
S�o Paulo – Parecem mercados concorrentes, mas n�o � no que acreditam MRV, maior construtora do pa�s, e a paulista Vitacon, especializada em microapartamentos. As duas empresas est�o investindo em um segmento de aluguel de im�veis.
A MRV criou uma startup, a Luggo, apenas para atuar no setor de aluguel. O projeto-piloto foi lan�ado no final do ano passado, em Belo Horizonte, assim que o empreendimento Luggo Cipreste, no Bairro Bet�nia, foi finalizado. Os apartamentos come�aram a ser oferecidos ao mercado neste m�s. A obra � da construtora mineira. S� que em vez de vender os apartamentos, de dois dormit�rios, a empresa os oferece a quem procura um im�vel para loca��o.
Neste primeiro empreendimento, os apartamentos receberam acabamentos como arm�rios planejados, lumin�rias, pisos, box blindex e metais. A estrutura do condom�nio � a mesma de um edif�cio tradicional, com academia, playground, churrasqueira e sal�o de festas. Mas pode ser que sejam feitas adapta��es com a inclus�o de mais op��es, com alguns servi�os de uso coletivo, como lavanderia.

"A tend�ncia � cada vez maior de as pessoas n�o comprarem, mas alugarem im�veis, inclusive entre as pessoas de menor renda, que sempre tiveram a aspira��o de ter a casa pr�pria"
Alexandre Lafer Frankel, presidente da Vitacon
Como a proposta da startup da MRV ainda � recente, explica Resende, est� aberta a mudan�as. A medida que o projeto avan�ar, poder� ser oferecida, por exemplo, a possibilidade de compra para quem fez o contrato de aluguel, com algumas facilidades na negocia��o que levem em considera��o o valor j� pago durante o per�odo de loca��o. “Queremos oferecer uma alternativa sem burocracia, em que o cliente n�o precise apresentar fiador, com investimento em tecnologia para que haja qualidade nesse processo”, afirma o diretor.
MODELO AMERICANO O modelo da Luggo foi inspirado em uma outra empresa de Rubens Menin, fundador e controlador da MRV. A ARS, que opera em Miami, criada em 2012, atua apenas no segmento de constru��o voltada ao aluguel de im�veis e gest�o de condom�nios. A venda � feita apenas para fundos imobili�rios interessados no projeto como investimento patrimonial. Mesmo nesse caso, a opera��o continua a ser feita pela ARS, que se dedica principalmente no segmento de moradias para trabalhadores.
Esse tipo de empresa j� tem um bom mercado nos Estados Unidos, explica o executivo da MRV, mas ainda � muito recente no Brasil. Conforme esse tipo de neg�cio amadurecer, pode ganhar por aqui caracter�sticas semelhantes �s de outros tipos de ativos voltados aos fundos imobili�rios, como flats e shoppings. Durante a formata��o da Luggo, executivos da ARS participaram do processo, repassando o know-how do empreendimento americano.
Segundo Resende, n�o h� conflito entre o que oferece a MRV e a proposta da Luggo. Isso porque o cliente da MRV procura a empresa j� com a certeza de que quer comprar um im�vel. “Ele j� sabe a regi�o onde quer morar e normalmente est� em uma fase da vida um pouco mais previs�vel.”
PLATAFORMA DE LOCA��O O neg�cio criado por Alexandre Lafer Frankel, presidente da Vitacon, guarda algumas semelhan�as com a proposta da Luggo, mas est� em um est�gio mais avan�ado. Criada h� nove anos, a construtora se especializou no mercado paulistano e no segmento de apartamentos de pequena metragem – o menor deles tem 10 metros quadrados. At� hoje, foram lan�ados 61 projetos e 52 j� foram entregues.
Frankel percebeu nos �ltimos anos que come�ava a crescer um outro perfil de cliente, que em vez da compra, buscava pela loca��o de im�veis. A partir da�, ele criou a startup Housi, voltada � oferta de apartamentos para alugar. At� agora, a plataforma oferece apenas os projetos constru�dos pela Vitacon. S�o edif�cios projetados para oferecer um pacote de servi�os aos moradores, como restaurante e lavanderia coletivos, at� espa�o de coworking.
A administra��o do condom�nio tamb�m � feita pela Housi. Foram inclu�dos ainda alguns servi�os com o objetivo de atender ao novo perfil de morador, com portaria automatizada, sistema de seguran�a e at� log�stica para a mudan�a. Segundo Frankel, a proposta � “reduzir os pontos de atrito para que os moradores n�o percam tempo e possam se dedicar aos seus afazeres, tudo baseado em muita tecnologia”. “J� nascemos no conceito de economia compartilhada. Nossos empreendimentos sempre tiveram op��es de uso comum, como sala de jantar, carros e patinetes”, acrescenta o presidente da Vitacon.

Assim como a Luggo, a ideia � fazer o processo de loca��o desburocratizado, todo pelo site da empresa. Mas esses apartamentos da construtora de Frankel tamb�m s�o oferecidos em outras plataformas, como Airbnb, Booking e Hoteis.com para per�odos mais curtos de aluguel.
BRAS�LIA E BELO HORIZONTE O empres�rio sonha alto. Ele quer que a Housi seja a Netflix do mercado imobili�rio como uma grande plataforma digital desse setor. Para isso, al�m de trabalhar com a possibilidade de incluir im�veis que n�o sejam da Vitacon, o empreendedor vai partir para outras cidades este ano, abrindo o sistema para outros im�veis. O objetivo em uma primeira etapa � chegar at� as maiores capitais, como Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Bras�lia, para depois partir para cidades de grande porte.
“Acredito muito no modelo de loca��o. A tend�ncia � cada vez maior de as pessoas n�o comprarem, mas alugarem im�veis, inclusive entre as pessoas de menor renda, que sempre tiveram a aspira��o de ter a casa pr�pria. Esse comportamento tem mudado com o passar do tempo. Mas isso n�o quer dizer que o desejo de adquirir um im�vel acabou. Os dois modelos ter�o espa�o”, opina o presidente da Vitacon.
Frankel vem tocando o projeto da Housi com capital pr�prio, mas n�o descarta a aproxima��o com fundos de venture capital para irrigar financeiramente e dar mais velocidade ao crescimento da startup. Apesar do perfil do neg�cio, o fundador n�o pensa em vend�-lo para um fundo. Para ele, o potencial de expans�o ainda � muito grande e deve ser aproveitado.
Quando analisa o potencial do neg�cio desenvolvido pela Housi, Frankel leva em considera��o o comportamento atual, mas tamb�m o comportamento futuro dos seus clientes. “Como ser� a moradia do futuro? Ser� que as pessoas v�o querer passar 30 anos endividadas, pagando por um im�vel? Ou ser� que v�o preferir buscar algo que atenda melhor a sua necessidade em diferentes fases da vida?”
