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Estado de Minas Reportagem especial

Gerado na pandemia: Reinven��o, da m�sica ao design de unhas

Com toda a agenda de shows cancelada devido � pandemia, l�der de banda de forr� em Montes Claros se transforma em profissional de beleza


25/04/2021 04:00 - atualizado 26/04/2021 07:44

O músico e agora designer de unhas Maycon de Andrade conquistou clientes fiéis, que reconheceram habilidades aprendidas em curso ministrado pela noiva, Danny Castro, num momento de paralisação do setor de eventos (foto: Luiz Ribeiro/EM/D.A Press)
O m�sico e agora designer de unhas Maycon de Andrade conquistou clientes fi�is, que reconheceram habilidades aprendidas em curso ministrado pela noiva, Danny Castro, num momento de paralisa��o do setor de eventos (foto: Luiz Ribeiro/EM/D.A Press)

Profissional de uma das �reas mais afetadas pelo distanciamento social necess�rio para conter a dissemina��o da COVID-19, a de entretenimento , o m�sico Maycon Nogueira de Abreu, de 36 anos, se refez no trabalho, confirmando a inventividade reconhecida dos brasileiros que ganham a vida conduzindo suas atividades por conta pr�pria e driblam, muitas vezes, seguidas crises na economia.

Maycon de Andrade com a noiva Danny Castro(foto: Luiz Ribeiro/EM/D.A Press)
Maycon de Andrade com a noiva Danny Castro (foto: Luiz Ribeiro/EM/D.A Press)


A chegada da pandemia foi como se o mundo desabasse, para Maycon de Abreu, diante do cancelamento de toda a agenda de shows. Sem dinheiro, ele n�o somente aprendeu outro of�cio, como rompeu o preconceito e o machismo para se tornar designer de unhas.



A Associa��o Brasileira de Promotores de Eventos (Abrape) divulgou estimativa de preju�zos de R$ 90 bilh�es do setor desde o in�cio da pandemia. De acordo com levantamento da entidade, 24 mil empresas encerraram atividades em todo o pa�s, demitindo 450 mil trabalhadores.

M�sico h� 16 anos em Montes Claros, no Norte de Minas Gerais, Maycon de Abreu atuava na banda “Cacau com Rapadura”, em 2019, quando junto com o irm�o, o tecladista Max Leandro, decidiu montar o pr�prio grupo, a banda de forr� “Balada Milion�ria”. O sucesso n�o demorou a surgir e shows em festas populares foram contratados em diversas cidades da regi�o.
 
O l�der do grupo musical fez planos e contatos para comprar um �nibus plotado com o nome do grupo, como viu artistas famosos fazerem. Contudo, em mar�o de 2020, a “Balada Milion�ria”, que al�m dos espet�culos contratados tinha a perspectiva de acertar outras apresenta��es, viu a pandemia suspender as festas e eventos. A agenda foi cancelada. De uma hora para outra, o sonho da compra do �nibus desapareceu. O dinheiro tamb�m.
 
“Tivemos que interromper tudo. Um dia olhei para um lado e para outro e n�o tinha como fazer mais nada”, relata o m�sico, que se transformou num reinventor da vida profissional. Passados poucos meses da pandemia, percebendo as dificuldades, a noiva dele, Danny Castro, de 27, prop�s ao m�sico que frequentasse um curso para forma��o de designer de unha em gel, ministrado por ela, que j� era profissional da �rea. O m�sico n�o pensou duas vezes em enfrentar o desafio.

A capacita��o durou dois dias. Maycon de Abreu aprendeu o novo of�cio, que, na pr�tica, consiste no alongamento das unhas, que tamb�m s�o pintadas com esmaltes de cores variadas e ornadas por material decorativo. O m�sico conta que, a princ�pio, achou “um pouco estranho” o novo trabalho e percebeu que encontraria resist�ncia entre clientes  acostumadas com a delicadeza do atendimento feminino. “Achei que elas poderiam achar que a minha m�o fosse pesada”.

Confian�a


O novo trabalho de Maycon de Abreu como designer de unhas se desenvolveu dia ap�s dia e a efici�ncia foi reconhecida entre a clientela. “Hoje, algumas clientes pedem para fazer (alongar) unha comigo. Elas adquiriram confian�a no meu trabalho”, assegura o designer.

“Tive que me ressignificar. N�o tinha outra fonte de renda a n�o ser a banda de forr�”, afirma Maycon, lembrando situa��es do dia a dia que n�o podem esperar, como o pagamento do aluguel e a pr�pria sobreviv�ncia. Ele e a noiva precisam bancar as despesas do filho do casal, Nicolas Nogueira Castro, de 2 anos.
 
