
O assessor especial de Cafeicultura da Secretaria de Estado de Agricultura, Pecu�ria e Abastecimento (Seapa), Niwton Morais, explica a diferen�a pelo fen�meno da bienalidade. “Na cafeicultura, alterna-se a safra alta e a baixa e regi�es mais sens�veis mostram varia��es mais discrepantes, como o salto dado pela Zona da Mata, onde as mudan�as clim�ticas impactaram muito a produ��o de 2019. No Sul de Minas, o aumento de produtividade � mais cont�nuo, por isso n�o houve um salto t�o grande”, esclarece.
Nos �ltimos 150 anos, o principal produto agr�cola da Zona da Mata, um dos alicerces da economia, foi o caf�. Contudo, segundo Morais, a tecnologia ligada � mecaniza��o da cultura e a falta de m�o de obra t�m feito com que o caf� perdesse espa�o nessa �rea. “Percebemos uma migra��o para outras �reas do estado, onde � mais plano ou ondulado”, afirma. Desde 2005, conforme dados da Conab, a retra��o das planta��es de caf�, na Zona da Mata, � da ordem de 22%, em contraposi��o � expans�o da cultura no cerrado, em 8%. A topografia acidentada dificulta o emprego das m�quinas.

De acordo com Morais, hoje, a grosso modo, o Sul de Minas abarca 50% da produ��o cafeeira do estado. A Zona da Mata, 25%; o cerrado, 20%; e a Regi�o do Vale do Jequitinhonha, 5%. “Esse � o parque cafeeiro em Minas atualmente”, diz.
Na avalia��o de Morais, o volume recorde da produ��o mineira n�o deve causar impactos em termos de redu��o significativa de pre�o. “Os estoques mundiais de caf� est�o num patamar muito baixo e � poss�vel que se mantenha nesse n�vel por mais um tempo, porque, ainda que a safra brasileira desse ano seja alta, a safra mundial n�o ser� tanto. O que se espera � que a reposi��o de estoque n�o ser� grande a ponto de causar uma redu��o importante no pre�o", projeta.
Outra vis�o
Paralelamente, existe movimento formado por cinco cooperativas de cr�dito, uma produ��o, tr�s sindicatos de produtores rurais e duas associa��es de caf� que formam um conselho. O objetivo � desvincular o padr�o do caf� que era produzido na Zona da Mata, no passado, do que hoje � plantado na �rea. Inclusive, at� mesmo a nomenclatura da regi�o usada por esse grupo � outra, pois institui��o leva o nome de Conselho das Entidades do Caf� das Matas de Minas.S�o firmadas v�rias parcerias, como, por exemplo, com o Servi�o Brasileiro de Apoio �s Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), para a certifica��o do produto por meio do Selo de Qualidade e Origem, emitido pelo conselho; e com o Servi�o Nacional de Aprendizagem Rural (Senar), atrav�s de capacita��es para os produtores pela equipe de agr�nomos do �rg�o. “N�o podemos esquecer da Emater (Empresa de Assist�ncia T�cnica e Extens�o Rural de Minas Gerais), que entra com divulga��o do caf� das Matas de Minas pelos seus escrit�rios e mobiliza��o dos produtores da regi�o para aderirem ao projeto”, lembra a secret�ria-executiva do conselho, Amara Alice Estevam.

Membro do conselho, cafeicultor e especialista nessa cultura em Manhumirim, S�rgio D’Alessandro discorda de Morais. “Minha fazenda tinha 40 hectares e hoje tem 70. Vemos os produtores interessados em aumentar produtividade e qualidade nas matas de Minas”, contrap�e. Para ele, o alto custo de deprecia��o das m�quinas, que deve ser embutido no embarque de tecnologia � lavoura do caf� e a qualidade superior da colheita manual compensam a manuten��o do processo extensivo.
“Nosso diferencial � que a regi�o, por ser montanhosa, permite aos produtores colherem diversos padr�es de caf�s, com v�rios aromas, notas florais, c�tricas... � um produto para um nicho espec�fico, de alta qualidade, que vem acumulando pr�mios e conquistando cada vez mais seu espa�o no mercado”,