cio e l�der de healthcare e life science da KPMG passa tamb�m por um ponto fundamental no setor: a mudan�a da remunera��o por volume de servi�o prestado pelo benef�cio levado ao cliente, ou seja, a efic�cia no atendimento.
Envelhecimento
“A popula��o vem envelhecendo e o aumento do custo em sa�de ser� inevit�vel. Por isso, � importante trabalhar cada vez mais com Big Data, contar com a ajuda da tecnologia para ter mais acerto no diagn�stico, al�m de fazer uma gest�o da jornada de sa�de dentro das empresas”, afirma Leonardo Giusti.
Contudo, para chegar ao modelo ideal na �rea da sa�de ser� preciso seguir por um longo caminho. Um dos pontos fundamentais dessa transforma��o � a digitaliza��o dos dados dos pacientes, concentrados em um cadastro �nico, na nuvem.
O uso de cloud computing tamb�m ser� cada vez maior para o armazenamento de dados que poder�o servir como um grande banco de dados, um Big Data, para tra�ar padr�es e melhorar os diagn�sticos. Laborat�rios, como a Dasa, j� est�o fazendo grandes investimentos nesse tipo de solu��o e v�m conseguindo melhorar os resultados da opera��o, com o processamento mais r�pido de amostras.
Outro desafio ser� o aumento do alcance da telemedicina, que permite reduzir os custos de atendimento, aumentar o n�mero de pacientes tratado e a efici�ncia no diagn�stico, que pode ser feito � dist�ncia por especialistas.
Giusti lembra que esse novo momento do setor tem levado algumas empresas a buscarem especialistas para gerir a opera��o e os custos na �rea de sa�de. Hospitais como o S�rio-Liban�s, de S�o Paulo, passaram a oferecer esse servi�o. Com a ajuda de tecnologia, conseguiu administrar o uso dos servi�os m�dico-hospitalares e saber como encontrar formas de melhorar a sa�de dos funcion�rios e a sa�de financeira do neg�cio.
“Hoje vamos desde o prontu�rio eletr�nico ao uso de rob�s. Vivemos uma revolu��o digital. Nesse setor, a complexidade � um pouco maior, porque lidamos com a sa�de das pessoas”, diz Vladimir Pizzo, gerente de inform�tica cl�nica do Hospital S�rio-Liban�s.
“N�o h� d�vida de que essa � uma ind�stria altamente impactada pelas novas tecnologias. A inova��o � o caminho para que as empresas se tornem cada vez mais competitivas. Os ganhos ainda s�o marginais, mas crescer�o a medida que a integra��o de solu��es avan�ar”, afirma Eliane Kihara, especialista em sa�de da PwC.