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Estado de Minas ENTREVISTA ANDR� CUNHA- PRESIDENTE DA EWALLY

"Muitas fintechs v�o ficar pelo caminho", diz criador de startup

Executivo avalia que os novos bancos digitais v�o fechar por falta de dinheiro ou gest�o


postado em 12/02/2020 04:00 / atualizado em 12/02/2020 08:54

(foto: Ewally/Divulgação)
(foto: Ewally/Divulga��o)

S�o Paulo – Milh�es de brasileiros t�m acesso limitado a servi�os banc�rios. De olho nessa parcela significativa da popula��o, o engenheiro eletr�nico e ex-piloto da For�a A�rea Brasileira (FAB) Andr� Cunha come�ou no in�cio dos anos 2000 a desenvolver um projeto para promover a inclus�o financeira.

A iniciativa ganhou corpo, mas saiu do papel somente com o avan�o da tecnologia. Em 2016, Cunha fundou a Ewally, startup que permite realizar opera��es banc�rias, como transfer�ncias e pagamentos de contas, por meio de um smartphone.

O neg�cio, conta ele, s� decolou depois da participa��o em programas de acelera��o. Nesta entrevista, o executivo avalia o mercado de bancos digitais e fintechs no pa�s e afirma que muitas companhias ainda v�o fechar, por falta de dinheiro ou mesmo de gest�o.

Ele v� um longo caminho para a consolida��o do setor, mas elogia a atua��o do Banco Central de permitir que novos modelos de neg�cios sejam testados. Sobre a Ewally, Andr� Cunha mostra otimismo com os rumos da startup, que recentemente teve uma fatia (49%) comprada pelo Grupo Carrefour. Com o suporte de um grande parceiro, Cunha espera alcan�ar at� 8 milh�es de pessoas nos pr�ximos anos e estabelecer conex�o para novos neg�cios.

Como foi o processo de desenvolvimento da Ewally?
A ideia surgiu h� mais de 15 anos, quando ganhei um pr�mio de l�deres globais do amanh� do F�rum Econ�mico Mundial. Na �poca, fiquei muito envolvido em workshops, tratando do assunto de inclus�o financeira e digital. Identifiquei, especialmente no Brasil, que boa parte da popula��o era desbancarizada e totalmente exclu�da do sistema financeiro. Esse cen�rio causa uma dor muito grande, como perda de renda e dificuldades para tocar o dia a dia. Pensei durante muito tempo em uma solu��o, no formato de um produto de acordo com a necessidade da popula��o. Naquele tempo, n�o havia a tecnologia de hoje, que permite ferramentas muito mais �geis e baratas  para montar uma solu��o para esse p�blico.


''Muitas fintechs est�o surgindo e l� na frente vai haver uma consolida��o. Poucas v�o sobreviver. Foi a mesma coisa que aconteceu no come�o dos anos 200 coma bolha da internet''




Qual era proposta da fintech quando ela foi criada?
O plano era permitir que a pessoa que n�o tem acesso a servi�os financeiros conseguisse desfrutar dos mesmos servi�os oferecidos por um banco, mas por meio de um aplicativo instalado em um smartphone. A ideia era que, pelo celular, ela realizasse tudo, como depositar e transferir dinheiro, pagar contas, fazer saques em redes 24 horas, al�m de ter um cart�o para compras.

Em algum momento achou que o neg�cio n�o daria certo?
Basicamente, a todo momento. Empreender em uma �rea disruptiva no Brasil ainda � um ato de hero�smo di�rio, com todas as barreiras e dificuldades. Mas tem que ter resili�ncia para ir tirando da frente cada um dos obst�culos.


''Startup � uma empresa como sempre houve. H� desafios e riscos.Ter uma ideia � bom, mas � quase nada''




Na sua avalia��o, que fatores contribu�ram para o sucesso da iniciativa?
Trabalhei inicialmente cinco anos sozinho desenvolvendo o projeto. Era uma dificuldade gigantesca, porque estava sem investimento, sem dinheiro, sem apoio. Essas foram as maiores barreiras enfrentadas desde o in�cio. Entre 2014 e 2015, fiz inscri��o e participei de um programa da Artemisia, que � uma aceleradora de startups com vi�s social. Em 2016, tamb�m participei do Bradesco Inovabra. As duas experi�ncias fizeram com que eu pudesse desenvolver in�meras integra��es no sistema financeiro e montasse a solu��o, que foi lan�ada entre o final de 2016 e o in�cio de 2017. A partir da�, o neg�cio deslanchou. A participa��o nos programas permitiu um amadurecimento dos produtos. Foi poss�vel testar todos os sistemas de seguran�a e atingir a qualidade dos servi�os com padr�o banc�rio

