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Estado de Minas NEG�CIOS NA PANDEMIA

Ao estilo dos mascates, com�rcio dribla a crise e at� estimula neg�cios

Mesmo com isolamento social, empresas do Norte de Minas elevam receita com sistema de com�rcio que oferece produtos na casa do cliente e compensam fechamento de lojas


13/10/2020 04:00 - atualizado 13/10/2020 09:47

Vendedor João Carlos Rocha chega à casa de consumidor da zona rural. Ele visita de 30 a 40 residências por dia e roda 3 mil quilômetros por mês para vender colchões(foto: Luiz Ribeiro/EM/D.A Press)
Vendedor Jo�o Carlos Rocha chega � casa de consumidor da zona rural. Ele visita de 30 a 40 resid�ncias por dia e roda 3 mil quil�metros por m�s para vender colch�es (foto: Luiz Ribeiro/EM/D.A Press)

No passado, ao longo de d�cadas, prosperaram no Brasil os caixeiros-viajantes, vendedores ambulantes, tamb�m chamados de mascates,  que se deslocavam por diferentes lugares para oferecer seus produtos, que iam desde tecidos a joias.

Com o avan�o do tempo, o com�rcio lojista se consolidou. Mas, hoje, mesmo diante das inova��es tecnol�gicas, com o avan�o dos neg�cios pelo sistema virtual, tanto pelas redes sociais como por aplicativos,  as vendas porta a porta resistem e, com a pandemia do coronav�rus (COVID-19), elas foram ainda mais fortalecidas no interior de Minas.

 

O modelo � adotado pelo comerciante Jesualdo Matos Soares, dono de uma loja de m�veis e eletrodom�sticos, a Mega M�veis, em Janu�ria, no Norte do estado.

No per�odo mais severo do isolamento social, devido � chegada da pandemia, ainda em abril, quando as lojas f�sicas foram fechadas para impedir a propaga��o do v�rus, ele decidiu tentar a sorte no atendimento externo como maneira de manter o neg�cio.

 

A ideia era apenas garantir algum movimento para “pagar os compromissos” e livrar o seu neg�cio de qualquer risco diante do quadro de incertezas e de uma eventual crise.

Mas o resultado foi al�m disso. Jesualdo n�o somente conseguiu pagar as despesas como tamb�m alavancou suas vendas, que cresceram mais de 20% no per�odo mais cr�tico do isolamento social.

 

“Se Maom� n�o vai � montanha, a montanha vai a Maom�.” Jesualdo Soares explica que ao seguir essa m�xima, treinou sua equipe de vendedores para o atendimento externo.

Uma preocupa��o foi o cumprimento das medidas de seguran�a para impedir a transmiss�o do coronav�rus.  A equipe de vendas sempre usa m�scaras e, junto com o mostru�rio, leva o �lcool em gel. Al�m disso, nas visitas, mant�m distanciamento dos clientes.

 

Vendedor exibe catálogo com produtos comercializados pela Mega Móveis a casal em área rural do Norte de Minas(foto: Luiz Ribeiro/EM/D.A Press)
Vendedor exibe cat�logo com produtos comercializados pela Mega M�veis a casal em �rea rural do Norte de Minas (foto: Luiz Ribeiro/EM/D.A Press)

 

Satisfeito com o resultado, o empres�rio anunciou que, mesmo com a reabertura da loja f�sica em Janu�ria, ap�s 45 dias de fechamento, resolveu seguir com o antigo sistema porta a porta. Nesse sentido, ressalta que o desafio de encarar o isolamento social na pandemia acabou favorecendo o empreendimento.

 

“A pandemia fez que com a gente sa�sse da zona de conforto e abriu novas oportunidades de neg�cios”, afirma Jesualdo. “Enquanto todo mundo estava com as portas fechadas, n�s continu�vamos faturando”, completa o empreendedor, que sempre procura aprimorar sua atividade, participando de cursos de treinamentos oferecidos pelo Sebrae Minas na regi�o.  “Procuramos sempre melhorar, nos adaptando � nova realidade”, diz ele.

