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Estado de Minas CONSUMO

D�lar for�a queda de bra�o pelas iguarias consumidas no Natal

Recente valoriza��o do c�mbio, que come�a a afetar p�es, deve pressionar, se mantida, os pre�os de castanhas e vinhos. Preocupados, comerciantes tentam evitar os repasses


postado em 09/12/2019 04:00 / atualizado em 09/12/2019 09:43

Castanhas típicas das festas de fim de ano oferecidas nas empresas especializadas: expectativa é de que haja recuo do dólar, mas não acentuado(foto: Leandro Couri/EM/D.A Press 31/10/19)
Castanhas t�picas das festas de fim de ano oferecidas nas empresas especializadas: expectativa � de que haja recuo do d�lar, mas n�o acentuado (foto: Leandro Couri/EM/D.A Press 31/10/19)

A recente alta do d�lar, que chegou a bater o recorde de sua cota��o nominal, – ou seja, sem descontar a infla��o –, ao fechar a R$ 4,26, indica que alimentos e bebidas devem ficar mais caros para o consumidor j� pressionado pelos aumentos de pre�os t�picos do fim de ano.

 

Enquanto artigos demandados para as ceias de Natal e Ano-novo, como vinhos e castanhas, conseguiram desembarcar no pa�s antes da valoriza��o da moeda americana, novas remessas tendem a encarecer. Da mesma forma, itens comuns na mesa do brasileiro, a exemplo do p�o franc�s, que depende do trigo importado pelo Brasil, come�am a sofrer altera��es.

 

Caso a moeda americana continue valorizada, a dona de casa deve ficar atenta para poss�veis altas nos pr�ximos meses, especialmente de produtos dependentes de mat�rias-primas ou insumos importados. Na contram�o dessa tend�ncia, os exportadores � que s�o beneficiados, com a oportunidade de vender mais caro para o mercado internacional.

A ind�stria da panifica��o, que sofre os efeitos de outras despesas que ficaram mais altas, teme fortes oscila��es positivas no c�mbio. O presidente da Associa��o Mineira de Ind�stria da Panifica��o (Amip�o), Vin�cius Dantas, diz que, al�m do c�mbio, outro problema � a falta de oferta de trigo na Argentina, devido � crise econ�mica no pa�s vizinho.
 
Cerca de 50% do trigo consumido no Brasil � importado, sendo que aproximadamente 70% do gr�o que vem do exterior � argentino. Varia��es na cota��o do d�lar afetam a oferta dos derivados de trigo no pa�s.

Houve tamb�m recentes reajustes nas tarifas de energia el�trica e g�s que alimentam os fornos das padarias, fator que dever� contribuir para deixar o p�o de sal mais caro. “A tend�ncia � de aumentarem os pre�os nas padarias, mas o mercado consumidor � que vai ditar a possibilidade ou n�o de repasse (dos custos para o consumidor)”, afirma Vin�cius Dantas.

O presidente da Amip�o acredita que se a moeda americana continuar se valorizando, o aumento nos pre�os deve ser de cerca de 0,5%. Por�m, diz n�o ver o d�lar em alta por muito tempo. A cren�a dele � de que o Brasil “vive muito ainda na especula��o financeira”.

Requisitados nas festas de fim de ano, os vinhos podem seguir a mesma curva de valoriza��o nas prateleiras do varejo. O s�cio-diretor da Casa do Vinho, revendedora de bebidas de Belo Horizonte, Andr� Martini, garante que os pre�os dos produtos n�o v�o mudar para o Natal, j� que os estoques est�o prontos. “Em respeito ao consumidor, temos que manter”, diz.

No entanto, o comerciante conta que trabalha com faixa de oscila��o do c�mbio na qual � poss�vel operar sem aumentar os pre�os. “Muita vezes reduzimos margem para que o aumento seja menor”, afirma. Ele n�o se arrisca a prever o comportamento dos pre�os das garrafas que ainda est�o no trajeto do fornecedor para a loja. Martini explica que os vinhos, assim como outros produtos importados, s�o afetados com atraso pelas varia��es no c�mbio. O per�odo entre a compra no exterior, o transporte e a libera��o dos produtos normalmente � de 65 a 100 dias.

Ao chegar no Brasil, todos os impostos s�o calculados sobre a mercadoria, com base na cota��o do dia, o que torna imprevis�vel o valor de fechamento da compra total. Por essas raz�es, o comerciante n�o tem um planejamento em rela��o a isso. “A previs�o de c�mbio n�o � uma coisa que tem muita l�gica no Brasil. Fico preocupado, mas n�o tenho bola de cristal”, justifica Martini.

Alta cont�nua 


O consultor financeiro e professor da faculdade Uni Horizontes, Paulo Vieira, explica que, com o d�lar mais caro, os importadores pagam mais para adquirir insumos do exterior. Assim, � necess�rio repassar os custos para o consumidor, o que encarece os produtos. “Alta cont�nua e persistente do d�lar deve levar a infla��o”, conclui. Nesse caso, artigos que dependem de fornecimentos que v�m do mercado internacional, e por isso cotados em d�lar, ficam mais caros. � o caso do p�o, que depende do trigo, e das vestimentas, que precisam do algod�o.

A partir do momento em que os pre�os dos itens que dependem do d�lar sobem, a tend�ncia � que demorem a voltar ao patamar anterior. Vieira explica que os comerciantes pensam que se est�o conseguindo vender � porque ainda h� consumidores dispostos a comprar. Na an�lise do professor, por isso, a n�o ser quando h� forte concorr�ncia, os pre�os demoram a cair depois de um cen�rio de infla��o. Al�m disso, ele destaca que v�rios fatores formam os pre�os, como os custos de mat�ria-prima e m�o de obra, que podem seguir uma tend�ncia contr�ria ao d�lar.

