Cabeleireiros e manicures ter�o a maior queda na renda com a redu��o do aux�lio emergencial

A possibilidade de redu��o do valor do aux�lio emergencial dos atuais R$ 600 por m�s para R$ 300 at� o fim do ano, como indicam interlocutores do governo, vai provocar uma redu��o s�bita nos ganhos dos brasileiros de baixa renda. Estimativas da Funda��o Getulio Vargas (FVG) avaliam que, com esse valor, o aux�lio vai garantir um ganho de apenas 1% para essa popula��o em rela��o ao in�cio da crise. E, no caso dos informais, n�o haver� ganho nenhum. Ao contr�rio, haver� queda de 3% na renda, em rela��o ao per�odo pr�-pandemia, pois o aux�lio n�o vai conseguir cobrir as perdas financeiras provocadas pela crise da COVID-19.

Embora o novo valor do aux�lio n�o tenha sido confirmado oficialmente, a redu��o do montante pago mensalmente j� est� decidida. Ontem, o presidente Jair Bolsonaro reiterou que “n�o d� para manter os R$ 600”. Em conversa com apoiadores na sa�da do Pal�cio da Alvorada, o presidente disse que o aux�lio “n�o � aposentadoria”. “Tem cara que reclama que � pouco, mas custa para todo mundo R$ 50 bilh�es por m�s. A gente n�o tem como se endividar mais”, reclamou. “� pouco para quem recebe, mas ajuda, p�. � melhor que nada.”

O estudo da FGV explica que, nos atuais R$ 600, o aux�lio emergencial conseguiu ampliar em 34% a renda dos brasileiros de baixa renda que recebem o benef�cio. O incremento chegou a 39% no caso dos trabalhadores informais. Por isso, o benef�cio tem sido apontado como um dos principais vetores da melhora da economia e aumento de popularidade de Bolsonaro, sobretudo no Norte/Nordeste.

Esse cen�rio, contudo, deve mudar se o aux�lio for reduzido para R$ 300. Segundo a FGV, os informais ter�o perda de 3% na renda, j� que ainda n�o conseguiram retomar as atividades em boa parte do pa�s e est�o recebendo menos do que o normal onde j� voltaram a trabalhar. A queda ser� ainda maior em atividades como as de cabeleireiros e manicures (-17%), motoristas de aplicativo (-12%) e vendedores ambulantes (-9%).

“Para os informais, a redu��o do aux�lio vai representar perda de renda”, resumiu o coordenador do Centro de Estudos de Microfinan�as e Inclus�o Financeira da FGV, Lauro Gonzalez. Autor do estudo, Gonzalez diz que a diminui��o ser� sentida sobretudo nas regi�es Norte e Nordeste, que t�m renda mais baixa. Por isso, afirma que o corte no aux�lio, embora necess�rio do ponto de vista fiscal, pode atrapalhar os planos do ministro Paulo Guedes de ter uma retomada em V. “O aux�lio segurou o consumo e teve um efeito muito positivo na economia. Sem isso, a recupera��o da economia vai depender do que ser� feito para mitigar os efeitos da crise”, avaliou.

“A prorroga��o � fundamental, porque ainda estamos em uma situa��o de pandemia. E ainda ter� um impacto no PIB. Por�m, esse impacto vai ser reduzido. Digamos que, com R$ 300, as fam�lias v�o conseguir comprar a cesta b�sica e subsistir, mas talvez n�o pagar o aluguel ou comprar outras coisas”, refor�ou o professor da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), Joilson Cabral.

Ele calcula que o aux�lio reduziu em quatro pontos percentuais a queda do PIB do Brasil em 2020, que deve chegar perto de 5%, j� que ajudou as fam�lias de baixa renda a manter o consumo de bens essenciais e fazer outras despesas. No Nordeste, por exemplo, houve aumento das vendas de material de constru��o e eletrodom�sticos.

» 18% foram a perda m�dia de renda do brasileiro na pandemia

21% foi a perda de renda dos trabalhadores informais

» 34% s�o o ganho de renda proporcionado pelo aux�lio emergencial

39% s�o o ganho de renda dos informais com o aux�lio emergencial

» 1% ser� o ganho m�dio se o aux�lio for de R$ 300

-3% ser�o a perda dos informais, mesmo com o pagamento do aux�lio

Fonte: FGV