
Enquanto o presidente Jair Bolsonaro, que testou positivo para covid-19, cancelou os compromissos da agenda, o vice-presidente Hamilton Mour�o partiu para uma articula��o com ministros a fim de reduzir os danos � imagem do pa�s perante investidores estrangeiros, por causa das falhas da pol�tica ambiental.
Reuni�o ministerial na tarde de ontem teve como objetivo “unificar e padronizar o discurso do governo em vista dos interesses e d�vidas de investidores estrangeiros”, segundo fontes palacianas. Mour�o, que preside o Conselho Nacional da Amaz�nia Legal, tem encontro amanh� com investidores e, provavelmente, na sexta-feira, com empres�rios que enviaram a ele uma carta exigindo uma agenda de desenvolvimento sust�vel e o combate ao desmatamento na regi�o.
Hoje, o vice-presidente se re�ne com o governador do Par�, Helder Barbalho (MDB), em Bel�m. Ele participar� de encontros com entidades empresariais e far� uma visita � Superintend�ncia do Desenvolvimento da Amaz�nia (Sudam).
Na carta encaminhada a Mour�o, empres�rios e executivos de 40 empresas nacionais e estrangeiras instaladas no pa�s manifestam preocupa��o com a falta de uma agenda focada em investimentos sustent�veis. O documento � assinado por dirigentes de companhias com grande peso no Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro, como Ambev, Ita� Unibanco, Bradesco, Santander, Klabin, Suzano, Cargill, Marfrig, Natura, Cosan, Bayer, Microsoft, Michelin, Shell e Vale.
Marina Grossi, presidente do Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustent�vel (CEBDS), entidade que re�ne 60 grandes conglomerados empresariais nacionais ou com interesses no Brasil, foi uma das idealizadoras da carta. Segundo ela, as empresas est�o cansadas de ter que se explicar para clientes e investidores que n�o compactuam com crescente desmatamento ilegal no pa�s.
“Grande parte das emiss�es (do efeito estufa) � resultado do desmatamento ilegal. O modelo de neg�cios moderno precisa se aliar � conserva��o ambiental e n�o harmoniza com modelos predadores, como grilagem e minera��o irrespons�vel que avan�am na Amaz�nia”, explicou.
Al�m do CEBDS, outras tr�s institui��es assinam o documento: Associa��o Brasileira do Agroneg�cio (Abag), Associa��o Brasileira da Ind�stria de �leos Vegetais (Abiove) e Ind�stria Brasileira de �rvores (Ib�). O manifesto foi encaminhado tamb�m aos presidentes da C�mara, Rodrigo Maia; do Senado, Davi Alcolumbre; do Supremo Tribunal Federal (STF), Dias Toffoli, e para o Procurador-Geral da Rep�blica (PGR), Augusto Aras.
O manifesto deixa n�tida a preocupa��o com a sa�da de investimentos do pa�s. No m�s passado, um grupo de investidores institucionais da Europa que administram US$ 4 trilh�es (R$ 21,5 trilh�es) em ativos tamb�m enviou carta ao governo brasileiro criticando o desmatamento e a viola��o dos direitos de grupos ind�genas na Amaz�nia.
Sa�das de recursos j� vem ocorrendo. De acordo com dados da Bolsa de Valores de S�o Paulo (B3), a retirada de investidores estrangeiros, no acumulado do ano, vem oscilando em torno de R$ 80 bilh�es.
Tamb�m preocupa a possibilidade de que seja barrado o acordo de livre com�rcio Mercosul-Uni�o Europeia, ainda pendente de aprova��o pelos parlamentos. Uma das cl�usulas do acordo prev� metas de redu��o de emiss�es de gases poluentes. Segundo Marina, com o desmatamento avan�ando no ritmo atual, isso ser� imposs�vel.
H� receio, ainda de que produtos brasileiros possam entrar na lista de boicotes internacionais, nos moldes da morat�ria da soja, de 2006. Liderada por entidades ambientalistas, como o Greenpeace, a iniciativa imp�s um prazo de dois anos para produtores e governo brasileiros adotarem medidas contra o desmatamento da Amaz�nia.