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Estado de Minas

Processos seletivos usam tecnologia para oferecer empregos para negros, LGBTs e deficientes

Startups e RHTechs t�m aprimorado algoritmos e intelig�ncia artificial para que deficientes, negros e LGBTs tenham mais oportunidades em processos seletivos


postado em 05/04/2019 06:00 / atualizado em 05/04/2019 08:09

Fila de emprego na Agência do Trabalhador é cada dia maior em tempos de vagas escassas(foto: Jhonatan Vieira/Esp. CB/D.A Press )
Fila de emprego na Ag�ncia do Trabalhador � cada dia maior em tempos de vagas escassas (foto: Jhonatan Vieira/Esp. CB/D.A Press )

S�o Paulo – Encontrar um emprego ideal n�o � uma tarefa f�cil para ningu�m – assim como contratar o candidato certo para determinadas vagas � uma miss�o um tanto quanto �rdua para as empresas. O excesso de candidatos, especialmente em tempos de vacas magras no mercado de trabalho, tem transformado muitos processos seletivos em jogos de roleta-russa, prejudicando ainda mais as minorias e o avan�o da diversidade nos quadros de funcion�rios das grandes empresas.

Embora essa seja uma triste realidade velada, especialistas afirmam que ainda hoje existem preconceitos e resist�ncia na contrata��o de profissionais negros, deficientes e LGBTs, por exemplo – algo que tem se potencializado com o desemprego elevado, que atinge quase 13 milh�es de pessoas. Resultado: perdem as empresas, perdem os profissionais.

Nesse contexto, a Intelig�ncia Artificial (IA) come�a, aos poucos, a ser usada para tornar mais eficiente o processo de recrutamento e sele��o de pessoas. No Brasil, o movimento se iniciou liderado por companhias do setor de com�rcio e tecnologia, que recorrem �s m�quinas sobretudo para lidar com um grande n�mero de candidatos. Com o passar do tempo, acabou se expandindo para outros segmentos de neg�cios.

Algumas novas tecnologias tendem a reduzir a dist�ncia entre empresas e pessoas que buscam um emprego, como a RHTech, que � o termo usado para designar softwares e hardwares focados em automatizar e, assim, otimizar as diversas tarefas que o RH at� ent�o realizava manualmente. O objetivo � proporcionar maior efici�ncia, produtividade e redu��o de custos. Al�m disso, as RHTechs prometem desburocratizar processos de gest�o de pessoas, facilitando e tornando o ambiente de trabalho melhor.

Nacionalmente, as RHTechs est�o ganhando espa�o desde 2012. Mercados de todos os tipos e tamanhos est�o atentos � urg�ncia de investir em recursos humanos. Empresas brasileiras como Magazine Lu�za, Resultados Digitais, Rock Content, Alelo e Eurofarma s�o exemplos de diversos mercados que t�m investido em RH.

�NDICE DE FELICIDADE Essas empresas medem o �ndice de felicidade dos funcion�rios e investem em tempo quantitativo e qualitativo de treinamentos e planos de carreira. Por isso, s�o organiza��es que t�m liderado os rankings de melhores empresas para trabalhar. N�o por coincid�ncia, comandam seus mercados e est�o expandindo sua atua��o fora do pa�s.

Segundo a pesquisa 2018 Future of HR Technology Report, 66% das empresas est�o correlacionando dados de RH com resultados de neg�cios. Neste ano, 56% pretendem vincular mais resultados de neg�cio com dados de RH. Dessa forma, o setor se transforma em um RH estrat�gico. Ou seja, o Departamento de Recursos Humanos passa a ser uma c�lula de gera��o de novos neg�cios dentro das corpora��es.

Neste cen�rio, as RHTechs s�o fundamentais. Sem uma RHTech, a gest�o de pessoas � incapaz de agir com a precis�o e efici�ncia que o ambiente empresarial demanda atualmente. Os dados precisam ser coletados e tratados automaticamente. Somente assim o Departamento de Pessoal poder� relacionar seus esfor�os com o rendimento da empresa e provar seu valor dentro da organiza��o.

