
S�o Paulo – O mercado de tecnologia tem ajudado, gradualmente, a reduzir o hist�rico abismo entre homens e mulheres no mercado de trabalho no Brasil e no mundo. Mas esse processo ainda � muito discreto e h� um longo caminho a se trilhar.
Embora a diferen�a salarial tenha ca�do 17% entre 2012 e 2018, segundo a Rela��o Anual de Informa��es Sociais (Rais), do Minist�rio do Trabalho, uma pesquisa elaborada pela plataforma de recrutamento digital Revelo constatou que as mulheres ainda recebem muito menos do que homens em empresas de TI.
A disparidade � vis�vel desde as primeiras etapas dos processos de sele��o, e parte at� dos pr�prios funcion�rios. Enquanto a pretens�o salarial de mulheres � de R$ 5.863, os homens solicitam R$ 6.896, em m�dia.
Para a economista americana Sari Kerr, autora de estudos que tratam o tema na Wellesley College, existem v�rios fatores que ainda impedem as mulheres de atingir a mesma remunera��o que os homens, principalmente a cultura de paralisar a carreira para se dedicar � cria��o dos filhos. “Por raz�es culturais, homens adotam a fun��o de provedores do lar e as mulheres se concentram ao trabalho dom�stico”, disse ela. “Estamos presas a esse ciclo que, todos os anos, se retroalimenta.”
Discrep�ncia geral
Outros estudos endossam essa realidade. A empresa de recrutamento Michael Page concluiu neste m�s um estudo que comprova que a diferen�a salarial entre homens e mulheres no setor de Tecnologia da Informa��o chega a 77%, com os homens ganhando os maiores sal�rios. E n�o � uma exclusividade do setor de TI.
Em nenhuma das �reas profissionais analisadas pela pesquisa, as mulheres recebem o mesmo sal�rio destinado aos homens nos mesmos cargos e fun��es. Apenas como compara��o, nos cargos de ger�ncia, com sal�rios acima de R$ 8 mil mensais, 72% dos contratados s�o homens, e em setores como varejo e seguros, os homens recebem em torno de 34% e 65%, respectivamente, a mais que as mulheres. Outros setores onde o levantamento da Michael Page encontrou uma grande diferen�a salarial est�o vendas, engenharia, TI, sa�de, constru��o, advocacia, petr�leo e g�s com 80% dos sal�rios femininos, em m�dia, n�o atingindo os valores destinados aos profissionais do sexo masculino.
Alguns setores, no entanto, est�o melhores nesse quesito. A �rea onde foi encontrada a menor discrep�ncia salarial � a de recursos humanos, no qual homens recebem sal�rios 6% maiores do que as mulheres. Esse �, inclusive, o setor mais feminino entre os setores analisados pela empresa de recrutamento, com 67% de participa��o das mulheres. E as �reas de finan�as e engenharia foram as que mais contrataram em 2012, representando 41% de todas as contrata��es para ger�ncia efetuadas pelos escrit�rios da Michael Page.
Longo caminho
Outro estudo, realizado pelo site de empregos Catho, refor�a que as mulheres ainda t�m um longo caminho a percorrer para obter o mesmo reconhecimento que os homens. O estudo analisou 8 mil profissionais e mostrou que elas ganham menos que os colegas do sexo oposto em todos os cargos, �reas de atua��o e n�veis de escolaridade pesquisados – a diferen�a salarial chega a quase 53%. Al�m disso, mulheres ainda s�o minoria ocupando posi��es nos principais cargos de gest�o, como diretoria, por exemplo.
Para K�tia Garcia, gerente de relacionamento com cliente da Catho, apesar de ainda existir uma grande desigualdade entre homens e mulheres, houve um avan�o, mesmo que t�mido. E reconhece que levar� tempo at� que as condi��es sejam equiparadas. Segundo ela, embora o cen�rio esteja longe do ideal, n�o se pode dizer que n�o h� melhora. Ela afirma que aumentou a ocupa��o da mulher no mercado de um modo geral e tamb�m nos cargos de chefia.