
S�o Paulo – � dif�cil encontrar algu�m que nos �ltimos anos n�o tenha degustado uma nova cerveja e se perguntado: por que n�o provei isso antes?. A sede do consumidor por novidades est� movimentando, como nunca, a produ��o e a venda da bebida mais tradicional do pa�s. Somente no ano passado, 210 novas f�bricas come�aram a operar, um crescimento de 30% sobre 2017 e o melhor resultado da hist�ria. “Os brasileiros descobriram a boa cerveja e, cada vez mais, querem desbravar esse universo”, diz Douglas Salvador, CEO do Clube do Malte, maior empresa de venda de cervejas premium do pa�s. “Quanto mais se conhecerem novos sabores, mais se quer experimentar novos r�tulos.”
A expans�o do mercado de micro, pequenas e m�dias cervejarias n�o � um fato isolado. Os n�meros falam por si. De acordo com a Associa��o Brasileira de Cerveja Artesanal (Abracerva), em 10 anos o Brasil foi de 70 para quase 900 cervejarias oficiais, al�m das que n�o t�m registro.
No ano passado, a cada dois dias surgiu uma cervejaria no territ�rio nacional, uma velocidade tr�s vezes superior � registrada h� uma d�cada. Do total de novas cervejarias, Minas Gerais, S�o Paulo e Rio Grande do Sul lideraram o ranking. De acordo com um estudo do Minist�rio da Agricultura, Pecu�ria e Abastecimento (Mapa), feito pelos pesquisadores Eduardo Fernando Marcusso e Carlos Vitor M�ller, dos 5.570 munic�pios levantados, 479 t�m ao menos uma ind�stria em atividade neste cen�rio.
Apesar de o mercado ainda ser dominado por grandes grupos cervejeiros, como Ambev – dona de marcas como Brahma, Skol e Antarctica –, Heineken e Grupo Petr�polis (Itaipava), os mais recentes estudos sobre h�bitos de consumo mostram que um dos principais motivos para o aumento da demanda por cervejas artesanais � o sabor diferenciado, al�m da ado��o de um estilo mais “gourmetizado” de consumir. E o potencial de expans�o � gigantesco.
Pelos n�meros da Abracerva, 12% de pessoas entrevistadas afirmam que consomem cerveja artesanal com frequ�ncia e 53% j� tomaram algumas vezes. Ou seja, a grande maioria da popula��o ainda n�o incorporou o h�bito de apreciar novas cervejas.
O perfil predominante � de homens que t�m entre 25 e 40 anos. Apesar disso, as mulheres tamb�m t�m expressado interesse por bebidas diferenciadas e especiais. “Assim como acontece com o vinho e com o caf�, que se popularizaram com os clubes de assinatura e aumento de qualidade, o h�bito de consumir cerveja est� se sofisticando rapidamente”, disse �lvaro Tobias, economista e especialista em varejo pela Funda��o Getulio Vargas em S�o Paulo (FGV-SP). “Essa mudan�a de perfil, indiscutivelmente, coloca muito peso nos ombros das grandes cervejarias.”
Em 2018, o Sudeste se manteve no topo dos registros do produto, com 90% dos novos registros. No contexto estadual, o Rio Grande de Sul segue na frente: 186 cervejarias, contra 142 de 2017. Depois, aparecem S�o Paulo (165), Minas Gerais (115), Santa Catarina (105) e Paran� (93).
Proporcionalmente, a vantagem � do Esp�rito Santo: de 11 f�bricas em 2017 para 19 em 2018, ou 72,7% a mais. J� no quesito emprego, a pesquisa da Abracerva constatou que as cervejarias abaixo de 100 funcion�rios abriram 1.114 vagas de janeiro a dezembro de 2018. A estat�stica representa quase 20% na frente das grandes marcas, que geraram 828 postos.
Mudan�as
As transforma��es do setor cervejeiro chamam a aten��o tanto quando o processo de consolida��o observado nos �ltimos 20 anos. Em 2000, houve no Brasil um movimento de mudan�as quando a fus�o entre Brahma e Antarctica criou a AmBev. Hoje, as tr�s maiores fabricantes da bebida no pa�s – AmBev, Grupo Petr�polis e Heineken Brasil – respondem a cerca de 96% do mercado brasileiro. S� como comparativo, nos Estados Unidos a fus�o AB InBev e SABMiller reuniu mais de 400 marcas de cerveja sob o mesmo teto corporativo, mas as gigantes det�m 58% do consumo interno. “A revolu��o das cervejas artesanais representa um interessante contraponto nessa ind�stria concentrada”, acrescenta Tobias.
Uma pesquisa da consultoria Mintel mostra tamb�m que os consumidores brasileiros, nos �ltimos anos, ignoraram os pre�os baixos das cervejas comuns e n�o se importam em pagar mais caro pelas op��es requintadas. Afinal, o que prevalece na hora da compra � a sofistica��o. Pelo menos 57% dos entrevistados preferem beber pequenas quantidades que satisfa�am. O custo parece irrelevante.
A mudan�a de comportamento � mais acentuada entre pessoas de maior poder aquisitivo. No bloco socioecon�mico AB, mais de dois ter�os – 68% – priorizam o bom gosto comparativamente aos 52% das classes C12. Os homens est�o mais propensos do que as mulheres a consumir cervejas nacionais: 47% contra 41%.
Mercado cervejeiro atrai pequenos investidores
S�o Paulo – Onde h� oportunidade de crescimento, h� investimento. Prova disso foi a iniciativa do Clube do Malte, o clube de assinatura de cerveja com mais de 7 mil assinantes ativos em sua base e mais de mil r�tulos. A empresa decidiu recentemente abrir a sua primeira rodada de capta��o de investimentos para auxiliar a implanta��o de novos projetos e, em vez de optar pelo endividamento banc�rio ou pelos tradicionais aportes de fundos de investimento, procurou um formato que trouxesse outros benef�cios al�m da inje��o normal de capital.
“A nossa vis�o est� muito clara: criar a maior comunidade de apaixonados por cerveja do pa�s. Por isso o crowdfunding faz tanto sentido. A ideia � fazer uma capta��o que engaje as pessoas que est�o pr�ximas ao nosso neg�cio. Nossa meta � trazer nossos consumidores para ‘dentro da empresa’, para que possam usufruir de nosso crescimento. Queremos expandir e levar conosco as pessoas ao nosso redor”, afirma Douglas Salvador, CEO do Clube do Malte.
O equity crowdfunding � um formato de investimento que oferece oportunidades para quem quer investir em startups ou empresas no chamado early stage, a fase inicial de expans�o. � uma capta��o realizada diretamente entre a empresa e a sua comunidade, seja ela de clientes ou de admiradores.
No caso do Clube do Malte o investimento m�nimo � de R$ 500. A grande parceira deste projeto � o Kria, maior plataforma online de investimento em startups do Brasil, que j� captou mais de R$ 25 milh�es e atualmente conta com mais de 1.700 investidores. “Se tornar um tipo de s�cio de uma empresa com aporte de R$ 500 � uma �tima oportunidade para quem investe e, no lado da empresa, uma excelente forma de acelerar os planos de expans�o.”