
As listas de compras que rabisc�vamos no verso de um envelope j� s�o cada vez mais conhecidas pelos supermercados que frequentamos.
Em primeiro lugar, atrav�s dos cart�es de fidelidade que digitalizamos nas caixas e, cada vez mais, por nossos carrinhos de compras online, os nossos h�bitos de compra deixaram de ser um segredo.
Mas agora mais varejistas est�o usando IA (intelig�ncia artificial) — sistemas de software que podem aprender por si mesmos — para tentar prever e encorajar automaticamente nossas prefer�ncias e compras como nunca antes.- Virgin Hyperloop: como foi o 1° teste de transporte futurista que poderia fazer dist�ncia Rio-SP em menos de meia hora
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O consultor de varejo Daniel Burke, da Blick Rothenberg, chama isso de "o c�lice sagrado (...) para se construir um perfil de clientes e sugerir um produto antes que eles percebam que � o que queriam".
Portanto, da pr�xima vez que voc� entrar em sua loja local para comprar certas comidas e um determinado vinho em uma noite de sexta-feira, talvez voc� possa culpar pela sua pr�pria decis�o a IA e um computador que aprendeu tudo sobre voc�.
Will Broome � o fundador da Ubamarket, uma empresa do Reino Unido que desenvolve um aplicativo de compras que permite �s pessoas pagar por itens por meio de seus telefones, fazer listas e escanear produtos em busca de ingredientes e al�rgenos.

"Nosso sistema de IA rastreia os padr�es de comportamento das pessoas em vez de suas compras, e quanto mais voc� compra, mais a IA sabe sobre os tipos de produtos que voc� gosta", diz ele.
"O m�dulo de IA foi projetado n�o apenas para fazer as coisas �bvias, mas ele aprende na medida em que � usado e passa a se tornar premonit�rio. Ele pode come�ar a construir um cen�rio de qu�o prov�vel � voc� experimentar uma marca diferente ou comprar chocolate em um s�bado."
E pode oferecer o que ele chama de "ofertas hiperpersonalizadas", como vinho mais barato em uma noite de sexta-feira.
O Ubamarket n�o vinha conseguindo convencer os maiores supermercados do Reino Unido a adotar o aplicativo, ent�o, em vez disso, fez acordos com cadeias de lojas de conveni�ncia menores no Reino Unido, incluindo Spar, Co-op e Budgens, que n�o s�o tradicionalmente adeptas da alta tecnologia.
A aceita��o do aplicativo continua baixa, mas est� crescendo, em parte gra�as � pandemia de coronav�rus, que tornou as pessoas mais relutantes em tocar em caixas registradoras ou em filas.
"Com o aplicativo, descobrimos que o conte�do m�dio de uma cesta sobe 20% e as pessoas com o aplicativo t�m tr�s vezes mais chances de voltar a fazer compras naquela loja", diz Broome.

Na Alemanha, uma start-up de Berlim chamada SO1 est� fazendo coisas semelhantes com seu sistema de IA para varejistas. Afirma que nove vezes mais pessoas compram produtos sugeridos por IA do que aqueles oferecidos por promo��es tradicionais, mesmo quando os descontos s�o 30% menores.
Receber ofertas de produtos que voc� realmente deseja comprar em vez de cupons aleat�rios � �timo para os consumidores. No entanto, Jeni Tennison, que dirige o Instituto de Dados Abertos do Reino Unido, um �rg�o que faz campanha contra o uso indevido de dados, permanece cautelosa sobre a vasta quantidade de informa��es sobre as pessoas que est�o sendo coletadas.
"As pessoas ficam felizes com os produtos recomendados, mas come�am a se sentir mais desconfort�veis quando s�o 'cutucadas' ou manipuladas em compras espec�ficas baseadas na caricatura de quem s�o, e n�o na complexidade total de sua personalidade", diz ela.
E ela acrescenta que existem quest�es sociais mais importantes levantadas pelo uso de IA no varejo.
"Precisamos perguntar o qu�o equ�nime e �tica � a coleta de dados. Ent�o, por exemplo, as mulheres brancas de classe m�dia est�o recebendo desconto em verduras frescas, mas isso n�o est� sendo oferecido a algu�m que realmente poderia se beneficiar com isso?" diz Tennison.
"O que realmente precisamos entender � o impacto da coleta de dados e do tipo de perfil feito em diferentes setores da sociedade. � um perfil das pessoas com base em ra�a, status socioecon�mico, sexualidade?"

A gigante online Amazon n�o � estranha � coleta de dados. Ela possui uma vasta quantidade de informa��es sobre os seus clientes, desde as suas compras online e atrav�s dos seus pr�prios produtos que coletam dados, como as campainhas Ring e caixas de som Echo. Agora a Amazon est� fazendo a transi��o do digital para o varejo f�sico, com lojas de verdade repletas de tecnologia de vis�o por computador auxiliada por IA.
Isso significa que em suas lojas Amazon Go, atualmente em funcionamento em 27 locais nos EUA, as pessoas podem fazer compras sem intera��o com um humano ou caixa registradora.
Elas simplesmente passam seus smartphones no scanner quando entram no supermercado, pegam o que querem comprar e saem. A IA est� observando, � claro, e envia uma conta no final.
As primeiras lojas Amazon Go eram locais pequenos, devido ao alto custo dos sensores e equipamentos necess�rios, mas a empresa est� gradualmente se expandindo para lojas maiores.

A Amazon tamb�m est� desenvolvendo tecnologia para supermercados que n�o querem reformar suas lojas com sistemas t�o caros. � aqui que entra o Dash Cart, um carrinho de supermercado repleto de sensores para detectar e agrupar tudo o que voc� coloca nele.
Na loja de Los Angeles onde isso est� sendo testado, existe uma via expressa especial para pagamentos, sem a necessidade de um ser humano supervisionar, � claro.
Outro varejista dos EUA, a Kroger, est� experimentando prateleiras inteligentes equipadas com telas de LCD que exibem conte�do contextualizado projetado para atrair os clientes at� elas. Algumas ofertas exibem conte�do personalizado conectando-se via Bluetooth a aplicativos de fidelidade em telefones.
Mais de tr�s quartos dos grandes varejistas em todo o mundo j� possuem sistemas de IA em funcionamento ou planejam instal�-los antes do final do ano, de acordo com o grupo de pesquisa Gartner.

O analista da empresa, Sandeep Unnim diz que a pandemia global acelerou essa tend�ncia porque mudou drasticamente os h�bitos do consumidor.
"As pessoas entravam em p�nico quando compravam (em meio � pandemia) e se concentram em bens essenciais em vez dos n�o-essenciais, o que por sua vez cria um enorme desequil�brio entre oferta e demanda", diz ele. "Isso significa que vimos as prateleiras ficando vazias e a previs�o de demanda de repente n�o estava funcionando."
A empresa americana Afresh fabrica sistemas de abastecimento baseados em IA para supermercados para ajudar a planejar melhor os n�veis de estoque necess�rios.
O fundador da Afresh, Matt Schwartz, diz que a equipe precisou ensinar os sistemas de IA sobre os principais eventos do calend�rio, como o recente Halloween.
"Historicamente, levar em considera��o coisas como feriados (e outros eventos) tem sido um dos maiores desafios para a IA", diz ele.
"(E) n�o podemos automatizar totalmente, excluindo os humanos. A IA pode oferecer 20 sugest�es de ab�boras para outubro, e os humanos podem ajustar isso se for preciso."
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