Como voc� v� o avan�o do mercado de bancos digitais e fintechs no pa�s?
Com muito otimismo. Esse � um movimento irrevers�vel. Aconteceu, come�ou e n�o tem mais volta. Existe hoje uma tecnologia favor�vel, existe um movimento social. As pessoas hoje querem comodidade, seguran�a, facilidade, rapidez, buscam a desburocratiza��o de tudo. � um movimento que a gente v� em todos os setores da economia e o setor financeiro n�o ficaria fora disso. Existe uma ruptura dos modelos de neg�cios, um potencial grande de retorno financeiro e uma possibilidade de criar novos produtos e servi�os. � n�tido que tudo isso vai gerar uma grande competi��o.


''Os brasileiros, mesmo os de baixa renda, est�o �vidos por conhecimento na �rea financeira e aprender como gerir melhor o dinheiro''




Em que ponto do processo estamos? De amadurecimento ainda ou de consolida��o do mercado?
Hoje em dia, notamos uma variedade de fintechs surgindo. Novas empresas que est�o fazendo com que o mercado fique muito distribu�do. E l� na frente acredito que vai haver uma consolida��o. Poucas v�o sobreviver, muitas v�o ficar pelo caminho. Foi a mesma coisa que aconteceu no come�o dos anos 2000 com a bolha da internet. Muitas empresas desapareceram e as boas sobreviveram e cresceram. A gente observou tamb�m que no fim de 2017 e 2018 aconteceu isso no mercado de criptomoedas. Agora, com as fintechs n�o vai ser diferente. Avalio que ainda estamos no come�o da curva. Est� surgindo uma montanha de empresas, mas muitas sem a capacita��o tecnol�gica, financeira ou mesmo de gest�o. E l� na frente vai haver uma consolida��o, como observamos historicamente em todos os mercados.

A Ewally teve uma fatia (49%) comprada pelo Grupo Carrefour em outubro do ano passado. Como foi o processo?
Foi duro e desgastante. Durou quase dois anos, com todos os percal�os no meio do caminho e felizmente finalizou recentemente. Avalio a parceria como sendo de grande import�ncia. O Carrefour tem milh�es de pessoas que circulam nas lojas todos os anos. Isso aumenta muito a exposi��o. Muitas dessas pessoas t�m esse desejo, essa necessidade de ter acesso a servi�os financeiros. Ent�o � um grupo que permite montar todo um ecossistema, estabelecer contato quase di�rio com outras empresas e poss�veis links de neg�cios.

Tem uma estimativa de quantas pessoas podem ser alcan�adas?
A gente espera atingir entre 7 mi- lh�es e 8 milh�es anualmente. Nem todo mundo obviamente vai aderir, mas esse � o desafio do neg�cio.

Com base na sua experi�ncia como empreendedor, qual a percep��o sobre o que est� dando certo na �rea?
Uma coisa que acho bacana no Brasil � o pr�prio regulador – o Banco Central. Ele tem dado espa�o para as empresas surgirem e testarem seus modelos de neg�cios. � uma regula��o moderna que permite o aperfei�oamento dos formatos. Isso est� dando certo e espero que seja mantido pensando no futuro, quando provavelmente ele deve apertar um pouco mais a regulamenta��o em determinados setores.

O que pode ser melhorado para o mercado expandir ainda mais?
A capta��o de recursos n�o � f�cil, mas vejo que est� em desenvolvimento. Tem tamb�m a pr�pria mentalidade. O bom empreendedor tem disposi��o para aprender e gerir bem o seu neg�cio. Startup � uma empresa como sempre houve. H� desafios e riscos. Ter uma ideia � bom, mas � quase nada. A execu��o do plano de neg�cios no dia a dia � o que faz uma empresa dar certo ou errado.

A educa��o financeira tamb�m favorece o crescimento dos neg�cios?
Essa foi uma das gratas surpresas que tivemos atuando na �rea. A popula��o, mesmo aqueles de baixa renda, est� �vida por conhecimento na �rea financeira. Os brasileiros est�o demonstrando interesse, uma necessidade pela busca de conhecimento. A popula��o quer aprender mais como gerir melhor o dinheiro.

Qual a perspectiva da empresa para esse ano em rela��o cen�rio econ�mico?
� um cen�rio otimista devido � queda da taxa de juros. A popula��o em geral e as empresas est�o procurando novas formas de investimento e como melhorar o seu capital.

Como voc� projeta a fintech nos pr�ximos anos?
Queremos fortalecer o crescimento da base e da receita. Focamos em aumentar a lucratividade da empresa. Al�m disso, buscaremos manter o vi�s inovador e a coragem para lan�ar produtos e servi�os.



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