
Mesmo diante da crise econ�mica causada pela pandemia, o agroneg�cio mineiro conseguiu bons resultados. Dados preliminares do Produto Interno Bruto (PIB) do Agroneg�cio de Minas Gerais de 2020 apresentados pela Funda��o Jo�o Pinheiro (FJP), nesta quinta-feira (22/04), mostram uma varia��o positiva de 11,2% na produ��o - o segundo maior crescimento da �ltima d�cada.
Dessa forma, o valor do PIB passou de R$ 115,6 bilh�es, em 2019, para R$ 150,8 bilh�es, no ano passado. Al�m disso, alcan�ou uma participa��o total de 22,6% do PIB estadual, que antes era de 18%.
Do acr�scimo de R$ 35,2 bilh�es ao PIB do agroneg�cio mineiro em 2020, R$ 18,4 bilh�es foram adicionados ao Valor Adicionado Bruto (VAB) a pre�os b�sicos do n�cleo (setor prim�rio), que passou de R$ 28,9 bilh�es em 2019 para R$ 47,3 bilh�es em 2020. Os demais R$ 16,8 bilh�es foram adicionados �s ind�strias e aos servi�os ligados ao agroneg�cio. No total, o valor produzido passou de R$ 86,7 bilh�es em 2019 para R$ 103,4 bilh�es em 2020.
As atividades que mais contribu�ram para os resultados positivos foram as do n�cleo do agroneg�cio: agricultura (65%), pecu�ria (35% a 65%) e produ��o florestal (5% a 20%). A produ��o f�sica dos produtos do n�cleo foi melhor do que a de outros segmentos.
Segundo o coordenador de Contas Regionais de Minas Gerais na FJP, Raimundo Leal, as produ��es podem bater um recorde em 2020. “Devemos ter um salto em termos hist�ricos. A nossa previs�o � que o Valor Adicionado Bruto (VAB) da agropecu�ria corresponda, em 2020, a 7,1% do total do nosso PIB”.
Al�m disso, atividades como fabrica��o de alimentos, produtos qu�micos derivados do fosfato e de papel e celulose tamb�m demonstraram grande avan�o na produ��o, ao contr�rio da metalurgia, fabrica��o de ve�culos, de m�quinas e equipamentos e de produtos de metal que retrocederam.
Por outro lado, os servi�os de informa��o e comunica��o, atividades imobili�rias, sa�de e educa��o privadas, artes, cultura, esportes e recrea��o e servi�os dom�sticos foram os mais afetados pela crise sanit�ria.
“No caso do n�cleo temos n�meros bem robustos do que aconteceu em 2019 e 2020. Na agropecu�ria o crescimento foi muito maior, em um momento que a economia de Minas estava retraindo. Quando olhamos para o pre�o, projetamos para 2020 um crescimento de 47,1% dos pre�os. � o maior da hist�ria dos pre�os do setor”, disse Raimundo.
O caf� ar�bica (38,3%), a soja (19,2%), o milho (2,5%), a cana-de-a��car (7,4%) e o feij�o (3,3%) registraram expressivos aumentos na colheita de 2020.
“Se juntarmos caf� ar�bica, soja, cana-de-a��car, milho e feij�o, esses cinco produtos isoladamente, em 2019, o valor bruto correspondia a 80% da produ��o de toda a agricultura de Minas Gerais.O desempenho favor�vel em 2020 foi acompanhado por uma evolu��o positiva dos pre�os de v�rios produtos”, explica.
Dos produtos de origem animal, houve uma expans�o da produ��o de leite (3,2%) e uma retra��o do abate de bovinos. “Sobre o abate de bovinos � um movimento natural em um contexto em que a carne bovina e as cabe�as de gado est�o valorizadas e tamb�m da parte dos consumidores”.
Pre�os
Em 2020, a eleva��o dos pre�os internacionais, da taxa de c�mbio e da demanda global pelos produtos prim�rios foi crucial para o salto do PIB do agroneg�cio de Minas Gerais.
O aumento dos pre�os dos produtos agr�colas no ano passado esteve relacionado com a oferta mundial menor e maior demanda de compradores como a China, o que levou ao crescimento das cota��es das commodities em moeda estrangeira e na redu��o da oferta interna. Al�m do mais, contribuiu para que os pre�os dos produtos e insumos do agroneg�cio subissem.
“A evolu��o dos pre�os internacionais foi extremamente favor�vel para as commodities do setor prim�rio. A demanda global nos ajudou, mesmo em um contexto de pandemia. A economia da China sofreu um grande baque no primeiro trimestre de 2020. J� em abril, estava evidente que a economia da China conseguiu recuperar o n�vel de produ��o e continuou crescendo”, esclareceu Raimundo.
“Quando ocorre uma melhoria de troca na economia brasileira, quando o pre�o dos nossos produtos evolui favoravelmente, n�s temos uma valoriza��o da nossa moeda. S� que o ambiente pol�tico e fiscal que n�s temos no Brasil � assustador para os investidores. Por conta disso tivemos fuga de capital e deprecia��o forte da nossa moeda. Tudo isso estimulou de maneira extraordin�ria o nosso agro, que j� teria um ano muito favor�vel em 2020”, completou.
O que esperar em 2021
De acordo com o subsecret�rio da Secretaria de Estado de Agricultura, Pecu�ria e Abastecimento de Minas Gerais (Seapa-MG), Jo�o Albanez, “os n�meros mostram a grandeza do setor em um ano de 2020 que foi um momento completamente novo para a sociedade. Os resultados s�o espetaculares. Aumentamos a produ��o e os pre�os aumentaram. Uma combina��o ideal aqui em Minas”.
“O resultado � fruto de um investimento incr�vel que teve. Hoje o agroneg�cio n�o � s� da ci�ncia, mas tamb�m da tecnologia, da TI. O nosso setor al�m de assegurar o abastecimento ele tamb�m atende a seguran�a alimentar de outros pa�ses”, ressaltou.
Para ele, o cen�rio para o ano de 2021 � bastante favor�vel. “Vamos ter em 2021 um cen�rio muito favor�vel com bons resultados. No valor bruto estimado para 2021 a soja ultrapassou o caf�, que est� com uma produ��o menor. O cen�rio � muito favor�vel para este ano, uma perspectiva positiva e promissora para o crescimento da produ��o em Minas Gerais. vejo um horizonte espetacular. Acredito que a tend�ncia � continuar assim por um longo per�odo”.
O coordenador Raimundo Leal tamb�m exp�s as expectativas para o setor no ano de 2021.
“Come�amos 2021 perplexos com o que estava acontecendo em Manaus, Araraquara, no Brasil todo, por causa da segunda onda. E a especula��o que surgiu � que teremos uma interrup��o forte ou at� maior das atividades do que tivemos no ano passado. Mas os dados de janeiro e fevereiro n�o foram muito pesados. Os dados que chegaram surpreenderam mesmo com o impacto negativo”, disse.
“Houve aparentemente um ganho de produtividade que a gente n�o sabe se veio pra ficar ou n�o. Talvez isso explique porque os primeiros resultados que est�o chegando n�o est�o t�o negativos, ao contr�rio do que imaginamos por conta da pandemia”, concluiu.
*Estgi�rio sob supervis�o da editora-assistente Vera Schmitz