
O impacto econ�mico da paralisa��o de parte da atividade miner�ria deve levar Minas Gerais a registrar Produto Interno Bruto (PIB) negativo este ano. Levantamento da Federa��o das Ind�strias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), que mede efeitos diretos e indiretos dos rompimentos da barragens da Samarco e da Vale, aponta queda na produ��o das riquezas no estado de 3,3% para -4,0%, se considerado o cen�rio atual de interdi��es de complexos miner�rios. O levantamento tamb�m aponta fechamento de 851 mil postos de trabalho, num horizonte de seis a oito meses.
A partir de informa��es do Instituto Brasileiro de Geografia e Estat�stica (IBGE) e da Funda��o Jo�o Pinheiro (FJP), o levantamento calculou as perdas vinculadas �s atividades do setor miner�rio e seus reflexos na cadeia produtiva ap�s as paralisa��es depois do rompimento da barragem da Vale, em Brumadinho, – que matou 209 pessoas e ainda deixa 97 desaparecidos –, e da Samarco – que, em novembro de 2015, matou 19 pessoas e � considerada a maior trag�dia ambiental do pa�s.
Para Roscoe, n�o se trata de relativizar as perdas humanas. “N�o podemos fazer nada por aqueles 300 que morreram, tenho que fazer com os que est�o vivos e para que isso n�o aconte�a novamente, obviamente. A nossa preocupa��o � por que vou destruir mais tecido econ�mico, gerar mais drama social por algo que n�o � necess�rio, apenas porque o clamor da rua pede isso”, diz.
A entidade entende que h� minas paradas sem necessidade, como o caso de Brucutu, tamb�m da Vale, em S�o Gon�alo do Rio Abaixo, na Regi�o Central. A Justi�a autorizou ontem a retomada das atividades do complexo, um dos maiores do mundo. A defesa da Fiemg � para que unidades interditadas que n�o tenham barragem a montante possam retomar a produ��o.
O estudo analisa tr�s cen�rios – o pessimista, o otimista e o cen�rio atual, sendo que todos projetam queda no PIB. O quadro atual considera queda de produ��o de min�rio de 90 milh�es, anunciada pela mineradora, suspens�o por dois anos da Mina de Brucutu, em S�o Gon�alo do Rio Abaixo, que teve a libera��o ontem pela Justi�a, al�m da paralisa��o da mineradora Samarco at� 2021. Nesse cen�rio, a queda de produ��o dos demais setores � de 14%.
A estimativa � de queda de R$ 92,6 bilh�es no faturamento de toda a cadeia produtiva vinculada � atividade miner�ria. A arrecada��o direta do estado diminuiria em R$ 4,3 bilh�es. Hoje, o governo de Romeu Zema (Novo) afirma que o d�fict dos cofres p�blicos estaduais chega a R$ 30 bilh�es. A Fiemg prev� redu��o do PIB do estado em 7,3 pontos percentuais, passando dos 3,3%, projetados em dezembro, para -4,0%.
O estudo tamb�m indica fechamento, de seis a oito meses, de 851,2 mil postos de trabalho, no panorama atual, sendo 104 mil empregos no setor de extra��o miner�ria. Num cen�rio pessimista, esse n�mero poderia chegar a 1,48 milh�o. Segundo o IBGE, no quarto trimestre de 2018, havia 1 milh�o de pessoas com mais de 14 anos desocupadas em Minas.
O levantamento, da Ger�ncia de Estudos Econ�micos da entidade, projeta que 22,25% dos empregos perdidos ser�o no setor de com�rcio, o mais afetado nesse aspecto. O setor de extra��o de min�rio de ferro corresponde � parcela de 13,89% da redu��o. A �rea de transporte e armazenamento aparece logo depois, com 11,32% das vagas fechadas.
De acordo com o estudo, o setor de transporte ser� o mais impactado economicamente, com queda de 1,474 bilh�o na produ��o, seguido do com�rcio, com redu��o de R$ 1,416 bilh�o. Em terceiro lugar est�o as atividades imobili�rias, com queda de R$ 871 milh�es.
Vis�o do EM
Acerto no protagonismo
Merece ser ressaltada a iniciativa da Fiemg de vir a p�blico para expor, com estudos e n�meros, a import�ncia crucial da minera��o para a economia de Minas Gerais. A institui��o acerta ao se desatrelar de a��es do poder p�blico e assumir o protagonismo da defesa da relev�ncia de um setor que tem peso decisivo na cadeia produtiva mineira. Cabe aos respons�veis pela atividade mineradora rever seus processos para trabalhar em n�veis exemplares de seguran�a e, assim, evitar que trag�dias – como as ocorridas em Mariana e Brumadinho – ocorram novamente e o setor volte a contribuir plenamente com o desenvolvimento do estado.