
S�o Paulo – Fernando Franco, cofundador e CEO da Provi, come�ou a trabalhar no mercado financeiro pouco depois de se formar em engenharia pelo Instituto Tecnol�gico de Aeron�utica, o renomado ITA. Passou por Ita� BBA, Credit Suisse e BTG Pactual, mas logo percebeu que sua voca��o era empreender.
Ainda sem ter em mente o que gostaria de fazer, percorreu alguns pa�ses da Europa, os Estados Unidos e a China para estudar o mercado de cr�dito. Foi em Xangai, durante um Congresso, que surgiu a ideia de oferecer cr�dito, mas com uma classifica��o de risco pr�pria, que levasse em conta vari�veis nada convencionais.
E foi justamente este novo olhar que permitiu o surgimento da Provi. Em seu primeiro ano, a startup emprestou pequenos valores para pessoas negativadas. Agora, o foco � financiar quem pretende fazer cursos r�pidos para impulsionar suas carreiras. Confira a entrevista:
Ainda sem ter em mente o que gostaria de fazer, percorreu alguns pa�ses da Europa, os Estados Unidos e a China para estudar o mercado de cr�dito. Foi em Xangai, durante um Congresso, que surgiu a ideia de oferecer cr�dito, mas com uma classifica��o de risco pr�pria, que levasse em conta vari�veis nada convencionais.
E foi justamente este novo olhar que permitiu o surgimento da Provi. Em seu primeiro ano, a startup emprestou pequenos valores para pessoas negativadas. Agora, o foco � financiar quem pretende fazer cursos r�pidos para impulsionar suas carreiras. Confira a entrevista:
Voc� � CEO de uma fintech de financiamento educacional e diz que a empresa tem como prop�sito transformar carreiras. Como isso ocorre?
Buscamos momentos em que o cr�dito pode alavancar a vida das pessoas. Um desses momentos est� ligado � educa��o. Dessa forma, vamos atr�s de escolas e cursos que tenham alto potencial transformador. O aluno, ao se formar, ter� adquirido novos conhecimentos que permitir�o que tenha uma renda mais elevada do que tinha antes de fazer o curso. Na maioria dos casos, esse aluno n�o considerava o financiamento uma op��o e acabava n�o fazendo o curso de que gostaria.
''O Fies j� n�o consegue atender � demanda por educa��o no Brasil. Ainda que se fa�am parcerias com bancos e institui��es privadas, o gap educacional no pa�s � enorme''
Vale a pena financiar cursos de curta dura��o e alta intensidade?
Vale, por v�rios motivos. Nem todas as pessoas podem parar de trabalhar ou querem ficar sem trabalhar durante os quatro ou cinco anos de uma gradua��o. Al�m disso, em diversos cursos de gradua��o tamb�m existe um distanciamento entre o que � ensinado e o que � aplicado no mercado de trabalho. Soma-se a isso a alta taxa de vagas que n�o s�o preenchidas por falta de qualifica��o no Brasil. Nesse contexto, os cursos de curta dura��o e alta intensidade resolvem tanto a quest�o de formar profissionais mais rapidamente como a defasagem entre o que � aprendido nas faculdades e o que se aplica no dia a dia, uma vez que esses cursos se moldam �s necessidades do mercado de trabalho.
Por que um engenheiro formado pelo ITA e com uma carreira em grandes bancos decidiu empreender nesta �rea?
No mercado financeiro, eu percebi como o cr�dito pode ser transformador na vida das pessoas, mas tamb�m pode destruir se n�o for usado da maneira correta. Quando usado para alavancar momentos de transforma��o, ele tem impacto muito positivo. O grande problema � que, independentemente do motivo que levava a pessoa a tomar o cr�dito, a precifica��o do produto � a mesma, seja para educa��o, para uma viagem ou apenas para fazer compras. Isso n�o faz sentido.
''As carreiras relacionadas � tecnologia e � pesquisa de dados seguem em alta. Os alunos que escolhem cursos nessa �rea t�m um retorno mais r�pido do mercado de trabalho''
Quando voc� percebeu que o melhor caminho para o seu neg�cio era investir em financiamento educacional?
Percebemos nessa diverg�ncia uma oportunidade de oferecer cr�dito de uma forma diferente, de mudar a rela��o do brasileiro com esse tipo de produto e ainda ter um impacto positivo na sociedade. Eu sabia que queria fazer cr�dito com prop�sito, e chegar ao financiamento educacional foi apenas uma quest�o de tempo.
