
Chamada de “Terra da Jabuticaba, ingrediente considerado patrim�nio imaterial do munic�pio, Sabar� tem na frutinha seu ouro negro. Na �poca da colheita, em novembro, a prefeitura promove uma festa que gera circula��o de renda estimada em mais de R$ 5 milh�es. S�o quatro dias de festival, realizado no Centro Hist�rico, com apresenta��es culturais para cerca de 130 mil pessoas que circulam no per�odo. Mas este ano a realidade tende a ser bem diferente.
Com a pandemia do novo coronav�rus, o evento est� cancelado e at� o momento n�o h� previs�o de mudan�a nos planos. Segundo a secret�ria municipal de Turismo, Carmem Alves, a prefeitura estuda alternativas ao festival que costumava lotar a rede hoteleira. “Sabemos que o p�blico n�o se limita �s cidades vizinhas. O Festival da Jabuticaba � t�o conhecido que recebemos turistas do Brasil inteiro e inclusive do exterior. Temos pratos premiados e chefs renomados, que destacam a fruta em suas receitas”, pontua Carmem. Segundo ela, a festa pode ocorrer de forma virtual. “O principal objetivo � n�o deixar os produtores desmotivados e incentivar as vendas on-line”, explica.
Mas a not�cia n�o � boa para quem depende dos turistas para ganhar, como � o caso do lavador de carros Lu�s Henrique Barros, de 25 anos, que na �poca da colheita aluga as 12 jabuticabeiras que tem no seu quintal. Ele conta que a atividade chegava a render R$ 2 mil nos dias da festa. “Quem aluga os p�s come � vontade e ainda pode levar para casa. E eu vendo as frutas em carrinhos de m�o pela cidade”, conta.
Com produ��o familiar, Dirleia Peixoto, de 68, produz derivados da jabuticaba que vende em sua varanda. Al�m da tradicional geleia, faz licor, vinho, cacha�a, u�sque, amarucaba, compotas e chutney, tudo com base na fruta. “A gente espera o ano inteiro, ansiosos, o festival. O faturamento � bom, consigo em quatro dias o equivalente a tr�s meses de vendas”, conta. Mas ela diz que o cancelamento n�o vai fazer a produ��o parar. “Claro que temos medo de ficar com os produtos parados, mas temos que ser otimistas. A alternativa est� sendo fazer um pre�o mais em conta para revendedores”, relata.
Ora-pro-n�bis e banana tamb�m desandaram

A chef Gl�ucia Melo, de 42, � propriet�ria de um bistr� e recebeu convite para participar ap�s o sucesso de uma cria��o: o brigadeiro salgado de ora-pro-n�bis – um bolinho da verdura, recheado com costelinha desfiada e queijo. “Em janeiro, com as fortes chuvas, tive o bistr� alagado e, naquele momento, imaginava que o lucro do festival me daria a oportunidade de reformar o restaurante, porque o faturamento no evento � alto. Esperava ansiosa para conseguir manter o restaurante”, ressalta a chef, que continua servindo seus pratos por tele-entregas.
Outro distrito que se beneficia da gastronomia local � Ravena, com a Festa da Banana. S�o tr�s dias de evento na Pra�a Nossa Senhora da Assun��o, com m�sica ao vivo, exposi��o de produtos elaborados com a fruta e artesanato confeccionado na regi�o, feito com palha de bananeira. Al�m de fomentar o com�rcio local, a festa consolida a tradi��o de mais de 130 anos de cultivo da fruta na regi�o.

Margarida Aparecida Laurindo, de 56, � produtora artesanal de cacha�a, licor, conserva de umbigo de banana e outros derivados da fruta. Com toda a fabrica��o e venda em casa, na �ltima edi��o do festival ela ganhou destaque com a inven��o do doce “beijinho de banana”. “Ano passado foi muito bom, e est�vamos planejando algo ainda melhor para agora. Infelizmente, o coronav�rus nos impediu. Estamos divulgando os produtos nas redes sociais, mas n�o � a mesma coisa”, lamenta Aparecida.
Prefeitura mant�m eventos virtuais

Ele diz que a arrecada��o do munic�pio caiu no per�odo, puxada pela situa��o econ�mica. “Isso se refletiu na organiza��o dos eventos. N�o ter�amos condi��es de arcar com os custos desses artistas. Tivemos dificuldades at� de capta��o de patroc�nio. Tudo est� sendo feito cooperativamente”, explica.
O primeiro impacto causado na cidade pela pandemia foi o cancelamento das atra��es da Semana Santa. “� muito tradicional, envolve toda a comunidade religiosa e art�stica de v�rios segmentos: artes pl�sticas, cenografia, costureiras, artes c�nicas e m�sica. Al�m de os eventos representarem uma renda extra para os moradores. Naquele momento, havia a esperan�a de que a situa��o duraria pouco. Infelizmente, n�o se concretizou.”