(none) || (none)
UAI
Publicidade

Estado de Minas

Dia das M�es enxerta otimismo em floriculturas de BH

Tida como 'Natal das floras', data promete aliviar perdas do setor provocadas pela crise do coronav�rus; floras investem em e-commerce para incrementar vendas


postado em 06/05/2020 06:00 / atualizado em 06/05/2020 09:08

Floricultura no Bairro Sagrada Família aposta no e-commerce: 'Não tive grandes perdas na pandemia', afirma o proprietário(foto: Leandro Couri/ EM D.A.Press)
Floricultura no Bairro Sagrada Fam�lia aposta no e-commerce: 'N�o tive grandes perdas na pandemia', afirma o propriet�rio (foto: Leandro Couri/ EM D.A.Press)

Drasticamente afetado pela crise do coronav�rus, o faturamento das floriculturas da capital mineira deve experimentar algum refresco a partir desta quinta (7), v�spera do Dia das M�es, comemorado no domingo (10). 

Ser�o ganhos modestos, conforme previs�es da Associa��o de Distribuidores e Produtores de Flores e Plantas de Minas Gerais (ADPF-MG). A queda nas vendas pode ultrapassar 70% em rela��o ao mesmo per�odo do ano passado, perda atribu�da ao atendimento impessoal imposto pelo decreto de quarentena. Fechadas, as floras s� podem prestar servi�os on-line ou via delivery, o que, na avalia��o da ADPF-MG, derruba boa parte do “charme” da data comercial, t�o ligada a tradi��es, como a de escolher pessoalmente as flores que mais agradam as matriarcas das fam�lias.

Apesar de reduzido, o movimento esperado para o fim de semana � comemorado pelo setor. “� um primeiro respiro em mais de 40 dias de puro preju�zo”, analisa Fl�vio Vieira, presidente da ADPF-MG.

"Em outros tempos, eu reclamaria, j� que o Dia das M�es � o nosso Natal, melhor dia do nosso calend�rio. Mas, considerando essa crise in�dita, estou feliz com a possibilidade de ver algum dinheiro entrar depois de uma sequ�ncia t�o longa de preju�zos. E � um ganho de alta qualidade", completa.



O dirigente estima que, entre as cerca 400 floriculturas registradas em Belo Horizonte, 30% j� tenham fechado desde 9 de abril, in�cio da vig�ncia do decreto municipal 17.328/2020, que endureceu as medidas de isolamento social. Quase metade dos empregados das lojas teria sido demitida. 

Empreendedores que investem h� mais tempo no cultivo do relacionamento digital se mostram como ponto fora da curva. Em meio ao caos, eles relatam menos instabilidade e proje��es de lucro mais generosas para o feriado. 

Digitaliza��o acelerada


Centradas no atendimento presencial, floriculturas do Mercado Central estimam queda brutal do faturamento neste Dia das Mães(foto: Edésio Ferreira/ EM D.A.Press)
Centradas no atendimento presencial, floriculturas do Mercado Central estimam queda brutal do faturamento neste Dia das M�es (foto: Ed�sio Ferreira/ EM D.A.Press)


Vin�cius Amorim � propriet�rio da Flora Marselha, instalada h� 38 anos no Mercado Central. O atendimento da empresa sempre foi, majoritariamente, presencial. Com o agravamento do surto de COVID-19, ele conta que acelerou os planos de transforma��o digital da loja, que passou a atender pedidos via WhatsApp. Mirando no Dia das M�es, o empreendedor contratou ainda uma consultoria de redes sociais para aumentar o n�mero de vendas fechadas a dist�ncia. O investimento, relata Vin�cius, j� come�a a dar resultados, mas a redefini��o do relacionamento da flora com seus p�blicos � um efeito de longo prazo.

Enquanto isso n�o acontece, ele diz reduziu as expectativas e os estoques para as vendas deste fim de semana. “Comprei um ter�o da mercadoria que eu normalmente compro para essa data, que costuma ser muito boa j� � partir de quinta-feira. O lucro deve cair cerca de 60%. Estamos trabalhando para n�o quebrar”, afirma o empres�rio. “Meu foco, depois que isso tudo passar, � investir no e-commerce. Montar um site de vendas. J� estou em contato com o Sebrae, inclusive, para viabilizar esse projeto”, comenta. Segundo Vin�cius, o carro-chefe das vendas nessa �poca do ano s�o orqu�deas e bouquets de rosas vermelhas, que ser�o vendidos pelo pre�o m�dio de R$ 100. 

Atacadista de flores, Éderson Suape abasteceu as floriculturas do Mercado Central com 14 toneladas de plantas nesta terça (5)(foto: Edésio Ferreira/ EM D.A.Press)
Atacadista de flores, �derson Suape abasteceu as floriculturas do Mercado Central com 14 toneladas de plantas nesta ter�a (5) (foto: Ed�sio Ferreira/ EM D.A.Press)


Casos como o da Flora Marselha s�o acompanhados de perto pelo atacadista de flores Ederson Suape, que h� 14 anos abastece as floriculturas do Mercado Central. Ele costumava vir de Holambra, no interior de S�o Paulo, pelo menos uma vez por semana para trazer mercadorias - basicamente plantas de vaso, como orqu�deas, l�rios, girass�is, beg�nias, glox�nias, tulipas, g�rberas e violetas. Depois da pandemia, as visitas passaram a ser quinzenais. “Sen�o n�o compensa nem o combust�vel da viagem”, argumenta. 

