
Para fazer caixa e garantir a liquidez durante a pandemia do novo coronav�rus, as companhias brasileiras com a��es negociadas em Bolsa est�o reduzindo ou adiando o pagamento de dividendos bilion�rios para seus investidores.
Uma proje��o feita pela consultoria Econom�tica aponta que a previs�o de pagamento de dividendos este ano chegava a R$ 119 bilh�es, um valor recorde, com crescimento de 13% em rela��o a 2019, sem levar em conta a infla��o. Mas a crise provocada pela covid-19 derrubou definitivamente esse movimento.
O n�mero de R$ 119 bilh�es foi calculado com base no lucro das companhias abertas que, em 2019, foi de R$ 232,4 bilh�es - os dividendos s�o pagos com base no resultado do ano anterior. "A proje��o apontava para um n�mero recorde. Mas, com certeza, vai ter uma baita de uma queda", afirma o gerente de relacionamento institucional da Econom�tica, Einar Rivero. "Ainda � preciso, no entanto, esperar pelas assembleias com os investidores para definir para quanto o volume vai cair."
O que j� se sabe � que os pagamentos no segmento banc�rio, que historicamente lidera em distribui��o de dividendos, com valores acima de 60% do lucro, devem cair drasticamente. Os bancos lucraram R$ 91 bilh�es em 2019 e o mercado esperava cerca de R$ 74 bilh�es em proventos. Mas, ap�s resolu��o do Banco Central, que limitou a distribui��o de resultados das institui��es em 25% do lucro, com o objetivo de ampliar a liquidez do setor, essa conta deve ficar perto de R$ 18 bilh�es.
Al�m do segmento banc�rio, pelo menos 6 das 25 principais pagadoras de dividendos do Pa�s tamb�m j� afirmaram que devem reduzir os desembolsos ao m�nimo ou, na melhor das hip�teses, postergar os pagamentos para o fim do ano.
� o que acontecer� com a Petrobras. Nas semana passada, o conselho de administra��o da companhia aprovou a altera��o da data de pagamento da remunera��o aos acionistas. O desembolso seria realizado em 20 de maio e ocorrer� em 15 de dezembro. O montante ainda a ser pago � de R$ 1,7 bilh�o para as a��es ordin�rias (R$ 0,23 por a��o) e R$ 2,5 bilh�es para as a��es preferenciais (R$ 0,00045 por a��o). Na �ltima segunda-feira, acionistas da MRV aprovaram o pagamento de dividendos m�nimos obrigat�rios de R$ 163 milh�es, representando R$ 0,34 por a��o. A data-base, no entanto, n�o foi ainda definida.
Mas a lista ainda tem empresas como o bra�o brasileiro da companhia de energia francesa Engie, que j� declarou que vai rever o seu plano de pagamento, al�m da distribuidora de energia Energisa e da geradora Equatorial, que disseram que iriam reavaliar o plano de dividendos em fun��o da queda brusca de receita.
"Podemos entender que tempos dif�ceis v�o surgir e a tend�ncia natural � que empresas retenham dividendos para preservar liquidez", diz Pedro Galdi, analista-chefe da Ativa Investimentos. "A Petrobr�s j� anunciou (mudan�a de data), a Vale deve anunciar mudan�a tamb�m e outras mais. As melhores pagadoras de dividendos est�o no setor el�trico, que ser�o fortemente afetadas pela crise. A decis�o de cada uma ser� de reter para preservar o caixa."
Apesar do movimento de redu��o de dividendos, a analista de cr�dito s�nior do banco Indosuez, Shana Agostini, n�o v� riscos de cancelamento de dividendos. "A gente tem simulado cen�rios e as empresas, apesar da queda de receita, conseguir�o pagar. No fim da crise, elas ainda param de p�."