Du Migliano, cofundador da 99jobs, revela que o robô vai participar de 33% do processo seletivo da empresa(foto: Divulgação/99Jobs)
Du Migliano, cofundador da 99jobs, revela que o rob� vai participar de 33% do processo seletivo da empresa (foto: Divulga��o/99Jobs)

Bom exemplo disso � a parceria da 99jobs com a RHtech, que vai usar algoritmos e intelig�ncia artificial para ajudar negros, mulheres, idosos e o p�blico LGBT a ter mais chances em processos seletivos. “O rob� vai participar de 33% do nosso processo”, diz Du Migliano, cofundador da 99jobs. “Ele � estrat�gico nos primeiros filtros, para selecionar alguns requisitos t�cnicos exigidos pelos diferentes contratantes e para fazer as an�lises de comportamento do candidato dentro da plataforma.”

O executivo prossegue na explica��o. “O rob�, por exemplo, cruza informa��es de acordo com interesses pessoais e, assim, evita sugest�es de vagas e informa��es que o chatbot entende que podem ser pertinentes. Depois, quem entra � a nossa equipe de recursos humanos – que est� preparada para ir al�m do que o curr�culo do candidato fornece.”

GARGALOS Complementando as inova��es, a RHTech faz quest�o de levar os “gargalos” apresentados pelo banco de dados para serem analisados dentro de seu ambiente f�sico, avaliando, por exemplo, formas de aprimorar o impacto social que est� construindo junto com as empresas.

A RHTech prev� a cria��o de diversos projetos ainda neste ano, aumentando em 25% o n�mero de candidatos de grupos minorizados dentro das empresas, que podem ter dificuldade em processos seletivos por diversos motivos, seja por defasagem educacional, ra�a, g�nero, defici�ncia f�sica, entre outros.

O in�cio do projeto ser� com candidatos negros, por enfrentarem mais obst�culos para contrata��o no mercado de trabalho, de acordo com os n�meros da 99jobs. Agora em abril, ser� lan�ada a primeira escola de ingl�s para negros, focada no mercado de trabalho e nos testes de grandes processos seletivos de est�gio e trainee.

A academia foi criada a partir de um levantamento feito com 55 empresas que recrutam pela plataforma da 99jobs, envolvendo cerca de 400 mil candidaturas. Nesse levantamento, veio a descoberta: grande parte dos candidatos declarados negros eram eliminados dos processos nas notas de corte do teste de ingl�s. “Ao mesmo tempo em que as organiza��es buscam inclus�o e diversidade em seus processos, n�o conseguem abrir m�o do dom�nio m�nimo do idioma na rotina dos colaboradores. A escola surge com o intuito de diminuir essa dist�ncia entre os candidatos negros e as grandes empresas”, explica Migliano.

Empresas que t�m pol�ticas de inclus�o e diversidade para grupos que mais sofrem discrimina��o ainda s�o minoria no pa�s. Seis em cada 10 companhias n�o t�m nenhum programa, segundo pesquisa realizada pelo site vagas.com com profissionais de recursos humanos.

Entre as que informaram oferecer esse tipo de programa, a maioria � para pessoas com defici�ncia (88%). Para 62% dos profissionais de RH, suas empresas n�o est�o preparadas para lidar com a diversidade. Outros 25% acreditam que as companhias n�o est�o aptas a tratar do tema. S� 10% afirmam que suas corpora��es est�o prontas para essa quest�o.

Dados do Minist�rio do Trabalho mostram que, pelo menos no acesso a vagas com maior grau de instru��o, dist�ncia entre negros e brancos, embora grande, tem diminu�do. Entre 2008 e 2016, aumentou em 10 pontos percentuais a fatia de negros em vagas que pedem ensino superior. Contudo, enquanto os brancos s�o maioria em empregos de elite, os negros ocupam vagas sem qualifica��o. Por exemplo, 92% dos engenheiros de computa��o s�o brancos.

