
Diante das dram�ticas consequ�ncias de mais de um ano de isolamento social no emprego e na renda dos brasileiros, milhares de profissionais em Minas Gerais, assim como no pa�s, experimentam novas formas de trabalhar, e se lan�am, com garra e pouco ou nenhum dinheiro, a atividades que nem sequer lembram a carreira escolhida.
O desafio � manter o ganha-p�o, estrat�gia que transforma a casa em local para assumir a sobreviv�ncia por conta pr�pria, sem patr�o ou ajuda financeira de governo.
Repleto de indefini��es na sa�de e na ecoomia, 2021 come�ou com 624 mil pessoas trabalhando de forma remota no estado, segundo os dados mais recentes do Instituto Brasileiro de Geografia e Estat�stica (IBGE) levantados de outubro a dezembro de 2020. No Brasil, s�o 7,3 milh�es nessa condi��o.
''Moro num apartamento de dois quartos, peguei um quarto que era de visita, onde ficavam as roupas e o transformei em loja''
Lorena Nascentes, dona de empresas de eventos
O desafio � manter o ganha-p�o, estrat�gia que transforma a casa em local para assumir a sobreviv�ncia por conta pr�pria, sem patr�o ou ajuda financeira de governo.
Repleto de indefini��es na sa�de e na ecoomia, 2021 come�ou com 624 mil pessoas trabalhando de forma remota no estado, segundo os dados mais recentes do Instituto Brasileiro de Geografia e Estat�stica (IBGE) levantados de outubro a dezembro de 2020. No Brasil, s�o 7,3 milh�es nessa condi��o.

''Fui me reinventando com vendas de chocolates pelo whatsapp''
Karla Aparecida Passos Nascimento, guia de turismo e agente de viagens
Essa parcela da popula��o em Minas representa universo importante de 7,2% de todos aqueles que t�m alguma ocupa��o no estado, refor�ada por gente que se tornou dona do pr�prio neg�cio. Podem ser de pequenos ateli�s de cuidados com beleza, � fabrica��o de bolos e pizzas e a venda de variados produtos.
H� casos em que estoques, a produ��o e o escrit�rio foram levados para o lar, ap�s esses empreendedores terem perdido a capacidade de sustentar um ponto de vendas nas ruas durante longo per�odo da necess�ria quarentena para deter a contamina��o pelo novo coronav�rus. Minas terminou 2020 com aumento de 132 mil trabalhadores por conta pr�pria de outubro a dezembro, na compara��o com o trimestre anterior.
H� casos em que estoques, a produ��o e o escrit�rio foram levados para o lar, ap�s esses empreendedores terem perdido a capacidade de sustentar um ponto de vendas nas ruas durante longo per�odo da necess�ria quarentena para deter a contamina��o pelo novo coronav�rus. Minas terminou 2020 com aumento de 132 mil trabalhadores por conta pr�pria de outubro a dezembro, na compara��o com o trimestre anterior.
As hist�rias desses trabalhadores que est�o entre os mais afetados pelos efeitos da pandemia, o atraso na vacina��o e a falta de medidas efetivas para contrabalan�ar os efeitos das restri��es sanit�rias sobre a economia ser�o contadas em s�rie de reportagens que o Estado de Minas come�a hoje.
Captados na pesquisa do IBGE, Minas tem 2,331 milh�es de pessoas atuando por conta pr�pria, o que inclui aqueles com CNPJ,e, portanto, prote��o legal, e os informais. Todo esse grupo significa 25,1% da popula��o ocupada no estado.
� o maior percentual para o quarto trimestre de todos os anos do hist�rico de levantamentos do IBGE, realizados desde 2012, ou seja, h� nove anos, dentro da Pesquisa Nacional por Amostra de Domic�lios (Pnad) Cont�nua.