O m�sico tamb�m precisou transformar o ritmo de trabalho. Em cima do palco, o seu mote era o embalo acelerado do forr�. Na arte do design de unha em gel, a paci�ncia � o que vale mais. O atendimento de cada cliente demora duas horas. “O trabalho exige paci�ncia, t�cnica e dedica��o”, enfatiza.
 
Danny Castro afirma que ao refor�ar a divulga��o do neg�cio e, com a chegada do novo profissional, o pr�prio noivo, a clientela aumentou. Com isso, o casal mudou-se para outro im�vel alugado, bem mais espa�oso, uma casa de dois pavimentos. O espa�o de atendimento foi estruturado no segundo pavimento e o casal mora no t�rreo.
 
A atividade gera bom rendimento, segundo a designer de unhas. O alongamento de unhas com a t�cnica do gel custa R$ 140 e o atendimento para manuten��o do servi�o � feito por R$ 80. O casal atende seis clientes por dia. Os hor�rios s�o agendados por sistema on-line, iniciando �s 10h. A �ltima cliente do dia � atendida �s 18h, hora mais concorrida.

Maycon de Abreu destaca ainda as vantagens do trabalho em casa. “A gente deixa de sair para a rua e n�o exp�e ao v�rus (coronav�rus). Al�m disso, quando termina o trabalho, descemos do segundo pavimento, j� estamos em casa, com tranquilidade”, afirma.

Um 'tapa' na cara do machismo


Acostumado �s filmagens, presentes durante a carreira de m�sico, Maycon de Abreu divulga os servi�os de designer de unhas nas redes sociais, se apresentando com o apelido de “ vaqueiro das unhas”, refer�ncia ao trabalho da banda de forr� que montou com o irm�o tamb�m m�sico. Al�m do desafio de encarar a nova atividade, teve de vencer o preconceito e o machismo para atuar como profissional de beleza.
 
“Algumas me criticaram, dizendo que design de unha em gel � servi�o de mulher. Mas, entendo que a pessoa que pensa assim � gente de mente pequena, que cria barreira. Tanto o homem como a mulher podem fazer qualquer servi�o. N�o h� essa separa��o”, afirma.
 
Por outro lado, ele revela que recebeu apoio nas redes sociais, por dar exemplo e provar que n�o existe divis�o de g�nero no trabalho. “Muitas pessoas me deram os parab�ns e falaram que eu dei um tapa na cara do machismo e mostrei que que outros homens tamb�m podem seguir essa profiss�o. N�o � um servi�o s� de mulher”, conta.
 
Maycon de Abreu come�ou a trabalhar como designer de unha em gel h� cerca de oito meses, em setembro de 2020. A decis�o de atuar com a noiva tem garantido o sustento durante a pandemia e promoveu mudan�a tamb�m na vida do casal. Ele passaram a morar juntos em janeiro passado.
 
Hoje, o m�sico est� convencido de que superou as dificuldades impostas pela pandemia. “Eu me sinto realizado. Esse trabalho � uma coisa que agrega muito pra mim. Ali�s, qualquer profiss�o que a gente aprende, seja de pedreiro; seja de t�cnico em eletr�nica, agrega na nossa vida”, assegura.
 
A despeito da pouca experi�ncia no novo trabalho, Maycon de Abreu decidiu abra�ar a nova profiss�o. “Depois que essa pandemia passar, vou continuar fazendo os meus shows bonitinho – e tem muita gente esperando a pandemia passar. Mas, nas horas em que eu n�o estiver fazendo shows, estarei atendendo minhas clientes do mesmo jeito”, anuncia.

Luta


A m�xima de que no momento de dificuldade � que as pessoas precisam lutar mais e mostrar esfor�o se aplica � noiva de Maycon, Danny Castro. Ela atua com designer de unhas em gel h� tr�s anos e at� mar�o do ano passado,trabalhavana garagem da casa da m�e em Montes Claros.”Eu atendia as clientes numa mesa e cadeira velhas”, descreve.

Com o inicio da pandemia, relata Danny, a m�e dela resolveu alugar a casa e se isolar na zona rural. Danny teve que alugar um outro im�vel para morar e trabalhar na cidade. “Transformei a sala da casa no meu espa�o de atendimento”, diz. Com o fechamento de muitos sal�es de beleza, desde o ano passado, ela se aproveitou da oportunidade e ampliou a divulga��o do servi�o nas redes sociais. (LR)

As li��es que Maycon Nogueira de Abreu, m�sico, 36 anos, aprendeu


  • “Tivemos de cancelar tudo. Um dia olhei para um lado e para outro e n�o tinha como fazer mais nada”

  • “Tive que me ressignificar. N�o tinha outra fonte de renda a n�o ser a banda de forr�”

  • “Tanto o homem como a mulher podem fazer qualquer servi�o. N�o h� essa separa��o”


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