Além do dólar, padarias são pressionadas por outros custos que tendem a deixar os pães mais caros(foto: Jair Amaral/EM/D.A Press 20/6/11 )
Al�m do d�lar, padarias s�o pressionadas por outros custos que tendem a deixar os p�es mais caros (foto: Jair Amaral/EM/D.A Press 20/6/11 )

'Quem garante os precos?'

O gerente do Emp�rio Ananda, delicatessem instalada no Mercado Central de BH, Eduardo Carlos de Campos, diz que a alta do d�lar n�o fez tanta diferen�a por enquanto. O comerciante afirma que j� comprou boa parte do estoque encomendado para o Natal, e n�o deve alterar os pre�os. “Se n�o tivesse trabalhando em cima de estoque, com certeza ia passar aperto”, afirma. O problema ser�o as novas remessas, a exemplo da castanha portuguesa.

“Particularmente n�o tenho o que reclamar, estou vendendo bem”. Ainda assim, Eduardo n�o consegue garantir os pre�os da castanha portuguesa, j� que ainda n�o encomendou a iguaria. Ele conta que ter percebido no Mercado Central aumento no pre�o do quilo do produto t�pico de fim de ano: de R$ 79 para R$ 89. Agora, ele n�o sabe o que esperar do c�mbio. “� dif�cil prever esse neg�cio de bolsa. O presidente fala uma coisa e muda”, comenta.

O consultor financeiro e professor Paulo Vieira destaca uma s�rie de raz�es para a recente alta do d�lar. “O d�lar n�o sobe por uma causa s�”, diz. Tanto as incertezas da pol�tica brasileira, como a tramita��o das reformas no Congresso, a guerra comercial entre os Estados Unidos e a China e a crise na Argentina influenciaram na valoriza��o do d�lar e a consequente desvaloriza��o do real. Como no Brasil o c�mbio � flutuante, a cota��o da moeda � determinada pelo mercado. Quer dizer, quanto menos d�lares estiverem dispon�veis no pa�s, mais caro � comprar a moeda americana.

“Houve muita sa�da de d�lar do Brasil nas �ltimas semanas. O investidor corre para onde acha que � mais seguro”, explica Paulo Vieira. Dois meses atr�s, em 8 de outubro, o d�lar fechou o preg�o cotado a R$ 4,08. Depois de um per�odo est�vel, em novembro as altas se tornaram mais expressivas. Isso ocorreu at� que em 27 de novembro alcan�ou a cota��o nominal mais alta desde a implementa��o do Plano Real, que foi de R$ 4,26.

A partir da�, a tend�ncia foi de desvaloriza��o da moeda americana. Paulo Vieira acredita que, no curto prazo, o d�lar deva recuar um pouco, mas nada muito acentuado. “Estamos no final do ano, �poca de uma natural demanda mais aquecida por d�lares”, afirma. J� entre seis meses e um ano, o consultor financeiro aposta em que a moeda americana deve se estabilizar em torno de R$ 4. “At� porque acredito que se houver uma press�o de alta muito forte, o Banco Central tamb�m atuar� forte”, argumenta.

Exportador surfa em altas ondas

Vista com receio pelos importadores, a alta do d�lar favorece as exporta��es. A coordenadora da assessoria t�cnica da Federa��o da Agricultura e Pecu�ria do Estado de Minas Gerais (Faemg), Aline Veloso, trata a valoriza��o da moeda americana como “oportunidade” para a pauta de exporta��es do estado. “Quando o real est� depreciado, podemos ter ganhos maiores ao exportar o produto”, explica, j� que o comprador estrangeiro tem que desembolsar menos d�lares para adquirir o que � produzido dentro do Brasil.

A coordenadora da Faemg d� como exemplo o caf�, que teve aumento na receita de exporta��o ao longo dos 10 primeiros meses do ano. Segundo ela, de janeiro a outubro de 2019 o gr�o rendeu US$ 2,8 bilh�es em vendas para 88 pa�ses, crescimento de 17,1% em rela��o ao mesmo per�odo de 2018.

Aline Veloso n�o v� uma rela��o direta entre aumento das exporta��es e o encarecimento dos produtos no mercado interno, como vem ocorrendo com as carnes de boi e porco. “H� uma rela��o indireta, mas n�o d� pra afirmar como vai mudar o pre�o. Esses s�o produtos (como o caf�) que a gente j� exporta”, comenta. Em rela��o � recente alta nos pre�os das carnes, ligada a uma forte demanda da China, Aline explica que o caso “n�o foi 100% por causa da exporta��o”, j� que outros fatores internos tamb�m contribu�ram.

Por�m, mesmo com o cen�rio de valoriza��o do d�lar, ela explica que o faturamento das exporta��es mineiras de produtos agropecu�rios – que � respons�vel pela maior parte das exporta��es estaduais – caiu nos 10 primeiros meses de 2019 em rela��o ao mesmo per�odo do ano passado. Este ano, at� outubro Minas exportou o equivalente a US$ 6,39 bilh�es, valor que representa recuo de 2,5% na compara��o com a cifra apurada em 2018.

A coordenadora da Faemg aponta que o motivo est� na queda de pre�os das commodities (pre�os agr�colas e minerais cotados no exterior) como os do caf�, soja e a��car , produtos que figuram na lista dos campe�es das exporta��es do estado.

* Estagi�rio sob a supervis�o da subeditora Marta Vieira


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