PRODUTIVIDADE Al�m de ampliar o universo de candidatos, outra vantagem do sistema de intelig�ncia artificial � aumentar a produtividade da equipe de recursos humanos no processo de recrutamento e sele��o. Segundo maior empregador do pa�s, com 78 mil funcion�rios, a empresa de call center Atento, com sede em S�o Paulo, faz, em m�dia, 4mil? contrata��es por m�s.

Para dar conta do volume, s� o time de RH tem 900 profissionais. Para a companhia, a ado��o da intelig�ncia artificial durante a busca por novos empregados garantiu um ganho de produtividade e de tempo significativos. O per�odo de admiss�o caiu de sete dias para 36 horas, segundo Majo Martinez, vice-presidente de recursos humanos da Atento.

Os concorrentes s�o interceptados pelas redes sociais e por sites de busca de emprego. Um rob� (sistema de computador) os identifica e inicia a conversa, via chat, no Facebook ou no Telegram. Primeiro, o postulante � vaga faz um teste on-line de portugu�s e matem�tica. Caso passe nessa fase, vai para um jogo que simula situa��es reais. A etapa final � uma entrevista por videoconfer�ncia com o supervisor da �rea. Todo o processo � virtual, at� mesmo a admiss�o: o profissional digitaliza o documento e envia pela internet.

“Os trabalhadores que passam por essa sele��o v�o atuar numa vaga de sal�rio m�nimo”, diz Majo. “Fazendo o processo sem sair de casa, eles n�o gastam nada.” A executiva reconhece que sua equipe teve dificuldades para p�r em pr�tica a tecnologia. Mas, com o retorno positivo imediato, h� planos para expandir o modelo.

Entrevista/ Patr�cia Santos, CEO e fundadora da EmpregueAfro

“A intelig�ncia artificial ser� aliada para os pr�ximos anos”

(foto: Caroline Lima/Divulgação)
(foto: Caroline Lima/Divulga��o)

Patr�cia Santos, CEO e fundadora da EmpregueAfro, consultoria em gest�o de pessoas e diversidade �tnico-racial, fala sobre os desafios da inclus�o.


Em tempos de desemprego recorde, existe maior dificuldade de recoloca��o para minorias e negros no mercado de trabalho?
Sim, com certeza. Devido ao racismo estrutural do nosso pa�s, de acordo com o IBGE, 66% dos desempregados s�o negros.

Quais s�o as estrat�gias adotadas pela EmpregueAfro para reduzir as desigualdades no mercado de trabalho?
Somos a �nica consultoria de RH do pa�s com foco em diversidade �tnico-racial, que fomenta nas grandes multinacionais, principalmente, a import�ncia de valorizar essa diversidade e oferecer oportunidades.

Al�m da divulga��o das habilidades do candidato, existem outras ferramentas para estimular a contrata��o de negros e minorias?
Sim, costumamos dizer para as empresas que n�s, negros, somos a maioria da popula��o e a maioria economicamente ativa, ou seja, a maioria dos consumidores do pa�s, e que investir nessa contrata��o traz retornos tamb�m de lucratividade e market share.

Quais s�o as �reas que est�o abrindo mais e menos vagas para negros?
As empresas multinacionais est�o abrindo mais oportunidades, principalmente nos programas de est�gio e de trainee. As empresas brasileiras ainda precisam amadurecer mais nesse aspecto.

A intelig�ncia artificial vai ajudar no processo de sele��o desses candidatos?
A intelig�ncia artificial � uma tend�ncia que acredito que seja muito importante e aliada para os pr�ximos anos.

Quais s�o as perspectivas para os negros e minorias no mercado de trabalho a partir deste ano?
A perspectiva � bem otimista n�o s� para programas de est�gio e trainee, como tamb�m mais oportunidades efetivas. Acredito que vale a pena investir para estudar e aprender ingl�s, porque s�o as multinacionais que mais contratam.

 


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