Captados na pesquisa do IBGE, Minas tem 2,331 milh�es de pessoas atuando por conta pr�pria, o que inclui aqueles com CNPJ,e, portanto, prote��o legal, e os informais. Todo esse grupo significa 25,1% da popula��o ocupada no estado.
� o maior percentual para o quarto trimestre de todos os anos do hist�rico de levantamentos do IBGE, realizados desde 2012, ou seja, h� nove anos, dentro da Pesquisa Nacional por Amostra de Domic�lios (Pnad) Cont�nua.
A batalha de quem trabalha por conta e risco e dos empregados sem carteira, outro grupo que cresceu – 6,6% – no fim de 2020, � o que explica a recupera��o recente das vagas no mercado de trabalho, segundo o coordenador da Pnad Cont�nua em Minas, Gustavo Fontes.
“Se essas pessoas est�o conseguindo se inserir de alguma forma no mercado de trabalho, e obter renda, � importante para a economia”, afirma. O estado tem 1,082 milh�o de empregados sem carteira.
“Se essas pessoas est�o conseguindo se inserir de alguma forma no mercado de trabalho, e obter renda, � importante para a economia”, afirma. O estado tem 1,082 milh�o de empregados sem carteira.
Os efeitos da pandemia escancararam as dificuldades para os pequenos neg�cios estabelecidos em lojas e outros endere�os comerciais, que j� costumam trabalhar com estrutura de capital abalada, como observa Felipe Brand�o, gerente da Unidade de Intelig�ncia Empresarial do Sebrae Minas.
“A cultura empreendedora brasileira ajuda bastante, mas mesmo com resili�ncia e a capacidade de se virar, os desafios est�o maiores”, destaca. Isso explica as quedas de 40% do n�mero de pequenos neg�cios abertos em mar�o no estado, frente a janeiro �ltimo e de 24% na compara��o com mar�o do ano passado.
“A cultura empreendedora brasileira ajuda bastante, mas mesmo com resili�ncia e a capacidade de se virar, os desafios est�o maiores”, destaca. Isso explica as quedas de 40% do n�mero de pequenos neg�cios abertos em mar�o no estado, frente a janeiro �ltimo e de 24% na compara��o com mar�o do ano passado.
Os dados do IBGE confirmam, de fato, que apenas um quarto dos trabalhadores por conta pr�pria em Minas tinham CNPJ no �ltimo trimestre de 2020. Felipe Brand�o, do Sebrae, lembra que diversos empreendedores fecharam as portas por n�o suportarem os efeitos das medidas de isolamento social, e levaram a estrutura do neg�cio para trabalhar dentro de casa at� que possam ter o ponto de vendas novamente.
Houve quem reduziu o porte do empreendimento, passou a fazer vendas pela internet e de porta a porta, al�m de empreendores do ramo de alimenta��o que deixaram lojas para fazer alimentos congelados em casa com as mercadorias que estavam estocadas.
Houve quem reduziu o porte do empreendimento, passou a fazer vendas pela internet e de porta a porta, al�m de empreendores do ramo de alimenta��o que deixaram lojas para fazer alimentos congelados em casa com as mercadorias que estavam estocadas.
� luta
As �reas de cuidados com a beleza, vendas de roupas e acess�rios e de alimenta��o t�m sido embat�veis na prefer�ncia de quem deseja viver sem patr�o, de acordo com o Sebrae Minas. Essa demanda pode ter se acentuado durante a pandemia, uma vez que a explica��o para o sucesso desses segmentos na procura por um neg�cio pr�prio est� ligada a investimentos iniciais baixos, em geral, nessas atividades.
A transforma��o do trabalho, para Lorena Nascentes, de 31 anos, foi maior. Dona de duas empresas do setor de eventos, ela n�o teve mais contratos a atender, com a chegada da quarentena, e se viu obrigada a demitir 17 funcion�rios. Buscando alternativa, em conversa com uma amiga, decidiu trabalhar com a venda de objetos de decora��o e utens�lios para o lar, criando a loja virtual Lar Sem Neura.
