
Na casa de Laurilene, o carro-chefe da refei��o t�pica do brasileiro tem sido substitu�do por macarr�o e at� angu. “Por enquanto, estamos mais na base do angu com verdura. �leo, tamb�m reduzimos bastante. Hoje, estamos levando cinco latas. O normal s�o 10 para o m�s”, contou a cuidadora � equipe do Estado de Minas.
Na loja, onde o arroz era vendido pelo pre�o m�dio de R$ 22,90, a reportagem encontrou ao menos mais 8 fam�lias com estrat�gias semelhantes �s de Laurilene e Carlos Alberto para se adaptarem � disparada dos pre�os dos alimentos. Para driblar os aumentos, o consumidor tem feito verdadeiros malabarismos, que v�o da redu��o das compras dos produtos mais caros � substitui��o deles por op��es que pressionam menos o or�amento familiar.

Na quarta-feira (9), o governo federal anunciou a isen��o do Imposto de Importa��o sobre 400 mil toneladas de arroz estrangeiro, at� dezembro, para tentar conter a alta dos pre�os no mercado interno, por meio da concorr�ncia. A valoriza��o do d�lar, no entanto, que encarece os produtos importados, pode frustrar a iniciativa. O Minist�rio da Justi�a notificou as redes de supermercados para explicarem a disparada dos pre�os dos alimentos. Como o EM mostrou, algumas redes de BH come�aram a limitar a compra de arroz e �leo de soja por cliente.
Salada

A solu��o encontrada pela leiturista Renata Lopes foi a redistribui��o dos gastos com os alimentos. Para manter o arroz e o leite no carrinho, o jeito foi cortar nas verduras, frutas e carnes. “Eu tenho filhos, ent�o n�o posso deixar de comprar leite. E nem tanto o arroz, pois, na minha casa, a gente gosta. Ent�o eu reduzi onde foi poss�vel. Compro menos coisas no sacol�o, substitu� a carne, que tamb�m est� car�ssima, por torresmo. E assim vamos levando at� essa onda passar”, detalha a consumidora.
A auxiliar de professora Liliane Pinheiro optou por estrat�gia oposta: trocou o arroz por verduras e legumes. “Na minha casa, somos oito pessoas.O prato, ultimamente, est� bem verde, cheio de salada. � bom que emagrece!”, brinca.
Mesmo com pre�os altos, h� quem n�o abra m�o da boa e velha dupla arroz com feij�o no card�pio. � o caso de Simeri da Costa. A auxiliar de servi�os gerais conta que n�o enxugou card�pio, mas teme ter que faz�-lo em breve. “Est� tudo pela hora da morte. Antes, com R$ 282 eu pagava essa mesma compra que fiz hoje. Gastei mais de R$ 350. Espero que isso passe logo”, queixa-se.
Queda � vista?
A boa not�cia � que a infla��o dos alimentos deve arrefecer em breve. Ao menos � o que prev� Sistema Federa��o da Agricultura e Pecu�ria de Minas Gerais (Faemg). Segundo a entidade, os valores dos produtos aliment�cios tendem a baixar nos pr�ximos dias, embora n�o para o patamar anterior � pandemia. “O pre�o elevado estimula o consumidor a trocar os produtos que est�o mais caros por outros mais baratos. Com esse movimento, os pre�os tendem a baixar. � essa a l�gica do efeito de substitui��o e da regula��o natural de mercado. Outro ponto de destaque seria a expectativa em rela��o �s safras que est�o sendo plantadas por agora, especialmente em Minas. Caso ela seja alta, os pre�os devem sofrer consider�vel redu��o, estima o presidente da Faemg, Caio Coimbra.
O dirigente explica que a infla��o dos alimentos foi causada sobretudo por dois fatores. Em primeiro lugar, o aumento do consumo, causado pelo isolamento social, que confinou as pessoas em casa, obrigando-as a cozinhar com mais frequ�ncia. Depois, a exporta��es, fomentadas pelo d�lar alto. “Com a pandemia, n�s tivemos alguns problemas de inseguran�a alimentar em alguns pa�ses asi�ticos, que come�aram a consumir qualquer produto adquirido por meio da importa��o. Nos pa�ses que tem o arroz como um dos seus principais itens no prato, alguns tiveram problemas clim�ticos e, a partir da�, come�aram a importar mais”, esclareceu o presidente.
“Com o d�lar alto e a demanda do mercado externo aquecida, o Brasil come�ou a exportar o gr�o. N�s exportamos 582 mil toneladas de janeiro a julho de 2019 e quase o dobro no mesmo per�odo de tempo deste ano. Isso, certamente, fez com que o produto ficasse mais caro para o consumidor final aqui no mercado interno”, completa.