O Dia das M�es j� foi mais lucrativo, pondera o comerciante, mas suas expectativas para o momento acabaram superadas. “Eu forne�o flores para Belo Horizonte e mais de 11 cidades do Vale do A�o. Ano passado, sa� de Holambra com tr�s caminh�es, um carregamento de 21 toneladas. Com a crise, eu planejava vir com um s�, mas as encomendas foram chegando e eu acabei enchendo dois caminh�es. Muitas cidades de Minas reabriram o com�rcio parcialmente ou totalmente, isso ajudou”, comemora. 

Na contram�o

Dia das Mães: cestas de café da manhã são o carro chefe de muitas floriculturas(foto: Leandro Couri/ EM D.A.Press)
Dia das M�es: cestas de caf� da manh� s�o o carro chefe de muitas floriculturas (foto: Leandro Couri/ EM D.A.Press)
O desenrolar da crise do coronav�rus tamb�m surpreendeu positivamente o dono da floricultura Decorar com Flores BH, situada no bairro Sagrada Fam�lia, Regi�o Leste da cidade. De acordo com Matheus Domingues, o movimento no in�cio de abril, quando o decreto de quarentena passou a valer, caiu t�o drasticamente, que ele achou que teria que fechar as portas. “Felizmente, isso durou muito pouco tempo. As pessoas voltaram a comprar rapidamente. N�o posso dizer que tive grandes perdas com a pandemia. Est� tudo mais ou menos dentro da normalidade por aqui”, afirma. 

O jovem credita a estabilidade ao fato de estar inserido no contexto digital h� alguns anos. O principal canal de escoamento da flora � o e-commerce.

"Mais de 70% das minhas vendas est�o concentradas pela internet h� um bom tempo. Ent�o, meus clientes continuam comprando. N�o precisei demitir ningu�m, ainda bem".



Domingues diz que quadruplicou os estoques de flores para o Dia das M�es e est� bastante otimista quanto aos lucros. Outra aposta do jovem para a ocasi�o s�o as cestas de caf� da manh�. O pre�o m�dio dos produtos varia de R$ 149 a R$ 329. As preferidas dos clientes s�o as orqu�deas. As coroas de flores, por outro lado, quase n�o t�m tido sa�da, em fun��o das restri��es impostas pelas autoridades de sa�de �s aglomera��es geradas pelos vel�rios, que favorecem a propaga��o do coronav�rus.

SOS no campo

A situa��o dos que cultivam flores em Minas Gerais � ainda mais cr�tica que a dos donos de floricultura, e n�o se beneficia naturalmente do aquecimento do com�rcio proporcionado pelo dia Dia das M�es. O diagn�stico � da Associa��o de Distribuidores e Produtores de Flores e Plantas de Minas Gerais (ADPF-MG). 

Produtores de flores de Minas Gerais jogam produção no lixo. Provocadas pela pandemia de coronavírus, queda nas vendas é estimadas em 75%(foto: ADPF-MG/Divulgação)
Produtores de flores de Minas Gerais jogam produ��o no lixo. Provocadas pela pandemia de coronav�rus, queda nas vendas � estimadas em 75% (foto: ADPF-MG/Divulga��o)


O presidente da entidade, Fl�vio Vieira, calcula que, nos campos do estado, onde atuam cerca de 650 produtores, as vendas ca�ram 75% desde o in�cio de abril. O percentual corresponde ao preju�zo de R$ 1,3 milh�o. Mais de 70% da for�a de trabalho do estado - que � o segundo maior produtor de flores do Brasil -,  j� teria sido demitida. “Para se ter uma uma ideia, dos 22 produtores que tenho cadastrados na associa��o, s� tr�s continuam trabalhando. Muitos tiveram que jogar a produ��o no lixo”, relata. 

Ele explica que o feriado n�o tem grande impacto nesse segmento porque que o consumidor d� prefer�ncia �s plantas de vaso. Mais de 90% da produ��o mineira est� concentrada na flores de corte, mais utilizadas em eventos como formaturas, casamentos, missas, e anivers�rios - que sofreram cancelamento em massa desde a implanta��o das medidas de distanciamento social.

Para tentar atenuar esse cen�rio, a Secretaria de Agricultura, Pecu�ria e Abastecimento de Minas Gerais (Seapa) lan�ou nessa segunda (4) a campanha “Envie um abra�o em forma de flor”, para incentivar o envio de flores no Dia das M�es.  

“Substitua o presente da sua m�e por um ma�o de flor. Ela simboliza paz, tranquilidade, amor, aten��o. Neste momento, acho que todo ser humano est� precisando disso. J� que n�o podemos abra�ar, uma �tima op��o � transmitir todo este carinho por meio da beleza de uma flor”, pede o dirigente da ADPF-MG.


receba nossa newsletter

Comece o dia com as not�cias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, fa�a seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)