 

Colch�es


Assim como ele, outros empreendedores mantiveram ou incrementaram o neg�cio durante o isolamento, indo at� a casa do cliente. A estrat�gia � adotada por uma f�brica de colch�es de Montes Claros, que tamb�m viu suas vendas aumentarem em plena pandemia.

Com o isolamento social, a ind�stria Orthomontes Colch�es, de Montes Claros, que j� trabalhava com as vendas porta a porta em praticamente todo o Norte Minas, refor�ou sua estrat�gia durante a pandemia do coronav�rus. Com isso, a empresa elevou as vendas em cerca de 30%, por meio das visitas domiciliares na regi�o, sendo grande parte delas em comunidades rurais. As vendas s�o feitas a presta��o.

 

O supervisor de  vendas da Orthomontes, David Pereira Melo, ressalta que o porta a porta � um mecanismo da ind�stria de colch�es, que tem 15 anos de presen�a no mercado, para divulgar a marca e impulsionar as vendas.

“Quando o vendedor visita o cliente, entra em sua casa e mostra o produto, a pr�pria pessoa descobre a necessidade de ter aquele produto. As possibilidades de venda aumentam em 50%”, comenta David, lembrando que a empresa tamb�m comercializa m�veis pelo mesmo sistema domiciliar.

 

Ele salienta que a empresa precisou tomar v�rias provid�ncias para que os vendedores pudessem visitar os clientes em suas casas sem levar os riscos de contamina��o da COVID-19. “Al�m do uso de m�scara e �lcool em gel, os nossos vendedores s�o submetidos a treinamento constantemente.

As regras de distanciamento tamb�m s�o respeitadas”, observa David. O supervisor explica que os vendedores visitam as pessoas em diferentes pontos, at� em locais isolados na zona rural, mas tamb�m usam telefone celular (WhatsApp) e computador para consultar o  cadastro Serasa (de credi�rio), levando uma maquete do colch�o.

 

Visita


O vendedor Jo�o Carlos Rocha, de 43 anos, um dos funcion�rios da ind�stria de colch�es, relata que roda, em m�dia, de 2 mil a 3 mil quil�metros por m�s, visitando em torno de 30 a 40 casas por dia em cerca de 30 munic�pios. Ele comemora os bons resultados p�s-isolamento social

“Com a pandemia, a gente achava que as vendas cairiam. Mas o que houve foi uma melhoria das vendas, que cresceram cerca de 30%, afirma.

Joao Carlos conta que o atendimento porta a porta cria uma integra��o entre os vendedores e os clientes visitados. “As pessoas da zona rural s�o simples e muito receptivas. Em toda casa nos oferecem um gole de caf�. Se a gente n�o tomar, o cliente fica insatisfeito”, descreve.

 

A reportagem acompanhou a visita de Jo�o Carlos na casa do aposentado Jos� Fernandes, de 64, na localidade da Cabeceiras, na zona rural de Montes Claros.

“Eu acho muito interessante esse atendimento de porta em porta. N�o � todo mundo da zona rural que tem como dirigir at� uma loja na cidade para comprar alguma coisa”, afirmou Fernandes, que mora a 8 quil�metros da �rea urbana. Na visita, o vendedor adotou os cuidados, levando �lcool e fazendo o uso de m�scara. O aposentado tamb�m recebeu usando m�scara.

 

Estrat�gia ampliada para filiais

 

Com o sucesso de vendas em Janu�ria, onde est� a matriz da Mega M�veis, o empres�rio Jesualdo Matos Soares, dono da loja de m�veis e eletrodom�sticos, decidiu levar a estrat�gia para as filiais de Ja�ba e Buritizeiro, tamb�m no Norte de Minas.

