
S�o Paulo – Com experi�ncia de 27 anos no segmento de armas e muni��es, o executivo Salesio Nuhs comanda atualmente a quarta maior fabricante de armas do mundo e a l�der mundial em rev�lveres: a Taurus. Sob sua gest�o, a empresa brasileira vive uma de suas melhores fases, impulsionada pelo discurso pr�-armas do presidente Jair Bolsonaro.
Al�m do Brasil, est� na mira da Taurus o mercado americano, onde a companhia inaugura nesta semana uma nova f�brica, que dobrar� a sua capacidade de produ��o.
Em entrevista aos Di�rios Associados, Nuhs avalia o cen�rio brasileiro e revela quais s�o os planos da empresa para o mercado internacional.
Al�m do Brasil, est� na mira da Taurus o mercado americano, onde a companhia inaugura nesta semana uma nova f�brica, que dobrar� a sua capacidade de produ��o.
Em entrevista aos Di�rios Associados, Nuhs avalia o cen�rio brasileiro e revela quais s�o os planos da empresa para o mercado internacional.
O que explica o crescimento de 16,4% nas receitas da Taurus no segundo trimestre deste ano?
Decidimos ser uma empresa agressiva com rela��o a desenvolvimento de produtos tanto no Brasil quanto no mundo, em especial nos Estados Unidos. Lan�amos cinco novos modelos de rev�lveres e pistolas no mercado brasileiro. Por isso, a receita operacional est� crescendo sobre um per�odo muito bom, que foi o ano de 2018. Mas, tudo isso � parte de um planejamento que come�amos a fazer l� atr�s, entre 2016 e 2017.
N�o vejo no decreto do Bolsonaro uma iniciativa de venda indiscriminada. O Brasil � um pa�s que tem uma legisla��o rigorosa em rela��o ao controle de armas e muni��es
Salesio Nuhs, presidente da Taurus Armas
Qual a participa��o das vendas externas no resultado da empresa?
� alta: 85% da nossa produ��o � exportada. Somos uma empresa fortemente exportadora, com atua��o em mais de 100 pa�ses. Nosso maior mercado � o americano. Os Estados Unidos, sozinhos, consomem cerca de 70% das armas leves produzidas no mundo.
O que vende nos Estados Unidos tamb�m vende no Brasil?
N�o. Dois ter�os das armas vendidas nos Estados Unidos s�o proibidos no Brasil. S�o armas mais pesadas. Vamos, inclusive, inaugurar nossa primeira linha de produ��o no estado da Ge�rgia, com investimento de US$ 42 milh�es. Estamos transferindo nossa f�brica da Fl�rida para a Ge�rgia, para aumentar a nossa capacidade de produ��o nos Estados Unidos. Vamos dobrar, a partir de janeiro de 2020, para 800 mil armas por ano. Aqui no Brasil, a gente produz 4.173 armas por dia, ou seja, pr�ximo a 1 milh�o por ano. Nos Estados Unidos, atualmente, fabricamos cerca de 400 mil armas por ano.

Qual foi a contribui��o do efeito Trump e Bolsonaro nos seus resultados, j� que s�o presidentes com perfil pr�-armas?
No mercado americano, o efeito Trump foi positivo no per�odo eleitoral. Como havia a possibilidade de entrar um presidente “desarmamentista” ou coisa parecida, no caso da Hillary Clinton, houve uma grande corrida dos americanos para a compra de armas. Mas, hoje, n�o tem nenhuma influ�ncia. As vendas, inclusive, ca�ram no mercado americano. Nos �ltimos de seis meses, encolheram 5,4%. Mas a Taurus, nesse mesmo per�odo, cresceu 6,5% nos Estados Unidos. Ou seja, aumentamos a nossa participa��o no mercado americano e nos consolidamos como a quarta marca mais vendida no pa�s.
E no caso do Brasil?
Com Bolsonaro, o mercado brasileiro de armas n�o mudou nada. Os decretos, em si, n�o tiveram nenhum impacto. Isso porque os decretos v�o ser regulamentados. Ou seja, o decreto teria 60 dias para ser regulamentado, e esse prazo vence em 25 de agosto.
Mas por que as vendas est�o crescendo?