“Foi no meio dessa locura de pandemia que eu resolvi empreender e arriscar. Moro num apartamento de dois quartos, peguei um quarto que era de visita, onde ficavam as roupas e o transformei em loja”, conta Lorena Nascentes.
Prateleiras na parede do quarto foram usadas para abrigar o estoque de produtos e a casa virou o ponto de atendimento. A empreendedora j� obt�m do novo neg�cio o pr�prio sustento e vem investindo na qualifica��o para a venda de produtos, um mundo novo para ela, que se especializou na presta��o de servi�os.
Prateleiras na parede do quarto foram usadas para abrigar o estoque de produtos e a casa virou o ponto de atendimento. A empreendedora j� obt�m do novo neg�cio o pr�prio sustento e vem investindo na qualifica��o para a venda de produtos, um mundo novo para ela, que se especializou na presta��o de servi�os.
Mudar de �rea de atua��o profissional foi tamb�m a solu��o encontrada por Karla Aparecida Passos Nascimento, de 37. Guia de turismo e agente de viagens h� 13 anos, ela enfrentou o fechamento do setor por longo tempo desde o primeiro caso de contamina��o pelo coronav�rus no Brasil. Para vencer a dificuldade com o profundo corte na renda familiar, se refez como revendedora de chocolates.
“Sem o turismo, caiu mais de 98% o meu faturamento. Ano passado, minha amiga encomendou ovo de P�scoa comigo e a partir daquela venda comecei a focar num novo empreendimento e deu certo. Fui me reinventando com vendas de chocolates pelo whatsapp”, diz. Karla criou o @espacokarlapassos e tem bancado o sustento da fam�lia de oito pessoas.
Futuro de incertezas
Ainda � cedo para prever como o emprego e a renda dos trabalhadores por conta pr�pria v�o se comportar neste ano, quando mais uma vez o Brasil enfrenta dificuldades para a recupera��o da economia. “Depender� de como a economia reagir em 2021. O mercado de trabalho est� associado ao desempenho da economia e tudo o que contribuir para a retomada das atividades econ�micas ser� importante”, afirma Gustavo Fontes, coordenador em Minas da Pnad Cont�nua, do IBGE.
Os dados do instituto relativos ao primeiro trimestre em Minas Gerais ser�o divulgados em 27 de maio. Do ponto de vista dos vencimentos, o rendimento m�dio real (descontada a infla��o) das pessoas ocupadas no estado era de R$ 2.172 mensais no trimestre de outubro a dezembro de 2020, representando diminui��o de 0,9% na compara��o com os tr�s meses anteriores. Quando analisada a estat�stica para o Brasil, observa-se que a renda m�dia real dos trabalhadores por conta pr�pria, de R$ 1.802 mensais, fica abaixo da m�dia nacional de R$ 2.507 ao m�s, tamb�m apurada de outubro a dezembro de 2020.
Pesquisa do Sebrae identificou redu��o da confian�a dos pequenos neg�cios em Minas. O �ndice Sebrae de Confian�a dos Pequenos Neg�cios (ISCON) caiu 17 pontos em mar�o frente a fevereiro, em levantamento feito junto a 1.330 empreendedores entre os dias 6 e 15 do m�s passado. “Os pequenos neg�cios dependem da circula��o de pessoas e de dinheiro.
Se a economia fica adormecida por tempo demais, a necessidade de energia que voc� precisa para reativ�-la � muito maior”, diz Felipe Brand�o, gerente da Unidade de Intelig�ncia Empresarial do Sebrae Minas.
De um lado, a institui��o esperava melhora do consumo neste segundo trimestre, mas, de outro, o que preocupa � a falta de pol�ticas p�blicas voltadas para aux�lio aos empreendedores. H� um sinal positivo, destacado por Felipe Brand�o, no in�cio das discuss�es no Congresso sobre ajuda financeira �s empresas afetadas pelos efeitos da pandemia de COVID-19.