O empres�rio conta que assim como a matriz em Janu�ria, a filial de Ja�ba tamb�m iniciou as vendas de porta em porta durante a pandemia. Ele disse que n�o come�ou o atendimento pelo mesmo sistema em Buritizeiro, at� ent�o, porque “n�o conseguiu treinar a equipe de vendedores” a tempo, mas que ainda vai adotar a mesma estrat�gia naquela cidade.

 

As compras feitas no sistema de visitas domiciliar s�o facilitadas para os fregueses, com pagamento em v�rias presta��es. Mas, nada do cart�o de cr�dito. O neg�cio funciona � base das antigas promiss�rias ou notinhas mesmo.

O lojista de Janu�ria explica que as vendas em domi- c�lio de sua empresa s�o feitas da seguinte forma: primeiro, ele e seus vendedores v�o at� as comunidades e, por meio de mostru�rios, oferecem os produtos.

Fechado o neg�cio, mediante o cadastramento do cliente (na verdade, uma ficha com os seus dados pessoais), o passo seguinte � a entrega da mercadoria, efetivada no prazo m�ximo de 10 dias.

 

Nos deslocamentos, que incluem a ida a localidades distantes at� 70 quil�metros da �rea urbana, debaixo do forte calor da regi�o, Jesualdo e seus vendedores  levam uma verdadeira loja de departamento aos clientes da zona rural, por meio dos mostru�rios. O empres�rio comercializa cerca de 200 itens no atendimento porta a porta.

Entre os produtos oferecidos est�o colch�es (de diferentes modelos), geladeiras, m�veis, arm�rios, geladeiras, televisores e telefones celulares.

 

Ao recorrer �s vendas de porta a porta como maneira de driblar as dificuldades surgidas na pandemia, o empres�rio de Janu�ria voltou �s origens.

Jesualdo, de 44 anos, relata que come�ou a ganhar a vida, em 2009, como vendedor ambulante, oferecendo roupas de enxovais (cama, mesa e banho) em um carrinho nos pequenos munic�pios e localidades rurais da regi�o

Em 2011, abriu sua loja em Janu�ria e, em 2013, incrementou o neg�cio com financiamento para capital de giro, que conseguiu junto ao Banco no Nordeste.  Manteve o atendimento domiciliar, que foi interrompido em 2016.  Ele inaugurou a primeira filial, em Ja�ba, em 2014, e a segunda, em Buritizeiro, em 2019. Nas duas filiais, antes da pandemia, nunca tinha experimentado o porta a porta.

 

Dificuldades


Jesualdo e seus vendedores tamb�m enfrentam as barreiras de estradas de terra, em condi��es prec�rias, para ir at� os clientes das comunidades rurais. Recentemente, conta que o caminh�o de sua firma foi fazer a entrega de um m�vel em uma localidade rural de Janu�ria e ficou atolado em um banco de areia.

“O caminh�o ficou uma noite no banco de areia e s� saiu depois que foi arrastado por um trator, buscado a cinco quil�metros de dist�ncia”, informa o comerciante.

 

Weudes Aparecido Lima Souza, o Deide, de 34, um dos vendedores da equipe da Mega M�veis em Janu�ria, afirma que n�o se importa com os percal�os das estradas vicinais da regi�o. Pelo contr�rio, ele demonstra contentamento por ir at� os compradores.

“Pra gente, � muita satisfa��o ir at� o cliente e verificar quais s�o suas necessidades. Isso � uma coisa muito prazerosa”, diz o vendedor.

Ele est� mais satisfeito com as vendas em domic�lio. “Com a pandemia, a gente n�o poderia ficar de bra�os cruzados. J� que os clientes n�o podem ir at� a loja, que ficou fechada, fomos at� eles. Gra�as a Deus, minhas vendas at� surpreenderam e acho que elas subiram em torno de 40% com a venda de porta em porta”, assegura Weudes.

“Com a pandemia, as pessoas ficaram receosas de receber visitantes em suas casas por causa do medo da doen�a (COVID-19), Mas, fomos muito bem recebidos”, relata o vendedor, lembrando que sempre usa o kit preventivo (m�scara e �lcool em gel).


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