Al�m dos nossos lan�amentos, o brasileiro tomou ci�ncia do direito de comprar uma arma de fogo para sua leg�tima defesa. Embora todos pudessem ter armas, mesmo antes da elei��o do Bolsonaro, isso estava muito confuso na cabe�a dos brasileiros. Uns achavam que era proibido. O referendo popular trouxe uma pergunta muito d�bia. No meu entendimento, para gerar uma d�vida intencional. A pergunta era a seguinte: voc� � a favor ou contra da proibi��o do com�rcio de armas de fogo e muni��es? Como a tentativa de proibir armas n�o vingou, e houve uma grande campanha da m�dia, dos governos anteriores, demonizando a arma de fogo, na cabe�a das pessoas ficou a impress�o de que a arma de fogo n�o estava permitida no Brasil. Com a �ltima campanha eleitoral no Brasil, esse assunto foi muito abordado, o que aconteceu � que o brasileiro acabou tendo ci�ncia que ele tem o direito � leg�tima defesa. Ent�o, o mercado vem aquecendo por isso.
Mas uma das bandeiras de campanha de Bolsonaro era a revoga��o do estatuto do desarmamento, que na verdade n�o proibiu nada...
Realmente, � importante entender que o estatuto hoje, a Lei 10.803, foi constru�da totalmente em cima da verdade de que o com�rcio de arma seria proibido no Brasil, tanto que um dos artigos da lei diz: “fica proibido o com�rcio de armas de muni��es mediante referendo popular a ser realizado em outubro de 2005”. Ent�o, a lei inteira � restritiva, e como foi uma surpresa terem perdido, os �rg�os regulamentadores dificultaram a compra de armas. Na campanha eleitoral do Bolsonaro, o assunto voltou a ser discutido e a popula��o, enfim, entendeu que poderia comprar. Na pr�tica, n�o mudou nada e as restri��es continuam as mesmas, mas a procura � muito grande. O brasileiro entendeu que pode ter.
A libera��o de armas n�o vai aumentar ainda mais a viol�ncia no pa�s?
N�o tenho d�vida de que se o cidad�o de bem tiver como melhorar a suas condi��es de seguran�a, a viol�ncia diminui. Isso � �bvio. N�o vejo no decreto do Bolsonaro uma iniciativa de venda indiscriminada. O Brasil � um pa�s que tem uma legisla��o mais rigorosa com rela��o ao controle de armas e muni��es. N�s somos o �nico pa�s do mundo que marca as muni��es. O controle de arma de fogo � muito eficaz no Brasil. As armas de fogo legais est�o nas m�os do cidad�o de bem. O grande problema do Brasil � seguran�a p�blica, n�o � a libera��o da arma de fogo. Falta investimento em todas as �reas de seguran�a p�blica. Ent�o, respondendo a sua pergunta de forma clara, n�o acredito que armas nas m�os de cidad�os de bem aumentem a viol�ncia. Pelo contr�rio, v�o diminuir, porque � mais uma op��o que o cidad�o tem para se proteger.
Mas a quest�o da viol�ncia � muito s�ria no Brasil. Somo um dos pa�ses com a menor taxa de resolu��o de homic�dios do mundo.
Mas isso n�o � uma quest�o do setor armas. N�o depende do fabricante de armas. O grande problema do Brasil � a falta de elucida��o dos crimes. Isso � um problema de seguran�a p�blica, que n�o quero nem comentar muito, porque n�o sou competente para fazer isso.
Como a Taurus vai evitar problemas com acidentes, como os que ocorreram no passado, de armas que disparavam sozinhas?
Primeiro, n�o existe sequer um processo e uma per�cia t�cnica de arma que dispara sozinha. Nenhuma dispara sozinha. Eu j� coloquei uma arma na minha frente e fiquei esperando ela disparar. Nunca aconteceu. Ela pode disparar involuntariamente, quando a pessoa quer acionar o gatilho dela. O que aconteceu foi uma campanha muito grande, muito forte, contra a nossa companhia. Tanto � que n�o tivemos nenhuma per�cia s�ria, t�cnica, que nos condenasse. A Taurus se reinventou nesses �ltimos anos. Superamos todas as normas internacionais. Isso � o que garante que a gente n�o tem qualquer tipo de problema com os produtos novos. Tudo que se ouviu por a�, e vira e mexe o assunto requenta na imprensa, tudo isso faz parte do passado. Os v�deos que circularam sobre n�s n�o eram reais, eram v�deos fabricados.
Como o senhor avalia a concorr�ncia?
N�o vejo nenhum problema nisso. Atuamos no mundo inteiro. A Taurus � uma empresa global. Exportamos para mais de 100 pa�ses. Todos os dias a gente ganha uma concorr�ncia em algum lugar do mundo. Evidentemente, a gente ganha de grandes fabricantes.