
Al�m das quest�es de sa�de, a pandemia tem sido cruel tamb�m com a economia. Com o novo aumento dos casos de COVID-19 em Belo Horizonte, que vem acontecendo do fim de 2020 para c�, a Prefeitura resolveu mais uma vez fechar o com�rcio considerado n�o essencial. No setor automotivo, a decis�o est� impactando diretamente nas empresas, ainda mais em um per�odo do calend�rio t�o comprometido, seja pela normal diminui��o do fluxo de clientes, seja pela previs�o de gastos que geralmente acontecem em janeiro, como o pagamento do IPVA.
De portas fechadas, as revendas de carros est�o amargando os efeitos da pandemia, sem conseguir suprir o rombo que j� acontece h� meses, desde o princ�pio da primeira onda do coronav�rus. Empres�rios do ramo abriram a discuss�o com o Executivo municipal, na tentativa de chegar a alguma solu��o que n�o penalize tanto os neg�cios. Em reuni�o com secret�rios da Prefeitura, demonstraram tudo o que pode justificar uma flexibiliza��o neste caso.
Minas Gerais � um dos principais polos automobil�sticos do pa�s. Est�o instaladas no estado, por exemplo, a Fiat, em Betim, e a Iveco, em Sete Lagoas, na Regi�o Metropolitana de Belo Horizonte. As tr�s principais locadoras de BH respondem por mais de 50% da frota de loca��o do pa�s emplacada. No estado, s�o vendidos em m�dia entre 140 mil a 150 mil carros por m�s, entre seminovos e usados, sendo de 40 mil a 45 mil na capital, o que representa cerca de 1,5 mil ve�culos por dia.
"Se ficarmos 20 dias fechados, intervalo que tem sido especulado para a dura��o dessa medida, s�o 30 mil carros vendidos a menos, s� em Belo Horizonte, durante esse per�odo. Isso pode significar 30 mil pessoas a mais utilizando transportes coletivos. O que � ainda mais grave se considerarmos que, com a pandemia, o carro se transformou em uma barreira sanit�ria", pontua Fl�vio Maia, diretor de Marketing e Planejamento da Associa��o dos Revendedores de Ve�culos de Minas Gerais (ASSOVEMG), entidade representativa do setor de seminovos e usados no estado.
Estar em um carro pr�prio, ele refor�a, � uma maneira de prote��o, j� que � poss�vel ter ci�ncia sobre quem est� ali, se est� infectado ou n�o, com mais controle, o que n�o acontece em �nibus ou ve�culos contratados por aplicativos, em que se tem contato com pessoas desconhecidas. Fl�vio lembra ainda que o transporte coletivo da cidade est� um caos. "Os �nibus est�o entupidos, viraram uma grande fonte de transmiss�o da COVID-19."
Pelo programa Minas Consciente, o governo do estado considera a revenda de autom�veis, usados e seminovos, atividade essencial. "Isso est� inclusive ratificado na delibera��o de n�mero 34 do Comit� Extraordin�rio de Minas Gerais, de 14 de abril de 2020. Mas neste decreto da PBH, a atividade de venda de ve�culos n�o entrou como com�rcio essencial", diz Fl�vio Maia, para efeito de compara��o, j� que a capital n�o integra o programa.

Mais um ponto a considerar � o calend�rio de pagamento do IPVA para os carros em estoque nas revendas. "Janeiro � um per�odo muito dif�cil para os lojistas", diz Fl�vio Maia. Levando em conta as empresas ligadas � ASSOVEMG, s�o 117 lojas com estoque m�dio de 40 carros cada uma. Estimando o valor do imposto a um patamar m�dio de R$ 1,4 mil, a conta chega a R$ 7 milh�es de arrecada��o. "Para a Prefeitura, essa arrecada��o � muito importante, at� mesmo um recurso que pode ser usado para combater a COVID. Mas como vamos pagar, se as portas est�o fechadas?", questiona.
Outro fator que justifica a perman�ncia das revendas de ve�culos em funcionamento, refor�a Fl�vio Maia, � a facilidade em manter o distanciamento, uma das medidas preconizadas para preven��o do coronav�rus. As lojas destinadas a vendas de carros demandam espa�o e assim t�m metragens generosas, geralmente indo de um m�nimo de 500 metros quadrados, chegando muitas vezes a 3 mil metros quadrados.
Com isso, fica f�cil respeitar esse protocolo. "As lojas de carro recebem em m�dia cinco clientes por dia, em um per�odo comercial de funcionamento entre 9 e 10 horas. Isso representa um cliente a cada uma hora, uma hora e meia, em algumas situa��es at� duas horas. O risco de aglomera��o � baixo, algo que n�o existe. N�o faz sentido estar fechado", afirma Fl�vio Maia.
Em of�cio ao prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil, os empres�rios se comprometem ainda a seguir rigorosamente todas as medidas divulgadas pela Organiza��o Mundial da Sa�de (OMS), como disponibiliza��o de �lcool gel em diversos pontos nas lojas, obrigatoriedade do uso de m�scaras, distanciamento entre os postos de trabalho, entre outras.
"A recupera��o do tombo que levamos em 2020 ainda n�o aconteceu. A queda m�dia das vendas entre abril e junho foi de quase 80%. Fechamos o ano no vermelho, mesmo com uma pequena recupera��o em novembro e dezembro. Come�amos 2021 com essa paulada", finaliza.