Qual � o diferencial de sua empresa? Como � poss�vel financiar cursos para desempregados negativados?
N�o olhamos apenas o presente da pessoa, mas tamb�m o potencial futuro do curso que ela est� escolhendo, onde pretende trabalhar, qual �rea ir� escolher. Tudo isso � levado em conta. N�o existe m�gica, � s� trazer fatores para a equa��o que antes eram deixados de lado. As pessoas precisam de oportunidades e sabemos que profissionais mais qualificados t�m maiores chances de se recolocar no mercado de trabalho.
'' No mercado financeiro, eu percebi como o cr�dito pode ser transformador na vida das pessoas, mas tamb�m pode destruir se n�o for usado da maneira correta''
Quais cursos t�m um melhor retorno financeiro?
As carreiras relacionadas � tecnologia e � pesquisa de dados seguem em alta. Com o mercado aquecido, os alunos que escolhem cursos nessas �reas t�m um retorno mais r�pido do mercado de trabalho.
Que benef�cio a Provi oferece para as escolas que se associam � empresa?
Al�m de trazer um novo formato de pagamento mais acess�vel para os alunos, o que faz com que mais pessoas fa�am os cursos, a Provi tamb�m adianta os recebimentos da escola, permitindo uma maior previsibilidade de fluxo de caixa e assumindo toda a inadimpl�ncia. Sabe aquela parte chata de cobrar e cuidar das quest�es financeiras? Fica com a gente. Dessa forma, a escola consegue focar seus esfor�os em aprimorar a parte pedag�gica dos cursos.
Qual a expectativa de financiamento para 2020?
Para este ano, queremos ampliar o impacto na vida de pessoas. Dessa forma, o objetivo � fechar o ano com mais de R$ 80 milh�es financiados.
Voc� acredita no Fies ou acha que o melhor caminho � o financiamento privado dos estudos?
Acredito que promover acesso � educa��o � uma necessidade latente do Brasil. N�o acho que tenha que ser ou um ou outro. Quanto mais solu��es que viabilizem educa��o para quem quer estudar, melhor para o brasileiro.
''N�o olhamos apenas o presidente da pessoa, mas tamb�m o potencial futuro do curso que ela est� escolhendo, onde pretende trabalhar, qual �rea ir� escolher. Tudo isso � levado em conta''
Nos �ltimos anos, o Fies vem registrando �ndices elevados de inadimpl�ncia. Isso n�o � um problema grave para o programa?
O Fies j� n�o consegue atender � demanda por educa��o no Brasil, embora continue sendo uma alternativa de cr�dito. Ainda que se fa�am parcerias com bancos e institui��es privadas, o gap educacional no Brasil � enorme. Al�m disso, o Fies est� focado em cursos universit�rios, s� que precisamos de mais. S�o 11 milh�es de pessoas desempregadas, a grande maioria n�o consegue investir quatro anos em uma forma��o.
Na sua vis�o, portanto, os cursos r�pidos representam uma alternativa vi�vel para quem n�o tem condi��es de dedicar muito tempo aos estudos.
Os cursos r�pidos e intensivos s�o uma alternativa para essas pessoas e para o pa�s. Sabemos que temos como agregar conhecimento na vida das pessoas e transformar suas carreiras. Acreditamos no potencial dessas pessoas.
� mais barato financiar um curso com a Provi do que com grandes bancos?
Sim. Como a gente garante a finalidade dos recursos, que s� ser�o utilizados para educa��o mesmo, conseguimos colocar no modelo diversas vari�veis a respeito do mercado de trabalho, do curso, do que a pessoa pretende fazer quando se formar, que normalmente o banco n�o olha. E, por isso, nosso financiamento � mais atrativo.
A Provi tem um produto espec�fico para m�dicos que precisam estudar para a prova de resid�ncia. Por que investir nesse segmento e como funciona?
Sabemos que os problemas relacionados a dinheiro e educa��o n�o existem apenas na ponta do acesso � educa��o. Outro problema � da pr�pria concilia��o de estudos e trabalho e algumas pessoas acabam tendo que mudar os rumos dos estudos por precisar trabalhar. No mercado de medicina isso � uma realidade para os alunos que est�o no fim da faculdade ou no come�o da resid�ncia. Muitos deles simplesmente n�o conseguem focar nas provas ou desistem de fazer os exames por enfrentar dificuldades financeiras. Permitir que esses profissionais tenham essa folga financeira far� com que se dediquem mais aos estudos, se especializem e consigam uma renda potencial futura maior do que se n�o fizessem a resid�ncia.