
A situa��o durante a quarentena ficou insustent�vel, segundo Humberto Scalioni, que tinha um restaurante de frutos do mar no local. Durante a pandemia, o estabelecimento n�o fez entregas, alternativa para muitos bares e restaurantes. "O Mercado da Boca n�o tem tradi��o em delivery. � um espa�o pra vir e conhecer. N�o teria como a gente implementar do zero e j� competir no mercado. Ent�o, ficamos de m�os atadas. N�o tinha como sobreviver. A decis�o � compreens�vel". explica. O empres�rio teve que demitir todos os 10 funcion�rios.
A alternativa agora � apostar na outra unidade do Mercado da Boca, na Savassi, Regi�o Centro-Sul de Belo Horizonte. Mais compacto, o estabelecimento conta com oito lojas. Uma delas, um restaurante especializado em carnes, tamb�m � de Scalioni. Os contratos dos 12 empregados com carteira assinada foram suspensos e os oito sem v�nculo foram dispensados.
O empreendimento planejava abrir mais tr�s unidades em Belo Horizonte: no bairros Vila da Serra e Buritis, e na Regi�o da Pampulha. Com a pandemia, os projetos foram paralisados.
"Colapso"
Para o presidente-executivo da Associa��o Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel), Paulo Solmucci, o fechamento do Mercado da Boca deve ser apenas um exemplo do colapso do setor. A expectativa do dirigente � de que um em cada quatro bares e restaurantes de Belo Horizonte n�o reabram. “Ningu�m aguenta esse tempo todo fechado. A gente fica chocado, triste e preocupado. Muitas outras empresas v�o trilhar o mesmo caminho”, afirma.
Solmucci afirma que a situa��o do setor � “invis�vel” para o prefeito Alexandre Kalil (PSD). O representante cobra solidariedade da administra��o municipal com medidas de apoio, como isen��o das taxas de cobran�a por ocupa��o das cal�adas at� o final do ano. “O prefeito n�o tem um plano de reabertura e est� perdido nos crit�rios. S� amea�a endurecer as medidas de isolamento. Em vez disso gostar�amos que ele investisse na educa��o da popula��o sobre os cuidados necess�rios”, diz Solmucci.
Do governo estadual, o dirigente pede isen��o das contas de �gua e luz. Solmucci elogia a publica��o e prorroga��o da Medida Provis�ria 936, do governo federal, que permite a suspens�o de contratos de trabalho. Mas aponta que o cr�dito prometido pela equipe econ�mica do presidente Jair Bolsonaro n�o est� chegando � ponta para o empres�rio.
“A retomada � lenta. Quem reabrir vai ter preju�zo, e vamos precisar cobrir esse buraco com empr�stimo”, argumenta. Solmucci calcula que o setor j� demitiu cerca de 50% da for�a de trabalho, como previsto em mar�o. “A ajuda do pagamento de sal�rios veio, amenizou a perda, mas n�o esper�vamos ficar fechados tanto tempo”, explica.
Humberto Scalioni tamb�m se diz “muito preocupado” com a situa��o do setor de bares e restaurantes em BH, e sente “desprezo” por parte do prefeito Alexandre Kalil. “Foi de muita estranheza liberar shoppings populares, que s�o espa�os fechados e de alta aglomera��o, e n�o liberar restaurantes”, diz. Ele afirma que a prefeitura n�o deu aten��o aos protocolos de reabertura apresentados pelo setor.
O empres�rio faz um apelo: “Estamos com a corda no pesco�o. Olhem pra gente. BH � a capital dos bares. Vamos acabar perdendo esse r�tulo. N�o estamos enxergando uma luz no fim do t�nel”. Por�m, ele se diz preparado para a retomada, e conta que os funcion�rios j� est�o treinados para seguir os protocolos de seguran�a quando o retorno for permitido.
PBH destaca alerta vermelho na capital
Em nota, a Prefeitura de Belo Horizonte afirma que “tem recebido e analisado as demandas e dialoga constantemente com representantes dos diversos setores ainda n�o reabertos”. O Executivo municipal aponta, por�m, que esse di�logo n�o sinaliza libera��o, e n�o � poss�vel falar em novas aberturas, j� que o �ltimo boletim mostrou um n�vel de alerta geral vermelho na cidade.
“A prefeitura recebeu todos os protocolos e deu a devida aten��o � quest�o colocada e o pressuposto sanit�rio envolvido com o setor [de bares e restaurantes]. “� um setor onde os clientes permanecem por tempo relativamente alto e sem m�scara. A contamina��o est� intimamente ligada com a carga viral, que aumenta muito sem o uso de m�scaras, e o tempo de exposi��o. Portanto, n�o h� protocolo poss�vel que atenda a estes requisitos”, conclui o texto.
*Estagi�rio sob supervis�o da editora-assistente Vera Schmitz